Mais do que os números diretos dos candidatos, as duas pesquisas nacionais de intenção de voto divulgadas nesta segunda – FSB-BTGPactual e Ipespe-XP –, vistas com uma lupa, ou seja, lida em detalhes, têm muitos elementos para balançar a confiança do presidente Jair Bolsonaro e sua equipe de campanha.
Os contratantes são duas instituições financeiras profundamente interessadas em captar a direção dos ventos eleitorais, não apenas para se posicionar, mas, sobretudo, para oferecer aos seus clientes informações qualificadas sobra a conjuntura política brasileira.
Nessa perspectiva, os relatórios das pesquisas não apresentam somente números. Existem comentários e análises sobre a avaliação de temas que podem definir a disputa eleitoral. A grande expectativa de todo mundo se concentrava no impacto do pacote de bondades do governo (Auxílio Brasil de R$600,00, voucher para caminhoneiros de R$1.000,00 e redução dos preços de combustíveis, entre outros).
As duas pesquisas constatam que as medidas ainda não mudaram em nada o ânimo e a opção dos eleitores, o que, certamente, vai causar preocupações nos estrategistas de Bolsonaro.
Conforme o levantamento da FSB-PTGPactual, 88% dos eleitores ficaram sabendo ao aumento do Auxílio Brasil para R$600,00, 77% dizem aprovar a medida, 54% das pessoas já sentiram a redução do preço dos combustíveis na bomba, o pessimismo com a inflação caiu 24 pontos percentuais em dois meses, mas Bolsonaro ainda não capitaliza votos com as medidas.
Existem, no relatório da pesquisa, comentários de diretores do instituto sobre essa questão. O primeiro é do diretor do instituto FSB, André Jácomo. Diz ele: “A redução dos impostos incidentes sobre os combustíveis é a medida de controle da inflação que atinge perfis mais heterogêneos. Mas, embora parte da opinião pública reconheça no Governo Federal a assinatura da medida, a conversão em novos eleitores para Bolsonaro ainda não ocorreu. A explicação para isso pode estar na rejeição do presidente, que se mantém alta e estável”.
O sócio-diretor do FSB Pesquisa, Marcelo Tokarski, escreve o seguinte sobre as medidas eleitorais do governo: “O pacote de medidas socioeconômicas, que incluía a redução no preço dos combustíveis e o incremento dos benefícios sociais, ainda não trouxe ganhos para o presidente candidato. Talvez porque a ampla maioria do eleitorado entenda que essas medidas são temporárias”.
Em sua avaliação sobre a mais nova pesquisa Ipespe-XP, o cientista político Antônio Lavareda, registra que, no Brasil, a avaliação de presidentes, governadores e prefeitos costuma melhorar no período junho/julho, fruto do aumento dos gastos em publicidade e inaugurações da fase anterior às proibições eleitorais. Ele observa que a gestão Bolsonaro foi reforçada pelo aumento do pacote de medidas socais aprovas pelo Congresso. Observa, contudo, que esses fatos alimentaram uma expectativa ascensional mais vigorosa na curva de aprovação do governo, mas a pesquisa não confirmou. Ou seja, não o eleitor não se apresenta volúvel.
Resta ao presidente Bolsonaro e equipe transferirem a expectativa de mudança de cenário negativo em razão do pacote de medidas para o próximo mês, quando os benefícios estiverem sendo pagos. Todavia, as próprias pesquisam apontam um obstáculo de difícil remoção: a bipolarização da disputa. Os dois líderes concentram 70% do voto espontâneo. Lula aparece com 40% e Bolsonaro com 30%. Com a radicalização cada vez mais intensa, pouco se muda.
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Josival Pereira