O procurador da força-tarefa da Lava Jato Deltan Dallagnol pediu passagem e hospedagem no parque aquático Beach Park para ele, a mulher e os dois filhos como condição para dar palestra sobre combate à corrupção na Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), em julho de 2017. Ele teria cobrado também cachê.
Dallagnol discutiu o assunto em um diálogo, obtido pelo site The Intercept Brasil e divulgado pelo jornal Folha de S.Paulo. “Posso pegar [a data de] 20/7 e condicionar ao pagamento de hotel e de passagens para todos nós”, disse Dallagnol em conversa com uma mulher. O conteúdo das mensagens foi revelado pela coluna Mônica Bergamo, nesta terça-feira (16).
Um mês depois, o procurador fez propaganda da Fiec para convencer o então juiz Sergio Moro a aceitar convite da entidade. “Eu pedi para pagarem passagens para mim e família e estadia no Beach Park. As crianças adoraram”, pontuou o procurador. “Além disso, eles pagaram um valor significativo, perto de uns 30k [R$ 30 mil]. Fica para você avaliar”, assinalou em seguida.
Na conversa com Moro, Dallagnol festejou ainda o fato de não ter sofrido punição de órgãos de fiscalização por dar palestras. “Não sei se você viu, mas as duas corregedorias — [do] MPF [Ministério Público Federal] e [do] CNMP [Conselho Nacional do Ministério Público] — arquivaram os questionamentos sobre minhas palestras dizendo que são plenamente regulares”, salientou.
Uma reunião entre a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, e Dallagnol, deverá acontecer nesta terça-feira. Na pauta, estarão as conversas vazadas recentemente pelo site The Intercept Brasil que mostram o membro do MPF e Moro supostamente combinando ações da Lava Jato, incluindo troca de fases da operação e até formação da equipe que interrogaria o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em uma audiência.
Verba para publicidade
Em outros vazamentos, Dallagnol pediu dinheiro à 13ª Vara Federal de Curitiba para fazer campanha publicitária. Em 16 de janeiro de 2016, o procurador enviou uma mensagem ao então juiz Sergio Moro, titular da 13ª Vara Federal, e hoje ministro da Justiça e Segurança Pública questionando a possibilidade.
O procurador encaminha o roteiro da peça junto com o orçamento para caso Moro “queira olhar”. “Avalie de modo absolutamente livre e se achar que pode, de qualquer modo, arranhar a imagem da lava jato, de alguma forma, nem nós queremos”, completa. O na época juiz responde, segundo o novo vazamento: “Se for uns 38 mil, acho que é possível”.
Em nota, a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba diz não reconhecer as mensagens atribuída aos integrantes nas últimas semanas e que não houve direcionamento de recursos da 13ª Vara Federal para campanhas ou ato relacionados às medidas contra corrupção.
Fonte: Metrópoles
Créditos: Polêmica Paraíba