Indicado ao Detran-DF desiste do cargo e diz reconhecer parte das 50 multas
Antônio Fúcio desistiu do cargo na tarde deste sábado (3), diante do desgaste de ter, além de um histórico de 50 multas, processo contra o órgão que iria dirigir
Mariana Laboissière , Almiro Marcos
Em entrevista ao Correio, antes de desistir do cargo, Fúcio reconheceu apenas parte das infrações. As causas das multas são variadas, como excesso de velocidade. Ele explicou que a confusão teria acontecido porque não atualizou o endereço de um veículo emplacado em Goiânia. Dessa forma, as infrações foram enviadas para Goiás, enquanto ele residia em Brasília. A transferência de endereço de veículo é obrigatória, conforme o Código de Trânsito Brasileiro.
Desde a campanha, Rollemberg pregou que nomearia apenas técnicos para áreas que assim exigissem. Mas acabou indicando para o Detran um nome sem conhecimento específico. Durante agenda oficial, ontem, o socialista chegou a garantir que a indicação seria mantida, mas ressaltou que Fúcio seria “tratado como um cidadão comum”.
Antônio Fúcio é primeiro-secretário do PSB-DF, ao qual se filiou em 1998. Ele desconversou que a indicação teria sido política. “O PSB nunca me indicou para cargo algum”, sustentou. Na carreira, trabalhou na Companhia de Planejamento do DF (Codeplan); na assessoria especial da Casa Civil da Presidência no governo Lula (PT); e foi secretário adjunto de administração do governo Dilma Rousseff (PT). Por último, ocupou a função de auditor-geral da Empresa Brasileira de Comunicação.
Servidores do Detran ficaram descontentes com a escolha e ameaçaram até greve caso ele não fosse substituído. “O fato é gravíssimo, pois precisamos de pessoas que entendam os problemas do Detran. Ele tem de dar exemplo”, frisou o presidente da Federação Nacional dos Sindicatos dos Detrans, Eider Marcos Almeida.
Três perguntas para Antônio Fúcio de Mendonça Neto
As infrações foram mesmo cometidas em 2006?
As multas são referentes a 2005, 2006 e 2007, pelo que sei. Meu carro era de Goiânia e, nessa época, não havia um sistema de integração interestadual relativo às multas. Quando houve a interligação nacional do sistema, o Detran nacional imprimiu todas as multas de uma vez. Umas tinham razão de ser e outras não. Tanto é que, em segunda instância, algumas eu ganhei. Não nego que fiz multas. Paguei todas e, hoje, quem me deve é o Detran. Não fui atrás para receber os valores.
Caso o senhor tivesse feito a mudança de endereço no Detran, acredita que o problema aconteceria?
Eu não mudei o endereço. O carro continuou vinculado ao endereço antigo, de Formosa (GO). Mas acredito que teria ocorrido o problema mesmo assim. Isso porque eles emitiram todas de uma vez só e algumas vieram erradas. Para a maioria, já tinha passado o tempo de recorrer. Como não consegui sucesso no Detran, procurei a Justiça.
O fato de não ser técnico da área poderia atrapalhar?
Fui convidado por Rollemberg porque a meta dele é desburocratizar o serviço do órgão. Convivo com ele há 18 anos. Não era o meu desejo, mas me senti honrado com o convite. A ideia do governador, por exemplo, é dar celeridade aos processos. Hoje, as pessoas esperam durante um bom tempo para resolver alguns serviços. E eu tenho larga experiência na administração pública. Ele queria um gestor e, além disso, quebrar aquela questão corporativa dentro do Detran.