Carlos Chagas
O Senado decidiu votar emenda constitucional que obriga todo presidente da República a indicar um jurista, no máximo em 90 dias, para qualquer vaga aberta de ministro do Supremo Tribunal Federal. Trata-se de uma reação mais do que necessária à estranha delonga da presidente Dilma em ver preenchido o lugar de Joaquim Barbosa, aposentado em julho do ano passado. Os protestos do Supremo são conhecidos há muito, pois funcionando com dez e não com onze ministros, seus trabalhos vem sendo prejudicados.
Fica difícil, quase impossível, perscrutar os motivos porque Madame não faz a indicação. Não será pela falta de cidadãos detentores de alto saber jurídico e reputação ilibada. Até porque, poderia ser selecionado um jurista amigo do governo, capaz de votar segundo seus interesses. Essas situações são comuns.
Agora que Renan Calheiros endossou a proposta, pode ser que a presidente demore ainda mais para indicar o novo ministro, por capricho ou represália, mas quem fica mesmo prejudicado é o Judiciário. E nem ao menos o Executivo se beneficia. Afasta-se, como mesquinha, a hipótese de os senadores estarem decididos a rejeitar qualquer nome proposto, como parte do entrevero entre o Senado e o palácio do Planalto. Fica no ar a indagação sobre a demora.
A conclusão a tirar de mais um capítulo da novela do embate entre o governo e o Congresso é de parecer longe a trégua na Praça dos Três Poderes.