Recentemente, o ex-prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues (PSD), potencial candidato ao governo do estado no próximo ano pela oposição, deu uma declaração que até agora tem gerado discussão no grupo oposicionista. Na oportunidade, Romero disse que não rejeitaria o apoio caso um partido de esquerda manifestasse interesse em sua candidatura.
“Se tiver um partido de esquerda que manifeste apoio a uma pretensão nossa, eu vou rejeitar? Eu aceitarei na hora”, disse em entrevista.
A declaração dividiu o grupo de oposição na Paraíba, entre os mais radicais, que desejam que o candidato ao governo se lance como o “candidato de Bolsonaro” e aqueles que defendem uma ampliação de frentes para a disputa estadual.
A ala bolsonarista da oposição, por exemplo, repudiou de forma veemente a declaração. Para eles, o candidato do grupo não pode se lançar com alianças da esquerda, principalmente do PT, e sim buscar a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
É o caso do líder da oposição na Assembleia Legislativa da Paraíba (ALBP), o deputado Cabo Gilberto (PSL). Ao Polêmica Paraíba, o Cabo disse que respeita a fala de Romero, mas afirmou que caso esse seja o desejo do ex-prefeito, a candidatura não terá o seu apoio.
“Nós respeitamos as declarações do ex-prefeito de Campina Grande, que está no grupo da oposição […]. Mas o que eu sempre digo é, mais importante do que nomes, é a união do grupo político, a união dos partidos que fazem oposição. Temos que ter posição clara”, disse.
“Eu entendo que política tem que ter lado, e o nosso lado é esse, em defesa ao presidente da república que está fazendo um excelente governo. O nosso lado é dos conservadores natos. Eu não tenho espaço para dialogar com a esquerda, com o PT ou PSOL, por exemplo, para fazer parte da nossa chapa. Se por ventura ele colocar um candidato do PT na chapa majoritária, eu estou fora, totalmente”, finalizou.
Outro exemplo dessa corrente é o presidente estadual do PTB na Paraíba, Nilvan Ferreira. Também defensor da reeleição do presidente Bolsonaro no próximo ano, Nilvan repudiou a fala de Romero, e disse que ele e o PTB não subirão no mesmo palanque que o PT e a esquerda.
Na semana passada, após live com o ministro da Saúde, o paraibano Marcelo Queiroga, Nilvan disse, sem citar Romero, que não faz “acordo com todo mundo” para se eleger.
“Essa semana eu fui muito firme na minha posição em relação ao grupo da oposição da Paraíba, que quer tentar discutir com o PT e com a esquerda um palanque aqui na Paraíba. Eu não subo em palanque onde esteja a esquerda e o PT”, falou.
“Então eu acho que a gente não pode vender a alma ao ‘diabo’ para se eleger, não faço acordo com todo mundo para me eleger”, finalizou.
Ala defende ampliação da base
Já uma outra parte do grupo oposicionista defende a tese de Romero de ampliação de bases para a candidatura ao governo estadual. Para eles, a campanha estadual não pode ser influenciada pela nacional.
Também ao Polêmica Paraíba, o deputado federal em exercício Leonardo Gadelha (PSC) se disse um “ardoroso defensor” da fala do ex-prefeito, defendeu que a política não pode ser segregacionista e que o debate local não pode ser nacionalizado.
“Sou um ardoroso defensor da fala de Romero por duas razões. A primeira é conceitual e filosófica: a política é, por natureza, uma atividade gregária. A gente não pode segregar ninguém […]. Acho que Romero tem essa característica, é uma marca dele, um homem de diálogo, então não haveria motivo para romper tudo que ele fez”, disse.
“Mas eu vou além. O segundo aspecto que eu defendo é que a gente não pode nacionalizar o debate. A campanha na Paraíba tem que ser focada nos problemas do nosso estado, que não são poucos”, continuou, afirmando que a Paraíba precisa ter um canal permanente de diálogo com “quem quer que seja o presidente”.
Outro que partilha da mesma opinião é o deputado federal Ruy Carneiro (PSDB). Em entrevista ao Arapuan Verdade, da Rádio Arapuan, na última semana, Ruy disse que o palanque da oposição não deve ser exclusivo de Bolsonaro.
Para ele, é mais benéfico para o grupo ter o palanque local unido em um único candidato, hoje Romero, mas que a nível nacional, precisa estar aberto e não vinculado ao atual presidente.
“Palanque da oposição é o palanque da diversidade, onde todos têm que se sentir bem acolhidos. Se você é da oposição e seu partido tem um candidato a presidente, é legítimo que você trabalhe para o candidato da oposição e no seu candidato a presidente, sem exclusões”, falou.
“Não podemos constranger aliados por uma eleição nacional. Tenha certeza que assim será o palanque da oposição”, continuou.
Fato é que essas quatro vozes estiveram presentes na primeira reunião do grupo de oposição, realizada em junho deste ano, que pré-selecionou Romero Rodrigues como o mais indicado a representar o grupo nas eleições. Se naquele momento todos pareciam unidos, hoje a situação está bastante dividida e longe de estar definida.
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba