A “não política” como forma de fazer política é um fenômeno contemporâneo e reflete aversão ou descrença na política tradicional e nas instituições convencionais. A “não política” como técnica de fazer política utiliza-se do espetáculo como principal ferramenta de influência a partir da utilização de táticas e estratégias que evitam o debate substantivo sobre políticas públicas, em favor de gestos simbólicos, declarações controversas e eventos midiáticos.
A “bancada do selfie” é formada por aqueles que nem sabem qual assunto está sendo discutido, já que o mais importante é polemizar, gravar e se auto fotografar.
As lideranças transformaram-se em figuras midiáticas, cujo interesse é entreter e chocar por meio de espetáculos coreografados e discursos inflamados com manipulação de crises para desviar a análise crítica de ações ou políticas concretas.
Não articulam, não promovem o debate de qualidade, não se dão conta das aflições que a sociedade está passando com riscos de desastres ambientais, da voracidade das Big Techs em destruir o emprego e os direitos civilizatórios conquistados ao cabo de muita obstinação.
Para quem conhece ou que teve o privilégio de vivenciar trajetórias como a de Miguel Arraes, Leonel Brizola, Jucelino Kubitschek, José Sarney, João Goulart, Flávio Dino, entre outr@s, vê-se diante de uma anomalia inimaginável, beirando o imponderável por essas terras.
Quanto mais simplista, rasteiro e polarizado melhor.