opinião

PROTAGONISTA NO ESCÂNDALO DE CABEDELO: 'Roberto Santiago é o Marcelo Odebrecht da Paraíba' - Por Adriana Bezerra

"Roteirizou e atuou – com sua carruagem importada – os capítulos mais tensos da narrativa criminosa de Leto Viana e sua gangue"

Quem convive com Roberto Santiago diz que ele é um homem trabalhador.

Do tipo que não resiste a um prego e um martelo.

O empresário mais famoso e bem sucedido da cidade gosta de colocar a mão na massa.

De várias texturas e calibres – segundo nos revela, em denúncia formal, o Ministério Público da Paraíba.

A mão do “Mago do shopping” parece ter poderes miraculosos, também, sobre parte da mídia.

A transforma numa massa rala, sem consistência.

E com disposição zero para dar forma e tons às “obras” pouco republicanas que Roberto Santiago tem criado nos bastidores da política.

Burilada e transformada em matéria etérea, essa parcela dos fazedores de notícias produz na cobertura da Operação Xeque-mate um fenômeno vergonhoso:

Transforma, em sujeito oculto, o personagem principal de um dos esquemas de corrupção mais vorazes já descortinados pela polícia do Estado.

Mencionado de relance. Tratado com deferências e salamaleques.

O nome daquele que não se pode nomear parece queimar em nossas bocas.

Pronunciamos rápido. Comendo algumas letras, pulando vogais.

Ignorando solenemente o teor da denúncia do MP, que revela – com todas as consoantes – a participação maiúscula de Roberto Santiago no esquema que sugou o sangue e a medula óssea do povo de Cabedelo.

Diferente do que nos sugere a cobertura jornalística, ele não foi um figurante desse enredo.

O Marcelo Odebrecht made in Paraíba não se encaixa nem mesmo no papel de coadjuvante.

Roberto Santiago é protagonista.

Roteirizou e atuou – com sua carruagem importada – os capítulos mais tensos da narrativa criminosa de Leto Viana e sua gangue.

Comprando seu mandato. Apoiando seus desmandos. Colhendo o engavetamento de projetos que rivalizariam com suas empresas.

A Paraíba, que o acolheu e o fez enriquecer, não merecia tanta vilania.

Assim como não merece a canastrice de uma parcela graúda da imprensa que só sabe chutar cachorro morto.

E se encolhe com o rangido dos leões.

Fonte: Adriana Bezerra
Créditos: Adriana Bezerra