Como tinha esperança de que tu encamparias nossas demandas históricas: luta em favor dos esgualepados, dos excluídos, dos sem-nada, enfim, dos escarrados pelo sistema que tanto combatemos.
Como esperava que tu limitasses a dor daqueles violentados em cárceres animalescos – para onde cada vez mais humanos são destinados como consequência de tua contribuição judicante.
Esperava, no mínimo, que teu cristianismo se fizesse presente em teu olhar penal na tentativa de redução de danos.
Jamais sonhei que tu poderias ficar iludido como os ingênuos que acreditam ser possível salvar-a-vida-com-a-morte: jogando cada vez pessoas ao sofrimento gótico prisional!
Fachin não esperava isso de ti, de ti não! Sim, de outros até esperava porque sempre foram liberalóides primatas, amantes de discurso fácil e pueril.
De ti não Fachin, não de ti! Jamais de ti! Tivemos grandes companheiros de jornada, de sonhos, radicais humanistas: eles me marcaram, como esperava que eles também te contaminassem para sempre, até supremamente…
Tenho certeza que para ti nada significa minha decepção contigo, sequer lerás esse desabafo. Mas, quero gritar que se eu me decepcionei é porque te admirava muito e torci por ti.
Hoje Fachin não tomaria chimarrão contigo – mesmo porque não estaremos mais um do lado do outro: estamos, no campo dos sonhos, um-contra-o-outro.
“Quanta decepção, Fachin!”
Fonte: Amilton Bueno de Carvalho
Créditos: Amilton Bueno de Carvalho