A hipótese de reeleição do mandatário não é tratada como uma certeza nem na cúpula do PL nem na do PP, que também negociou intensamente uma eventual entrada de Bolsonaro.Dirigentes de ambas as siglas reconhecem que o pleito de 2022 em nada se assemelha ao de 2018 e que, hoje, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está com vantagem eleitoral.
Nem mesmo a criação e o aumento no valor pago hoje do Bolsa Família para o tíquete do Auxílio Brasil, cuja parcela será de R$ 400, são vistos como capazes de alavancar Bolsonaro nas pesquisas.
Um sintoma desse pragmatismo é o fato de que Valdemar Costa Neto, presidente do PL, indicou que pode liberar parte dos diretórios a apoiar quem quiser na eleição presidencial —razão pela qual Bolsonaro decidiu repensar a filiação e cancelar o evento que estava marcado para o dia 22.
Na sexta-feira (12), o PL publicou uma nota oficial no site do partido na qual afirma que o presidente do diretório em Pernambuco terá plena autonomia para conduzir a escolha de “nomes que constarão na chapa de candidatos majoritários e proporcionais”.
Mesmo fazendo oposição ao governo de Paulo Câmara (PSB), o PL buscou se afastar de Bolsonaro, segundo fontes no estado, por causa da rejeição ao seu nome em Pernambuco.
O cenário faz parte da estratégia eleitoral montada pelo PL, cujo objetivo é fortalecer bancadas na Câmara e no Senado e se posicionar em 2023 como uma força política incontornável —independentemente de quem ocupe o Palácio do Planalto.
O pragmatismo dos partidos do centrão, hoje com Bolsonaro, não vem de agora e é o que garante sua sobrevivência política. O PP e o PL apoiaram governos do PSDB, do PT e do MDB.
Como exemplo, o líder na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), já ocupou o mesmo cargo no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), e foi vice-líder nas gestões de Lula e Dilma Rousseff (PT). No governo de Michel Temer (MDB), Barros foi ministro da Saúde.
Assim, o plano do PL para a Câmara em 2022 é aumentar o número de deputados eleitos tendo Bolsonaro como o grande puxador de votos. Hoje, o partido tem 43 congressistas na Casa —a terceira maior bancada.