pleito 2020

OS ‘NANICOS’ DA ESQUERDA: Sem apoio e visibilidade, partidos pequenos lutam por destaque na disputa pela PMJP; Veja diferenciais

A reportagem do Polêmica Paraíba conversou com os quatros nomes da esquerda na Capital paraibana

Os pleitos municipais estão se aproximando e os partidos já se articularam sobre como conduzirão suas estratégias políticas para se destacarem na eleição 2020. A reportagem do Polêmica Paraíba conversou com os quatros nomes da esquerda na Capital paraibana. Os representantes dos partidos considerados pequenos, sem visibilidade e grupo expressivo de apoio, deixaram seus recados para os eleitores pessoenses.

PSTU

O Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) terá a professora Rama Dantas como pré-candidata à Prefeitura de João Pessoa em 2020. Ela é professora da rede pública de João Pessoa, negra e militante do partido, dos movimentos sociais e ativista do movimento sindical há bastante tempo.

“Para o PSTU, as eleições de 2020 serão muito difíceis, pois ocorrem em plena pandemia o que nos impõe uma nova dinâmica, sem aglomerações. Uso do palanque digital. Somos excluídos do programa eleitoral gratuito. O que é muito antidemocrático. Usaremos as redes sociais para divulgar nossas propostas”.

Em relação ao financiamento do PSTU em João Pessoa, ela afirmou que o partido não recebe o fundo partidário. “Na verdade o fundo, serve para financiar partidos e políticos corruptos. Em nossa opinião essa verba deveria ser destinada ao combate ao Covid-19. Somos financiados por nossos filiados e simpatizantes”.

Perguntada sobre como é disputar a eleição com os ‘partidos grandes’, Rama explicou que, “não existe pé de igualdade entre os partidos, a medida em que o tempo não é para todos, se fosse democrático todos os candidatos teriam direito de falar igual. Todos teriam acesso aos programas eleitorais”.

Propostas PSTU

Vamos defender nesta eleição uma proposta socialista, que vai de encontro às necessidades dos trabalhadores. Uma João Pessoa que urbaniza suas favelas e ocupações, com água, condições sanitárias, escolas públicas de qualidade.  Uma João Pessoa mais funcional aos trabalhadores, onde haja condições de locomoção pública, onde as escolas e centros de saúde pública estejam mais próximos dos que delas necessitam. As cidades do futuro são aquelas que privilegiam que as pessoas se desloquem o menos possível. Que as pessoas moram perto de seus empregos, e que tenham estrutura para viver melhor. Isso é qualidade de vida. Todos têm direito a água, luz, segurança, saúde e educação.

PSOL

O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) lançou o nome de Pablo Honorato como pré-candidato à Prefeitura de João Pessoa nas eleições municipais de 2020. Ele é advogado e servidor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

De acordo com Pablo, o objetivo do partido é oferecer uma alternativa popular para a direção da cidade de João Pessoa. “Temos sofrido bastante diante da incompetência dos políticos que até aqui se desdobraram em conchavos entre famílias endinheiradas que se alternam no poder, sem nenhum compromisso popular. Construímos um programa de forma popular democrática e participativa, queremos alcançar vitórias para colocá-lo em prática e transforma a vida das pessoas”.

Sobre como o partido busca verba necessária para disputar a eleição, Pablo afirmou que, “diferente dos partidos da direita local, nós não recebemos financiamento de grandes empresas para a campanha, o que é uma forma de manter a imparcialidade administrativa e o compromisso social de uma futura gestão, em caso de aprovação pelo voto popular. O PSOL sempre acreditou no financiamento por parte de seus/suas filiados/as e das pessoas que acreditam no projeto de sociedade, mas além disso, depois de superar a cláusula de barreira”.

Pablo ressaltou ainda que essa é a primeira eleição que o PSOL receberá recursos provenientes do Fundo Eleitoral.

“Será distribuído com prioridade e em percentual maior para candidatos negros, mulheres e membros da população LGBTQIA+. É verdade que, com menos recursos financeiros, a campanha política não se faz em patamares de igualdade, sobretudo quando se consideram as estratégias marqueteiras que envolvem os candidatos da direita.”

