A maior preocupação do ministro da Agricultura, Blairo Maggi, após a deflagração da Operação Carne Fraca, que revelou irregularidades no controle sanitário das carnes vendidas nos mercados interno e externo, é com a imagem do Brasil. “É um tremendo soco na gente”, disse ele em entrevista ao Estado. Diante do quadro, a ordem é passar um “pente fino” nos processos do Ministério da Agricultura e corrigir as falhas. Veja abaixo os principais trechos da entrevista.
Diante de um problema desses, qual é sua prioridade?
Nossa prioridade é levantar os problemas que temos, levantar as operações, separá-las, dar o tratamento de choque que é preciso. Vamos verificar todos os procedimentos e ser absolutamente transparentes.
Qual é sua maior preocupação agora?
É com a imagem do Brasil lá fora e a perda da confiança do nosso consumidor. O que está em jogo não é só a reputação das empresas, mas do País como fornecedor. É um tremendo soco na gente. O nosso sistema de controle da sanidade é robusto. Mas, quando tem pessoas corruptas no meio, foge das nossas possibilidades. É muito ruim. Então, o negócio é checar tudo, passar um pente fino.
O Brasil é um grande exportador de proteína animal e essa operação pega esse mercado em cheio. O que o sr. dirá aos países importadores?
A mensagem é que seremos transparentes na verificação do problema. Vamos tomar as medidas cabíveis e seremos transparentes a ponto de dar tranquilidade aos nossos consumidores. Temos mais de 600 SIFs (Serviço de Inspeção Federal) que cuidam da parte de bovinos. Nos envolvidos (no esquema investigado), tem 18. É um número pequeno, mas não deixa de tirar a tranquilidade.
O sr. falou com o presidente Temer hoje de manhã, não? O que ele orientou?
Ele pediu que eu cuidasse do caso pessoalmente, e não poderia ser diferente. Cancelei minha licença que começaria na segunda-feira e estou no comando.
E as negociações comerciais, como o acordo Mercosul-União Europeia?
Temos de redobrar nossas atenções sobre isso. É óbvio que nossos concorrentes vão tentar se aproveitar da situação.
As investigações apontam que o esquema financiava o PMDB e o PP. O sr. recebeu algum tipo de pressão?
Zero. Quando eu vim para o ministério, avisei o partido que vinha para fazer um bom trabalho. Se tivesse que trabalhar as coisas politicamente, eu estava fora. E tem sido assim. Pelo que fui informado, esse esquema operava há uns dez anos. Ou seja, é uma coisa antiga. A investigação é que se intensificou nos últimos dois anos.
Fonte: Estadão