Rumo ao juízo final

O CALVÁRIO DE RICARDO COUTINHO: bastidores da audiência que selou o destino do ex-governador; VÍDEOS

A audiência de custódia que confirmou a prisão preventiva do ex-governador Ricardo Coutinho (PSB), nesta sexta-feira (20), foi marcada por um misto de sentimentos e reações que se misturavam, a depender de quem era o espectador que observava a cena. Jornalistas, blogueiros, militantes, membros do Judiciário. Todos assistindo ao episódio que selaria o destino de uma das figuras contemporâneas, até então, mais fortes da política paraibana.

Coutinho chegou ao Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB) por volta das 10h15, escoltado pela Polícia Federal, após passar a primeira noite detido. Como de praxe, o ex-governador respondeu as primeiras perguntas típicas de uma audiência de custódia: informou que bebe pouca bebida alcoólica, que não é viciado em drogas e que não tem doenças graves, mas sofre de diabetes e hipertensão. Apesar do momento turbulento, Coutinho ressaltou que foi bem tratado pelos policiais, desde que recebeu a voz de prisão até as primeiras horas dentro do cárcere.

O ex-governador passou parte da audiência de cabeça baixa, lendo seu processo, ao ouvir as intervenções do seu advogado e as explicações do juiz Adilson Fabrício, mas também houve momentos de olho no olho com as autoridades que decidiram seu destino imediato. A voz de Coutinho também não era a mesma dos comícios e debates eleitorais, pois transmitia um som de abatimento e certa frustração com o Calvário à vista. Apesar de a defesa do socialista ter solicitado a aplicação de algumas medidas cautelares em substituição à prisão preventiva, o semblante do ex-governador transmitia apreensão e muita expectativa.

Ao ser questionado sobre as razões da prisão preventiva, Coutinho aproveitou para negar as graves acusações que pesam contra ele no processo. Ele disse que é inocente e que nunca recebeu remuneração irregular. Ao ser questionado sobre sua influência nos demais poderes, ele acrescentou que sempre respeitou os poderes constituídos no âmbito estadual.

Frustração versus comemoração

Se o momento foi de frustração para o socialista, foi também de glória para quem teve embates com ele nos oito anos de governo. A Justiça decidiu que Coutinho fosse encaminhado para a penitenciária de segurança média, Hitler Cantalice, onde ficará em cela separada dos demais presos da Calvario. Conforme a decisão judicial, como se trata de uma organização criminosa, há risco de obstrução de provas e continuidade delitiva de atividades de crimes.

Ao ouvir que o ex-governador permaneceria preso, repórteres que acompanhavam a custódia comemoraram, bem como blogueiros que conseguiram adentrar ao TJPB. ‘Boa estadia!’, gritou um dos jornalistas, enquanto outro disse que ‘Lugar de bandido é na cadeia’. Houve aplausos e assovios. Alguns, porém, pediram respeito: “Isso aqui é um tribunal e este não é um episódio para se comemorar”, alertou outro. Os jornalistas tiveram que descer para o térreo antes de Coutinho deixar o prédio do TJPB.

Do lado de fora, dezenas de pessoas aguardavam o ex-governador. Elas seguravam cartazes e ecoavam gritos de ordem contra o socialista. Fogos de artifício puderam ser ouvidos e vistos em frente ao prédio da PF. Policiais tiveram dificuldade para que os portões fossem abertos, pois uma corrente humana formava um obstáculo a mais.

Minutos depois, Ricardo Coutinho, então, pôde ser visto dentro do carro da Polícia Federal, que passou entre manifestantes indignados e furiosos. Eles batiam na viatura e chamavam o ex-governador de ‘ladrão’. Enquanto isso, repórteres focavam suas lentes nervosas no rosto do político, que era ofuscado entre dois policiais federais que garantiam sua segurança. Nas ruas, muitos sons de buzina e gritos de comemoração.

Melancolicamente, Ricardo Coutinho começava, a partir dali, a enfrentar o seu Calvário, rumo ao juízo final.

Veja vídeos e imagens:

Coutinho recebe a notícia de que continuará preso.

Ex-governador é hostilizado por manifestantes ao sair do tribunal.

Jornalistas são retirados do primeiro andar do tribunal.

 

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba