Parodiando a campanha de mídia que a TV Globo massifica, mais do que nunca brasileiros e brasileiras têm consciência cristalina sobre o Brasil que não querem ou que não desejam para si, para seus familiares, para as comunidades que habitam. Não é uma média ponderada, é a unanimidade das opiniões a tentar dizer a governantes e elites, a políticos de todos os partidos e facções, que não queremos um Brasil que seja o reflexo da paralisação dos caminhoneiros, que espraiou consequências negativas sobre praticamente todos os setores da sociedade.
Em sã consciência, quem pode ficar insensível ao cenário de hospitais de alta complexidade ou de grande porte, em inúmeras capitais, tendo que suspender cirurgias eletivas para poder dar prioridade a intervenções de urgência e emergência que não podem esperar indefinidamente? Como ficar insensível à situação de doentes que precisam de hemodiálise e estão tendo o atendimento interrompido porque as estradas estão bloqueadas? Seria necessária muita insensatez para não se comover diante do quadro de milhões de aves vítimas de inanição porque a ração não pode chegar até elas, porque as estradas estão fechadas, porque todo mundo está com raiva, porque o governo do Sr. Michel Temer sumiu (como se tivesse existido alguma vez), porque os políticos do PT que estiveram em governos recentes nada têm a dizer à sociedade sobre os descalabros que fizeram na Petrobras, principalmente a Sra. Dilma Rousseff, a mentora de uma refinaria em Pasadena, no exterior, um verdadeiro delírio, uma obra megalomaníaca que não tem a mínima utilidade para ajudar a crise petrolífera instalada aqui dentro do Brasil.
E o que leva o Sr. Michel Temer, o vice de Dilma, que assumiu com seu impeachment, a desfalecer em grandeza a ponto de não ter coragem de renunciar ao posto de mandatário supremo por justa causa, qual seja a incompetência declarada para administrar este imenso território, somado a uma rejeição estratrosférica que na última medição rondava os 70%? Será tão difícil ou inteligível para o Sr. Michel Temer perceber que de há muito a sociedade quer vê-lo fora do poder, sobretudo do poder de decisão em momentos críticos, quando não sabe dialogar nem tem credibilidade para tanto? Dorme bem, com a cabeça repousada no travesseiro, o marido de Marcela Temer, sabendo que é uma figura que não é ouvida nem cheirada por ninguém no país, a não ser pela meia dúzia de puxa-sacos remunerados do “pudê” transitório que ele empalma? Que galardão o Sr. Michel Temer poderá ostentar ou exibir com orgulho para a História assim que for apeado do poder?
O País, sinceramente, não poderia ter dirigente mais desastrado do que Temer numa quadra instável que vem se acumulando desde as gestões petistas (não esqueçamos disso, por favor e por amor à verdade). Os aliados políticos do próprio presidente de plantão quedam-se envergonhados diante da inação de quem se dizia preparado para segurar o leme na travessia do impeachment. A comparação inevitável que nos ocorre – pelo menos aos não desmemoriados – é com o governo de emergência de Itamar Franco, político mineiro, eleito junto com Fernando Collor de Melo na primeira disputa direta pós-ditadura militar e que surpreendeu positivamente ao ser investido na titularidade quando se deu o impeachment do ex-Indiana Jones de fancaria, envolvido no escândalo PC Farias que era a ponta do iceberg de um esquema de corrupção equipado para durar 10 ou 20 anos, mas que não sobreviveu ao confronto com a primeira sangria do erário.
Itamar, de cujo perfil se dizia provinciano, aferrado a uma suposta República pão com queijo de Minas Gerais, entrou para a galeria dos grandes homens públicos brasileiros ao ser bafejado pela concepção de um Plano de estabilização da economia, denominado Plano Real, que se estendeu por governos seguintes, sob o signo do tucanato, criando condições para a ascensão, finalmente, do Partido dos Trabalhadores, que aparentemente ia bem até descobrir-se que em paralelo ao governo havia um projeto de instrumentalização desse governo em galinha dos ovos de ouro de mensaleiros e “aloprados”, estes últimos assim denominados pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quando já não tinha mais como ocultar a famigerada militância criminosa de petistas de carteirinha, muitos deles cumprindo penas em cadeias famosas do país, inclusive o líder maior, o ex-presidente da República Lula da Silva, que se imaginava o Nelson Mandela brasileiro. Expurgada a quadrilha petralha do “pudê”, aceitou-se o Sr. Temer por honra da firma, no cumprimento da legalidade democrática, mas sem qualquer ilusão de que fosse um pouquinho melhor daqueles a quem sucedeu de fato e de direito. Qual nada! O resultado é o que estamos testemunhando – e não é nada bom para o Brasil, que já perdeu muito tempo no seu projeto de desenvolvimento devido à incúria das elites e dos políticos travestidos de salvadores da Pátria.
CHEGA, SR. MICHEL TEMER, que está no leme de um barco sem competência para remá-lo.
O Brasil quer mudar para valer. E esse movimento detonado por caminhoneiros mas com efeito colateral em toda a sociedade foi o estopim, a gota que faltava.
Nonato Guedes
Fonte: Assessoria
Créditos: Assessoria