Ciro Gomes com tendência de crescimento

PESQUISA DATAFOLHA: COMEÇA A SE CONSOLIDAR VOTO ANTI-BOLSONARO - Por Flávio Lúcio

A primeira constatação da pesquisa: Lula continua imbatível. Fica à frente de todos os candidatos no primeiro turno e, no segundo, vence-os por larga margem, sobretudo contra Bolsonaro: 49% a 32%, uma margem que, considerada a margem de erro, pode superar os 20 pontos


A não ser pela inclusão de Lula em meio às opções e o desempenho de Ciro, que já atinge os 11%, a pesquisa Datafolha publicada ontem (10) traz resultados bem distintos da pesquisa DataPoder divulgada semana passada.

A primeira constatação da pesquisa: Lula continua imbatível. Fica à frente de todos os candidatos no primeiro turno e, no segundo, vence-os por larga margem, sobretudo contra Bolsonaro: 49% a 32%, uma margem que, considerada a margem de erro, pode superar os 20 pontos. E é necessário sempre repetir: isso sem campanha, com Lula preso e, portanto, sem poder se dirigir diretamente ao eleitorado.

Segundo, a pesquisa reafirma, a pouco mais de dois meses do início oficial da campanha, o vazio político e de expectativas que a ausência da candidatura de Lula representa para a eleição. Sem ele entre os candidatos, o número dos que dizem não saber em quem votar chega a 40%!

O que por si só mostra o acerto do PT em manter a candidatura de Lula, porque evita a dispersão desses eleitores para as outras candidaturas, sobretudo a de Bolsonaro. Enquanto isso, o tempo, ou seja, o interesse pela eleição, e a informação sobre o significado da candidatura do ex-capitão, expulso do Exército, entre outras coisas, por planejar ato terrorista.

O grande problema, porém, continua sendo o potencial dos possíveis substitutos de Lula. Fernando Haddad e Jacques Wagner, ambos com 1% na pesquisa, o que se explica pelo baixo conhecimento de ambos e sobre ser eles os possíveis substitutos de Lula. E essa é a grande dúvida a respeito da estratégia do PT: se a manutenção da candidatura de Lula impede a dispersão do seu eleitorado, também impede o crescimento dos seus possíveis substitutos, fazendo-os depender exclusivamente da transferência de votos num período muito curto de campanha (provavelmente, um mês).

Mesmo assim, quando confrontado (no caso de Haddad) com Bolsonaro em um dos cenários de segundo turno, o ex-prefeito São Paulo já chega aos 27%, apenas 9 pontos atrás do ex-militar, o que mostra condições de Haddad (ou Jacques Wagner) vencerem Bolsonaro no segundo turno.

Aliás, a situação de Bolsonaro não é nada alvissareira quando se analisa suas chances de vitória, demonstrando que o voto anti-Bolsonaro tende a ser o fator determinante dessa eleição.

No primeiro turno, segundo a pesquisa Datafolha, a candidatura de Bolsonaro ainda se mantém abaixo do patamar de 20%, crescendo dentro da margem de erro de 17% para 19% quando Lula sai da disputa. Ou seja, Bolsonaro continua sem incorporar novos eleitores, cenário que se mantém há meses.

A pesquisa divulgada ontem confirma a hipótese que venho defendendo: a de que Bolsonaro, em razão do seu discurso desagredador e carregado de ódio, tende a mobilizar uma ampla frente eleitoral contra ele. A situação de ex-capitão é tão desanimadora quando se trata de expectativas de vitória no segundo turno que o único candidato que ele (ainda) vence é Fernando Haddad, novamente por ainda ser desconhecido. Bolsonaro chega mesmo a empatar até com Geraldo Alckmin (33 a 33), o desprezado candidato tucano, mas já é derrotado por Ciro Gomes (36 a 34) e Marina Silva (42 a 32).

No caso de Ciro Gomes, a pesquisa Datafolha confirma a tendência de crescimento do cearense quanto mais seu nome é visto como alternativa à candidatura de Lula, com a vantagem de não mobilizar contra ele o voto anti-petista. No segundo turno, Ciro vence Haddad (48 a 19) e já ultrapassa Alckmin (32 a 31.

Por fim, é bom ficar atento à candidatura de Marina Silva. Fingindo-se de morta, Marina navega sob as águas do recall adquirido pelas duas últimas candidaturas à presidência. Ela pode se tornar a candidata do empresariado e do mercado financeiro. Com o desempenho atual, pode chegar ao segundo turno e enfrentar Jair Bolsonaro, deixando os candidatos da esquerda fora da disputa.

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Flávio Lúcio