A educação pública do município de Areia, no Brejo paraibano pede socorro. Buscando encontrar saídas, para a grave situação em que se encontra a rede de educação do município, foi realizada uma audiência pública, nesta segunda-feira (26), na Câmara de Vereadores do Município. Apesar de convidados, o prefeito João Francisco (PSDB) e a secretária municipal de educação, não compareceram e nem enviaram representantes para a audiência, evidenciando a falta de diálogo do governo com a comunidade e com os representantes do poder legislativo, que lamentaram a falta de compromisso do gestor com mães, alunos, professores e a sociedade presente na audiência.
Entre as pautas levantadas estavam: críticas à decisão da Prefeitura Municipal de fechar treze escolas na zona rural, sem comunicação, sem oficialização e sem debater o ato com a comunidade; péssimas condições do transporte escolar, falta de diálogo da gestão do prefeito João Francisco com a população, dentre outros temas.
O presidente da Câmara, Edvaldo Vigilante, lamentou a ausência do prefeito, da secretária de Educação e afirmou que eles fugiram do debate com o povo. “É lamentável que neste momento que o povo vem para uma audiência pública buscar respostas, não encontre quem deveria responder. A secretária fugiu do debate, o prefeito deu marcha ré, mas, nós que somos fiscalizadores, vigilantes do povo, não vamos nos calar, não vamos cruzar os braços. Estamos com as mães, com os alunos, com os professores e queremos a reabertura das escolas com as adequações necessárias”, disse Edvaldo.
Na ocasião, o presidente apresentou voto de repúdio para os que foram convidados e não compareceram a audiência pública sem justificativa e confirmou que a CPI da Educação em Areia já conta com sete votos e será instalada.
O vice-presidente do Sintab, Giovanni Freire, criticou a falta de diálogo da gestão e principalmente do prefeito. “Essa cidade não foi dividida entre partidos políticos e sim entre ideias. O senhor do engenho e pessoas que o senhor do engenho acha que é dono. Quem é dono de engenho pensa que crianças, mães e pais, não são pessoas, são coisas. Coisificar as pessoas faz isso, endurece o coração e endurece a consciência. Talvez consigamos sensibilizar o gestor, mas acho muito difícil, talvez ele tenha impregnado na sua personalidade de que ele está tomando conta do seu engenho e que a escola vai continuar fechada porque é capricho de um menino que teve tudo na vida”, pontuou o representante do Sintab.
Uma das representantes do grupo de mães destacou a importância de se manter as escolas do campo, que hoje no município praticamente não existem mais. Ela disse que o prefeito deveria dar mais importância a necessidade de manter as Escolas no Campo e com uma Educação de fato do campo que ajude a criança o jovem a manter sua identidade camponesa. “Nós queremos o direito de viver e estudar no campo”, disse.
A vereadora Ana Paula explicou que além do fechamento das escolas, a situação do transporte escolar do município de Areia é preocupante. Ela adiantou que vai protocolar no Ministério Público uma denúncia sobre o caso.
“Apenas dois ônibus dos catorze investigados estão aptos para rodar, mas a Prefeitura continua com todos os veículos trafegando normalmente, o que é preocupante. Ônibus sem freios continuar a transportar estudantes é prever que uma tragédia está próxima de acontecer”, falou a parlamentar.
Ana Paula também denunciou que uma das escolas fechadas foi doada a uma cachaçaria para servir de dormitório aos funcionários.
Os demais vereadores também falaram em defesa da reabertura das escolas e repudiaram a ausência do prefeito, da secretária e de representantes da gestão.
Janaína Azevedo, presidente da Associação dos Educadores do Município de Areia, ASSEMA, lamentou a postura da secretária de Educação do Município, Sandra Medeiros e do prefeito, pois ao usarem meios de comunicação informam que “querem diálogo”, porém no momento de dialogar não apareceram. “Estamos, enquanto categoria, desde janeiro de 2017 participando de reuniões, sempre provocadas por nós, com a gestão, das quais saímos sem conseguir qualquer negociação, seja qual fosse a pauta. Em depoimento no encontro das mães no pátio da Escola Emília Maracajá com delegada, MPA, Levante Popular, Assema e Sintab, mães relataram que o prefeito foi uma única vez para informar que ia fechar a escola e que, se alguém tivesse insatisfeito, colocasse o filho numa escola particular”, disse Janaína.
Por fim, o promotor Newton Chagas fez uma grave denúncia, ele informou que uma vistoria feita nos 14 veículos da frota da prefeitura, reprovou 12 veículos por apresentarem diversos problemas que vão desde motorista sem habilitação até a ausência de freios. “Já notifiquei o prefeito João Francisco pedindo explicação para sanar os problemas, mas ele não me respondeu. Diante disso, enviei outro ofício e o gestor me encaminhou os laudos que eu já tinha. Reenviei o ofício e dando o prazo de 72 h para que o prefeito prove que os problemas na frota estejam sendo sanados, mas até esta data nada chegou ao meu gabinete”, disse o promotor.
Newton Chagas disse durante a audiência pública que já notificou a Companhia da Polícia Militar de Areia para apreender os veículos que estejam irregulares, passando as placas dos mesmos. “A PM já foi avisada e pode recolher todo o veículo da Prefeitura que estejam com problemas. O Detran também já foi comunicado. Estamos na eminência de uma tragédia. Transportar estudantes nesses ônibus é um risco de vida”, lamentou.
A audiência pública foi proposta e organizada pelo presidente da Câmara, Edvaldo Vigilante, e teve a participação dos vereadores: Ana Paula (PSB), Nelma Carneiro (PSC), Vanilda (PSL), Edvaldo Vigilante (PSD), Júnior da Xerox (PTC), DR. Eduardo (PRB), Duca de Jussara (PCdoB) e Dinha de Cícero Cassimiro. Presentes também estiveram representantes do Sindicato dos Trabalhadores Públicos Municipais do Agreste e da Borborema (Sintab), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), a Associação dos Educadores do Município de Areia (Assema), representante do Conselho Tutelar, assessoria do deputado federal Luiz Couto, promotor de justiça Newton Chagas, representantes do Conselho Municipal de Educação, mães de alunos, professores e a sociedade areiense.
Todos os depoimentos e denúncias apresentadas serão oficializados em documento da Câmara Municipal que será encaminhado ao Ministério Público e ao judiciário.
Fonte: Portal do Litoral PB
Créditos: Portal do Litoral PB