Não é um impeachment. É um golpe mesmo. A presidente da República não está surtando quando diz que há dois grandes conspiradores e ninguém precisa amar o PT para entender como se dá a marcha para a retirada de Dilma do poder.
É uma receita que inclui muitos ingredientes e termina num bolo indigesto. Mas, antes de mais nada, é preciso saber que o impeachment tem previsão na Constituição. Mas, ele só cabe quando o presidente ou a presidente do país comete um crime de responsabilidade. Antes de Dilma, Lula e Fernando Henrique Cardoso também pedalaram. Pedalada fiscal nunca levou o pescocinho deles nem de ninguém à guilhotina. A forçada de barra é, portanto, parte fundamental do golpe.
Mas, querem tirar Dilma por que ?
O governo é ruim mesmo, mas isso é um argumento político. Não gostar da gestão de Dilma ou do Palhaço Picolé não dá o direito a ninguém de pedir seu impedimento. A crise econômica existe. É fato, mas jamais conseguiremos dizer que tamanho ela teria naturalmente porque até isso vem a calhar para os adversários da presidente. O Congresso tem feito questão de deixar o país sangrar, de não ajudar em nada, de potencializar a crise para que lojas fechem, cidadãos e cidadãs percam seus empregos.
Irritado, o povo preferirá pedir o sangue. E de quem? Daquela mulher que foi presa na ditadura e pensou que iria sair por cima governando o Brasil duas vezes.
Se fôssemos pedir o impedimento de todo presidente que foi péssimo, talvez nenhum tivesse sobrevivido até o fim do mandato.
Mas, o complô começou a se desenhar mais ou menos assim. O PT cresceu, chegou ao poder, começou a fazer barganhas, fez um monte de besteiras, vários de seus membros meteram o pé na jaca da corrupção e o partido não parecia querer arredar o pé do Palácio do Planalto mesmo depois de 13 anos. O Mensalão levou uma turma da linha de frente petista para a cadeia, mas ainda assim o povo prefere Lula a qualquer outro nome que apareça para 2018. O que restaria à Oposição? Disputar no voto? Muito arriscado. Então, o SIC (Serviço de Inteligência Coxinha) criou a exposição seletiva da roubalheira. Qualquer detonada na petralhada vale. Setores expressivos do judiciário e da imprensa toparam pegar os holofotes mais potentes e jogar na cara de quem usa vermelho. E tome sentenças e manchetes contra os petistas e seus amigos.
Alguns meses depois, o brasileiro médio começa a ter ódio dos petistas, chamá-lo de ladrão, ainda que seja um vizinho ou parente conhecidamente boa gente. Não importa. É pedra na Geni!
Não tinha crime para punir Dilma? Cria-se um e nem precisa explicar qual é. Isso é detalhe. O povo quer que ela saia. O povo também quer que Eduardo Cunha saia, mas esse segundo pedido não interessa ao golpe. Sem o cara de pau do Eduardo, quem teria a coragem e o prazer sádico de peitar a presidente e convocar sessões até no domingo para escalpelá-la?
Um juiz grampeou a presidente, seu futuro ministro e vazou os áudios para a Rede Globo e criou um clima de ainda mais ojeriza à petralhada. Lula esculhambava meio mundo. Deveriam ter grampeado Cunha e Temer e veríamos o supra-sumo da sofisticação nos diálogos, sem palavrões e nenhuma negociata. Mas, como dissemos antes. Os fatos que vão à mídia são cuidadosamente selecionados pelo SIC.
Domingo à tarde será o momento do golpe. Ou ele triunfa ou se acaba. Caso Dilma saia do poder, assume Michel Temer, best friend de Eduardo Cunha. O atual vice que se acha e fala como se presidente fosse, tem pedidos de impeachment contra si. Se cair, Eduardo Cunha chega ao poder. Em ambos os casos, nossa batalha contra a corrupção terá sido maravilhosamente exitosa (#SQN). Sem falar na consolidação da democracia. Ir ás urnas que já era um prazer para o brasileiro, se tornará um ato ainda mais sem sentido…
Fonte: Parlamento PB
Créditos: Cláudia Carvalho