Propostas PSOL

O nosso diferencial são nossas propostas, que são essencialmente focadas num projeto que tem em mente a igualdade social e a participação popular. O PSOL defende um projeto habitacional mais includente, uma mobilidade urbana mais acessível a quem é obrigado a viver longe dos serviços, o respeito ao meio ambiente como parte do projeto de sociedade, educação e saúde para todos e a cultura como um vetor do desenvolvimento social e econômico. O nosso diferencial é justamente o respeito com que tratamos esses valores sociais. Nosso projeto traz os trabalhadores e os marginalizados pro centro do debate político. Além de buscar governar a cidade, nossa participação também tem um caráter pedagógico, de modo que, ao nosso ver, investir em grandes estratégias de publicidade é a forma de que se serve a direita brasileira para maquiar a triste exclusão social que ela tem a oferecer.

REDE SUSTENTABILIDADE

De acordo com as informações colhidas pela reportagem do Polêmica Paraíba, o partido Rede Sustentabilidade lançou um processo seletivo para escolher um nome para a disputa nas eleições 2020 em João Pessoa. Após quatro meses de processo, a legenda escolheu o advogado e procurador do Estado, Carlos Monteiro como pré-candidato a prefeito da Capital paraibana.

Carlos Monteiro falou sobre os desafios do pleito municipal de 2020. “Com a pandemia da Covid-19, com uma enorme crise de emprego e renda na nossa Capital, os inúmeros descasos na saúde na cidade, inclusive com gestores públicos envolvidos em escândalos nos escassos recursos da saúde (pelo país), em contas reprovadas de ex-gestores e outros envolvidos em  operações policiais, temos um grande desafio na eleição de João Pessoa. Reverter o descrédito da sociedade em esperança na política como instrumento para concretizar de verdade várias políticas públicas.  A maior expectativa é resgatar a participação popular na presente eleição. Nosso povo tem histórico de fazer a distinção entre gestores inovadores com gestores da mesmice.”

Em relação ao financiamento do partido em João Pessoa, Carlos afirmou que, “conforme normas estatutárias, temos a contribuição mensal dos filiados. Também temos um fundo solidário com doações de pessoas físicas simpatizantes dos princípios, regras e valores da Rede Sustentabilidade.  Finalmente, recebemos os recursos do fundo eleitoral”.

Para o pré-candidato não há igualdade para a disputa nesta eleição. “Aprendemos desde cedo que proporcionar tratamento isonômico requer tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais.  O Supremo Tribunal Federal proibiu a doação de recursos de pessoas jurídicas para as campanhas eleitorais.  Entretanto, a hegemonia dos poderes econômicos e políticos encontra-se bem articulada e presente na eleição de 2020. A estrutura governamental vem contribuindo com determinadas pré-candidaturas. Inúmeros pré-candidatos exercem ou exerceram mandatos eletivos e outros tiveram por um bom tempo em exposição na mídia.  Não há nenhuma igualdade na presente eleição”.

Atualmente o Rede é representado no Estado da Paraíba pelo deputado Chió.

