POR LEONARDO ATTUCH
Na fantasia criada por determinados grupos de comunicação, Michel Temer seria o personagem ideal para colocar a economia brasileira de volta nos trilhos. Faria o ajuste fiscal, recuperaria a credibilidade do País, atrairia investidores e, numa nova onda de otimismo, levaria o setor empresarial a voltar a contratar.
No entanto, desde a posse de Temer, há quase cinco meses, todos os indicadores econômicos, sem exceção, vêm se deteriorando. A começar pela questão fiscal, que foi o pretexto para a derrubada de Dilma Rousseff. Em agosto, a arrecadação de impostos federais caiu 10%, em termos reais. Os motivos: a recessão imposta pela dupla Henrique Meirelles e Ilan Goldfajn e a relutância do governo em abraçar soluções que já teriam contribuído para equilibrar as contas, como a volta da CPMF.
Do ponto de vista dos investimentos, o cenário é de terra arrasada. De um lado, a PEC 241 praticamente reduz a zero o espaço para investimentos públicos no orçamento federal. As concessões privadas ainda engatinham diante do fato de que os principais investidores, as empresas de construção e os fundos de pensão, foram atingidos por operações policiais. E no mercado de consumo, onde há excesso de capacidade ociosa, quem há de investir numa economia que encolhe a cada mês?
Para piorar o cenário, com sua legitimidade permanentemente contestada, Temer não tem o chamado physique du rôle para fazer as tais reformas previdenciária e trabalhista. Como esperar que um presidente, visto como ilegítimo por grande parte da população, tenha capacidade para mudar a CLT e ampliar a idade de aposentadoria. O próprio Temer, na visita que fez aos Estados Unidos, admitiu que o Brasil só terá equilíbrio fiscal daqui a três anos – ou seja, depois do seu mandato.
Se Temer não fará nada do que dele se esperava, a questão é: quem poderá fazer? Agora, é, portanto, o momento de deixar os preconceitos de lado e fazer a seguinte questão: quando foi que o Brasil teve credibilidade lá fora, emprego aqui dentro e equilíbrio fiscal? A resposta é simples: na era Lula.
Créditos: revista Nordeste