De acordo com o cientista social Osmar Teixeira, que defendeu uma tese de doutorado sobre a representatividade da população negra no Legislativo, “a ausência de negros no Parlamento representa um contrassenso, em que a maioria passa a resolver os problemas da minoria”. Nas eleições de 2018, o número de candidatos negros cresceu em comparação a 2014, mas esse grupo continua sendo sub-representado nas eleições.
A falta de negros é detectada na maioria dos 35 partidos existentes no país, mas é mais intensa em seis deles, que têm mais de 70% dos seus candidatos brancos: Partido Novo, PCO, PSDB, PSD, PP e MDB. Em contrapartida, as siglas que apresentam o maior percentual de candidatos negros, com 50%, são: PCdoB, PTC, Rede, PSC, PMB, PSOL, e PT, sendo que, nas eleições de 2018, PSOL e PT inscreveram respectivamente 715 e 639 negros na disputa. Já o partido Novo tem a menor diversidade racial, tendo 85% de eleitos brancos.
Anna Karla Pereira é uma das líderes do partido Frente Favela Brasil, que surgiu inspirado na luta pelo protagonismo negro e pelo reconhecimento da dignidade da pessoa negra e das periferias do Brasil. De acordo com ela, “o negro está cansado de ver os outros falarem por ele, pessoas que não vivem a realidade social do negro no país. Precisamos de políticas públicas específicas para essa população e não adianta dizer que outras pessoas vão fazer, porque em toda a construção histórica do Brasil nunca foi feito”.
A expectativa do partido para os próximos anos é eleger metade dos candidatos, mesmo que os dados de eleições passadas mostrem que pretos e pardos têm menos de 50% de chances de vencer a disputa quando comparados aos brancos.
O fato é que, na política, o negro não fala por si e existe uma urgente necessidade de mudança. É preciso introduzi-lo nesse espaço de poder para que, assim, possa se iniciar a implementação de políticas públicas para reduzir a exclusão desse grupo social.
Fonte: Alma Preta
Créditos: Thaís Morelli