Propostas REDE

Tudo na minha vida, com uma enorme fé em Deus, vem da dedicação, muitos estudos e de muito trabalho que começou no Mercado Público de Patos.  Fui escolhido dentro de um processo seletivo inédito no Brasil.   Venho da sociedade civil.  Isso já é totalmente diferente, com todo o respeito, em relação às outras pré-candidaturas.  Não estamos ingressando neste pleito por ser da família de políticos ou de gestores.  Nem precisamos da anuência de donos de partidos. NA Rede Sustentabilidade – João Pessoa, através de Edital, abriu à sociedade pessoense uma seleção pública para receber inscrições de interessados no “procura-se um(a) prefeito (a) para João Pessoa”. Nunca fui filiado a partido político, entretanto, diante de meu histórico de militância em instâncias da sociedade civil organizada e também como procurador de Estado e Advogado fiz a minha inscrição e depois de 4 meses com cursos, propostas, certidões negativas e sabatina por uma comissão julgadora, fui escolhido como pré-candidato no último de 08 de julho. Sou patoense e cheguei em João Pessoa com 15 anos de idade para estudar no IFPB e morar na Casa do Estudante na Rua da Areia. Aprendi desde cedo o valor da democracia participativa, a importância de incentivar o crescimento das pessoas e o valor da educação como instrumento de transformação da vida de um filho de um motorista de ônibus e de uma mãe vendedora de sopa no Mercado Público.  Amo João Pessoa e sempre foi uma cidade acolhedora. Sou servidor público há 28 anos e tenho 22 anos como procurador de Estado. Tenho como missão constitucional zelar pelo patrimônio público e defendê-lo para servir bem à sociedade. Levar esses valores para a Gestão Pública Municipal e defender uma João Pessoa integrada e verdadeiramente humana.  Como servidor público, sendo eleito, continuarei me dedicando ao patrimônio público, às políticas públicas dentro da lei, recebendo o salário de procurador e não de prefeito, continuarei zelando pelo dinheiro público, o serviço público eficiente, moral, justo e indultor de centenas e milhares de empregos e renda na cidade. Afinal, nos últimos 30 anos, os partidos e seus pré-candidatos que se apresentam na eleição de 2020, tiveram governando João Pessoa e não conseguiram integrar a cidade, diminuir a desigualdade social, proteger o nosso meio ambiente e modernizar a administração pública municipal, a exemplo, da composição do quadro de servidores. Hoje 2/3 dos servidores de João Pessoa são temporários. 

UNIDADE POPULAR

O Unidade Popular (UP) tem o jornalista e militante Rafael Freire como pré-candidato a prefeito de João Pessoa. De acordo com Rafael, a expectativa para o pleito de 2020 é ótima.

“Teremos várias oportunidades para apresentar ao conjunto da população nosso projeto de socialismo para o Brasil e nosso Programa de Governo para transformar nossa cidade. João Pessoa não pode servir aos interesses do monopólio das empresas de ônibus e da construção civil, pois o resultado disso é ônibus lotado e passagem cara, é manter cerca de 30 mil famílias sem casa para morar. Também não podemos ficar reféns de um banco internacional por 40 anos, como quer a atual gestão, a partir de uma dívida pública monstruosa encoberta pelo bonito nome de “Programa João Pessoa Sustentável”.

Questionado sobre como o partido se mantêm financeiramente, ele afirmou que, “o partido é financiado exclusivamente por seus filiados e simpatizantes, com o detalhe de que todos são trabalhadores, estudantes, desempregados. Não aceitamos filiações de capitalistas nem de latifundiários. E, nestas eleições, teremos direito a apenas 2% do total do Fundo Eleitoral para financiar especificamente as campanhas eleitorais”.

Segundo Rafael, o UP não está e nem que estar em pé de igualdade com os chamados partidos grandes. “Estes partidos são, essencialmente, partidos da burguesia, das oligarquias locais, dos corruptos que agem em benefício próprio. Disso daí podemos tirar duas conclusões. A primeira é que estes partidos são muito ricos, então é uma disputa desigual, que reflete exatamente o que ocorre na sociedade. A segunda conclusão é que estes partidos são constituídos apenas para defender os interesses das famílias tradicionais, ou seja, de meia dúzia de pessoas. Neste sentido, são minúsculos”.

Rafael reiterou ainda que o Unidade Popular é formado exclusivamente por gente do povo, trabalhadores, estudantes, mulheres conscientes e combativas. “Foi por isso que recolhemos mais de 1,2 milhão de assinaturas para conquistar nosso registro eleitoral no TSE, em apenas dois anos”.

Propostas UP

A nossa posição é de propagar a unidade popular da melhor forma possível. Vamos nos sobressair na campanha porque falamos a língua do povo, porque defendemos o fim do sistema capitalista, o poder popular e o socialismo. Também seremos os mais ferrenhos críticos do presidente, que promove o caos e a chacina no Brasil para safar sua família das maracutaias e crimes que cometem diariamente.

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba