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O QUE O PRESIDENTE FEZ? Confira a retrospectiva do governo de Jair Bolsonaro em 2021

Foto: Evaristo SA/AFP

As ações do governo federal em 2021 giraram em torno da pandemia pelo segundo ano consecutivo, desde a corrida pela vacina contra a Covid-19, nova troca de ministro da Saúde, investigações da CPI da Pandemia até a aprovação do Auxílio Brasil para os prejudicados pela crise sanitária.

O ano começou com um dos momentos mais tensos da pandemia, quando Manaus passou pelo esgotamento do estoque de oxigênio medicinal, fato que se mostrou determinante para o fim da gestão de Eduardo Pazuello no Ministério da Saúde e a instalação da CPI da Pandemia.

A atuação do Executivo no combate à pandemia também foi alvo de denúncias de irregularidades. Uma delas foi o contrato com a farmacêutica Pfizer, que buscou contato com o governo federal por mais de 30 vezes durante o ano de 2020 – no entanto, as revelações só vieram à tona em 2021. O memorando para a compra de vacinas da Pfizer foi fechado apenas em dezembro de 2020, 9 meses após o primeiro contato.

O Brasil tardou a comprar vacinas contra a covid-19, e o presidente da República não se mostrava feliz quando era cobrado por adquirir o imunizante. Uma das vezes, Bolsonaro reagiu com agressividade: “Tem idiota que diz ‘vai comprar vacina’. Só se for na casa da tua mãe. Não tem para vender no mundo”. Mesmo assim, o Brasil conseguiu avançar na vacinação contra covid-19. O país termina o ano com 80% do público-alvo com imunização completa e deve começar a vacinar crianças de 5 a 11 anos em janeiro de 2022.

BOLSONARO CRITICA MEDIDAS CONTRA COVID NA ONU

O presidente Jair Bolsonaro discursou na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), na abertura do evento. Na fala, o mandatário brasileiro criticou medidas contra a covid-19 e repetiu o discurso de que as restrições de circulação atrapalharam a economia.

Pelas regras, a ONU não permite a entrada de pessoas que não se vacinaram, como o presidente diz ser seu caso. No entanto, a entidade abre exceções para chefes de estado.

“Quantas vezes eu choro no banheiro em casa? Minha esposa nunca viu. Ela acha que eu sou o machão dos machões. Em parte, acho que ela tem razão até”

SUBSTITUI BOLSO FAMÍLIA PELO AUXÍLIO BRASIL

O Bolsa Família foi extinto no governo do presidente Jair Bolsonaro, substituído pelo Auxílio Brasil. Em entrevista a RedeTV! em Manaus, Bolsonaro criticou os beneficiários do programa social e afirmou que eles não conseguem entrar no mercado de trabalho.

“Não tem como tirar o Bolsa Família do pessoal, como alguns querem. São 17 milhões que não têm como ir mais para o mercado de trabalho. Com todo respeito, não sabem fazer quase nada. O que a juventude aprendeu com 14 anos do PT, tendo o ministro [Fernando] Haddad lá na Educação.

Relação com o Congresso

No Legislativo, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), à época no DEM, foi eleito para a presidência do Senado, e Arthur Lira (PP-AL) para o comando da Câmara – a candidatura de ambos era apoiada por Bolsonaro.

As vitórias garantiram um ambiente um pouco mais tranquilo para o presidente, que também se aproximou do Centrão, mirando uma melhor interlocução com o Congresso.

Bolsonaro x Judiciário

Com o Judiciário, o tom foi de embates. O presidente Jair Bolsonaro disse por diversas vezes que, se não houvesse voto impresso, não haveria eleição em 2022. Os discursos mais duros foram direcionados aos ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, do STF. Moraes conduz inquéritos que afetam ao presidente (como o das fake news), e Barroso é o atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e defensor da urna eletrônica.

Bolsonaro chegou a enviar ao Senado um pedido de impeachment contra o ministro Moraes, afirmando que “não se pode tolerar medidas e decisões excepcionais de um ministro do Supremo Tribunal Federal que, a pretexto de proteger o direito, vem ruindo com os pilares do Estado Democrático de Direito”. O pedido foi rejeitado por Pacheco.

O presidente também cogitou pedir o impeachment contra Barroso, mas acabou desistindo.

INFLAÇÃO

A inflação chegou a bater dois dígitos, o desemprego continuou em alta, o preço dos combustíveis disparou e vários dos funcionários de confiança da pasta pediram demissão.

Para Luciana Caetano, um dos problemas é alinhar os discursos da equipe econômica com as práticas do presidente.

“A inflação no Brasil é de causa estrutural. Ao contrário da inflação de demanda, a estrutural não pode ser corrigida com elevação de taxas de juros, sobretudo, porque o país enfrenta um revezamento entre recessão com estagnação econômica desde 2015. Nesse estágio, uma elevação dos juros tende a piorar as condições para uma desejada recuperação econômica e do emprego”, diz.

A economista ressalta que os problemas para os trabalhadores vão além da falta de oportunidade. “No 1º trimestre de 2021, a taxa de desemprego chegou ao nível mais elevado (14,7%) do século 21 e, ao longo do ano, o avanço da inflação para alguns grupos de produtos ultrapassou 30%. Mas os salários seguem defasados, assim como os benefícios previdenciários. Servidor público está sem reajuste salarial há 3 anos e a economia já acumula, aproximadamente, 20% de inflação oficial (INPC) no mesmo período”, afirma.

MUDANÇAS DE MINISTROS

Na chefia do Ministério da Defesa, o general Walter Braga Netto (que ocupava a Casa Civil) substituiu o general Fernando Azevedo e Silva após a recusa do agora ex-ministro em trocar o comando do Exército, o que teria irritado Bolsonaro.

O presidente cobrava demonstrações públicas de apoio das Forças Armadas ao governo, pedido que nunca foi atendido pelo então Comandante do Exército, general Edson Pujol. Com isso, Bolsonaro determinou a mudança do comando das Forças Armadas – foi a primeira vez, desde 1985, que os comandantes das três Forças deixaram o cargo ao mesmo tempo.

Outras três mudanças de ministros, resultado da pressão política, marcaram o alto escalão, mas não resultaram em alterações na elaboração e na execução das políticas públicas do governo Bolsonaro.

O general Eduardo Pazzuelo foi substituído pelo médico Marcelo Queiroga após a sua controversa condução na pandemia da covid-19; Carlos Alberto Franco França substituiu Ernesto Araújo no comando do Ministério de Relações Exteriores após cobranças de integrantes do Congresso Nacional e de representantes do próprio Itamaraty; no Ministério do Meio Ambiente, Joaquim Álvaro Pereira Leite substituiu Ricardo Salles, alvo de investigações.

O pastor evangélico e jurista André Mendonça deixou o Ministério da Justiça e retornou para a AGU até ser indicado para a vaga de Marco Aurélio Mello no STF (Supremo Tribunal Federal). Após longa espera pela sabatina do Congresso, ele foi aprovado e empossado em dezembro.

DESCASO COM A TRAGÉDIA NA BAHIA

O recesso de réveillon do presidente Jair Bolsonaro tem sido fortemente criticado nas redes sociais. Nas últimas 24 horas a hashtag #BolsonaroVagabundo permaneceu nos Trending Topics do Twitter. Isso porque as férias do chefe do Executivo ocorrem enquanto a Bahia vive uma tragédia, com chuvas incessantes nos últimos 30 dias que resultaram em 20 mortos e pelo menos 470 mil pessoas afetadas. Dados do estado mostram que já são mais de 31 mil desabrigados e 31 mil desalojados.

As publicações envolvendo o nome de Bolsonaro nas redes sociais já chegam a quase 30 mil. Além de usuários da rede, autoridades também usaram o Twitter para criticar o presidente.

Entre eles, o deputado Nilto Tatto (PT-SP), que foi à Bahia ainda durante as primeiras chuvas.

O presidente negou ainda, ajuda humanitária oferecida pelo governo da Argentina.

SE FILIOU AO PL

Entre os últimos atos do presidente Jair Bolsonaro em 2021, esteve a filiação ao PL. Desde 2019 sem partido, Bolsonaro escolheu o PL para ser sua nova legenda, a nova da carreira política de mais de 30 anos.

As negociações se estenderam durante semanas, em especial por uma discordância em relação ao apoio de que PL havia prometido a Rodrigo Garcia (PSDB), vice de João Doria (PSDB). Bolsonaro quer uma chapa com o ministro Tarcísio de Freitas para disputar o governo paulista. Após a resolução do problema, que acabou com uma “vitória” do presidente, Jair Bolsonaro se filiou ao PL no dia 30 de novembro.

Na ocasião, ele voltou a fazer uma analogia sobre eleição e casamento – mas fez questão de ressaltar a posição homofóbica. “Uma filiação é como um casamento – não seremos marido e mulher, seremos uma família. Vocês todos fazem parte dessa nossa família”, declarou Bolsonaro na ocasião.

*Com informações da CNN

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba