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Por Lula e liderança da oposição, Haddad intensifica viagens pelo país

A primeira etapa desta agenda começa hoje, com uma viagem de três dias pela região Sul, batizada pelo PT como "Caravana Lula Livre com Haddad".

O ex-ministro Fernando Haddad (PT), segundo colocado nas eleições presidenciais de 2018, dá início neste fim de semana a uma rotina mais intensa de viagens pelo país. A agenda tem como mote a defesa da liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o combate a propostas do governo de Jair Bolsonaro (PSL), como a atual proposta de reforma da Previdência.

As viagens também têm como objetivo, segundo petistas ouvidos pelo UOL, consolidar Haddad como a principal liderança da oposição a Bolsonaro, investindo no capital político conquistado na última eleição –o candidato teve 47 milhões de votos no segundo turno. Ciro Gomes (PDT), terceiro no pleito presidencial (13 milhões de votos), busca o mesmo posto.

Segundo Ricardo Musse, professor do departamento de sociologia da USP (Universidade de São Paulo), Haddad e Ciro não apresentam muitas diferenças em termos de propostas, mas têm estratégias “totalmente opostas” no momento.

“Fernando Haddad procura se cacifar como uma espécie de herdeiro do lulismo. Ciro, por sua vez, busca o ‘caminho do meio’, uma trilha que ainda terá que ser construída, entre o petismo e o antipetismo”, diz.

Duas viagens por mês

A primeira etapa desta agenda começa hoje, com uma viagem de três dias pela região Sul, batizada pelo PT como “Caravana Lula Livre com Haddad”. O ex-ministro vai passar por Porto Alegre, Florianópolis e Curitiba, onde o ex-presidente está preso. Haddad chegará à capital paranaense no dia 7, quando Lula completa um ano de prisão.

Para Musse, “as caravanas sinalizam que Fernando Haddad e o PT consideram Lula como o nome que aglutina e fortalece a oposição ao governo Bolsonaro”.

“Haddad pode vir a se beneficiar desse movimento, caso seja escolhido novamente por Lula como seu representante na eleição de 2022”, afirma o professor, que acompanha o PT desde sua fundação.

As caravanas pelo Brasil são uma marca da vida política de Lula. Nos meses que antecederam a sua prisão, o ex-presidente passou pelas regiões Nordeste, Sudeste e Sul, quase sempre de ônibus, em viagens que dificilmente duravam menos de uma semana.

As de Haddad, que divide a atividade política com a de professor universitário, deverão ser mais curtas. Ele já tem duas caravanas confirmadas para maio, cada uma com duração de dois dias. Os destinos ainda não foram decididos, mas estão sendo estudadas idas ao Rio de Janeiro e à região Norte.

“Vamos fazer as caravanas alternando as regiões, duas por mês, dois a três estados por vez”, disse o vice-presidente nacional do PT, Márcio Macedo.

Segundo Macedo, o objetivo das caravanas é conversar com a população “sobre a injustiça da prisão do Lula” e a conjuntura do país, com o combate à reforma da Previdência proposta pelo governo de Bolsonaro e a defesa de direitos trabalhistas e da “soberania nacional”.

O PT considera que Lula é alvo de uma perseguição política conduzida por meio do Poder Judiciário. O ex-presidente cumpre uma pena de 12 anos e um mês depois de ter sido condenado em segunda instância no caso do tríplex, da Operação Lava Jato, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Sua defesa afirma que não há provas dos delitos.

Articulação na esquerda

Para Renato Simões, da Executiva Nacional do PT, o partido considera importante que a defesa de “bandeiras democráticas contra um governo autoritário” seja ampliada para setores além da esquerda, e Haddad é quem deve atuar nesta frente.

Integrante da equipe que elaborou o plano de governo da campanha de Haddad, Simões avalia que o ex-ministro “dialoga com uma base de esquerda e democrática que votou nele no segundo turno” e mesmo com setores que apoiaram Bolsonaro, mas estão insatisfeitos com os rumos do governo.

Na semana passada, Haddad e Guilherme Boulos (PSOL) articularam um encontro de lideranças de esquerda com o objetivo de unir o campo. Além dos dois, participaram o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB); Ricardo Coutinho (PSB), ex-governador da Paraíba; e Sônia Guajajara, que dividiu com Boulos a chapa do PSOL na última eleição presidencial. O PDT de Ciro Gomes não participou.

Além das viagens pelo Brasil e das conversas com a esquerda nacional, Haddad também deve retomar as idas ao exterior, dando continuidade aos trabalhos para formar a frente mundial de esquerda idealizada pelo senador americano Bernie Sanders e pelo ex-ministro grego Yanis Varoufakis. Os próximos destinos devem ser Inglaterra e Alemanha. Depois da eleição, ele já visitou os EUA, Espanha, Portugal e Uruguai.

Fonte: UOL
Créditos: UOL