Seis em cada dez brasileiros (61%) não apoiariam o candidato a presidente que prometa privatizar a Petrobras. Da mesma forma, 57% dos entrevistados não apoiariam candidato que defenda a liquidação do sistema de Previdência Social. É o que mostra uma pesquisa da Ipsos Public Affairs. Geraldo Alckmin defendeu enfaticamente por duas vezes a privatização da Petrobras e a reforma da Previdência. Ele foi mais adiante e chegou a declarar que o ideal seria “privatizar tudo”.
Em 7 de fevereiro último, o candidato do PSDB afirmou: “Muitos setores da Petrobras devem ser privatizados. Inúmeras áreas que não são o ‘core’, o centro objetivo da empresa, tudo isso pode ser privatizado. Se tivermos um bom marco regulatório, até pode, no futuro, privatizar tudo” (aqui). Depois, em 26 de fevereiro, numa entrevista à TV Bandeirantes, insistiu: “Eu sou favorável [à privatização da Petrobras], o que precisa discutir é a modelagem”. Depois, certamente em função de pesquisas similares à da Ipsos, acabou recuando. Em relação à reforma da Previdência, o tucano não apenas apoia o projeto contra as aposentadorias como, na qualidade de presidente de seu partido, prometeu punições aos parlamentares que votassem contra a reforma, em dezembro passado (aqui).
Segundo a pesquisa Ipsos, divulgada obtido pelo jornal Valor Econômico, 21% dos eleitores é favorável ao candidato que apoie a privatização da Petrobras e os demais não sabem ou não responderam (18%). A pesquisa ouviu 1,2 mil pessoas de 16 anos ou mais de idade, em 72 municípios, entre os dias 1º e 16 de maio, antes da greve dos caminhoneiros provocar desabastecimento de produtos no país. A amostra da pesquisa é representativa da população brasileira e margem de erro é de três pontos percentuais.
“Mesmo se fosse realizada após a greve, o resultado não seria diferente. O brasileiro vê a Petrobras como um ícone do país, de sua identidade nacional. E acha que o problema da companhia está mais ligado a uma questão de gestão e corrupção do que ao fato de ser um estatal”, disse Danilo Cersosimo, diretor da Ipsos Public Affairs.
A pesquisa identificou uma posição bastante parecida sobre a privatização do Banco do Brasil (BB). A maior parcela dos entrevistados (62%) declarou que não apoiaria um candidato que prometesse privatizar a instituição financeira. Somente 21% seriam favoráveis e 28% não souberam ou não responderam. Nem Alckmin ousou defender a privatização do banco até agora.
Essa posição contrária à privatização é mais marcada na população com ensino superior: 67% não apoiariam um candidato que prometesse privatizar a Petrobras, por exemplo. A rejeição é maior entre entrevistados da região Nordeste (70%) e igualmente distribuída pelas classes sociais e rendas familiares.
Os candidatos que defenderem a reforma da previdência também tendem a perder apoio: 57% dos entrevistados não apoiariam o candidato que prometesse a reforma. Somente um em cada cinco eleitores (28%) apoiariam. Neste caso, a reforma é percebida mais positivamente entre eleitores com ensino superior (43% a favor).
Apesar da posição contrária às privatizações das estatais e à reforma da previdência, a maioria dos entrevistados (68%) ficaria a favor do candidato que prometesse a redução dos gastos públicos. Essa aparente contradição sobre o papel do Estado seria explicada, segundo Cersosimo, pela percepção de que o gasto público é de má qualidade.
A pesquisa mostrou ainda que 71% da população está disposta a apoiar o candidato que se posicionar a favor do fim do foro privilegiado no país – somente 15% não apoiariam e 14% não souberam responder. Dos 1,2 mil entrevistados, 65% mostram-se favoráveis também à reforma política, mas a pesquisa não especificou para qual modelo. Neste caso, 21% não apoiariam.
Fonte: Brasil 247
Créditos: Brasil 247