O BRAÇO DIREITO DA DIREITA: Paraibano Julian Lemos ganha destaque nacional ao ser reconhecido no discurso de vitória de Bolsonaro
A noite de domingo, 26, foi uma agitada na casa do presidente eleito Jair Bolsonaro. Amigos, aliados próximos - e outros nem tanto - lotaram os espaços da casa dentro de um condomínio na Barra da Tijuca, no Rio.
A noite de domingo, 26, foi uma agitada na casa do presidente eleito Jair Bolsonaro. Amigos, aliados próximos – e outros nem tanto – lotaram os espaços da casa dentro de um condomínio na Barra da Tijuca, no Rio. Na parte de fora, apoiadores do então candidato preparavam uma festa na rua.
Antes da apuração dos votos, aliados como Alexandre Frota (PSL-SP), eleito deputado federal, gravavam vídeos transmitidos ao vivo mostrando os bastidores da espera.
Na sala em frente à televisão, o deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS) foi o primeiro a comemorar o anúncio de que o capitão reformado tinha sido oficialmente eleito presidente. “Acabou!”, gritou, segundos antes de todos pularem, baterem palmas e abraçarem Bolsonaro.
O candidato do PSL, agora presidente eleito, discursou primeiro pelo Facebook, ao lado da mulher e de uma intérprete de libras (língua brasileira de sinais), e depois para as câmeras de TV em frente à sua casa.
Durante a oração e seu discurso para a TV, aliados disputavam seu lugar no espaço mais concorrido daquela noite, entrando e saindo de cena com um leve empurra-empurra e muitos pescoços esticados.
Mas, afinal, quem eram essas pessoas ao redor de Bolsonaro?
1) Jair Bolsonaro (PSL), presidente eleito da República
2) Michelle Bolsonaro, mulher do presidente eleito
Terceira esposa de Bolsonaro, a futura primeira-dama dá aula de libras (língua brasileira de sinais) e é evangélica, frequentadora assídua da congregação Batista Atitude.
O presidente eleito casou-se com Michelle em 2007 e juntos tiveram a quinta filha dele, Laura. Moram na casa da Barra da Tijuca onde ocorreu a celebração da vitória. Amigos a descrevem como uma pessoa de origem humilde, simples e discreta, que não gosta de roupas curtas nem de muita maquiagem.
Em entrevista ao programa Domingo Espetacular, da Record, exibida neste domingo, ela rebateu acusações de que Bolsonaro é homofóbico. “Ele é tachado como fascista, homofóbico, e nós temos amigos gays. Eu tenho um primo gay”, afirmou.
3) Elizângela Castelo Branco, intérprete de Libras
Uma boa parte dos vídeos de Bolsonaro têm algum intérprete de Libras a seu lado – influência da esposa, Michelle.
A intérprete que acompanhou Bolsonaro no discurso da vitória foi Elizângela Castelo Branco, que também é pedagoga.
Em entrevista para a TV Brasil, em 2015, ela disse ter começado na carreira “de maneira despretensiosa, em um contexto religioso”. Depois, acabou fazendo curso da língua e hoje, afirmou, “já sonho e converso com Deus em Libras”.
“O intérprete é importante para que surdos possam ser incluídos na sociedade, no contexto educacional, no trabalho”, afirmou. “Precisamos de imediato suprir essas necessidades de acessabilidade.”
No Facebook, ela curte as páginas “BolsoSurdos” (surdos que apoiam Bolsonaro) e as de Flávio e Eduardo Bolsonaro.
4) Magno Malta
“Os tentáculos da esquerda jamais seriam arrancados sem a mão de Deus. Começamos orando e mais que justo que agora oremos para agradecer a Deus.” Foi assim que Magno Malta, pastor evangélico do PR que não conseguiu se reeleger senador pelo Espírito Santo nessas eleições, começou a oração com Bolsonaro e aliados no dia da vitória. Especula-se que ele deve integrar o governo Bolsonaro.
Como senador, Malta é autor de projetos de lei pleiteados pela bancada evangélica: a proposta que cria o programa Escola Sem Partido, que proíbe professores de expressar, em sala, opiniões sobre questões políticas, ideológicas ou de gênero, a proposta que acaba com a maioridade penal e o texto de emenda constitucional que isenta nacionalmente igrejas de pagamento de IPTU.
Enquanto conduzia a oração em rede nacional, usuários do Twitter resgatavam fotos de Malta com outros presidentes, como Temer, Dilma e Lula, ironizando o que seriam repetidas tentativas suas de se aproximar de políticos no poder.
5) Deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS)
Lorenzoni foi reeleito para a Câmara, mas deve ocupar o cargo de ministro-chefe da Casa Civil no novo governo Bolsonaro. O parlamentar gaúcho de 64 anos é articulador da campanha do presidente eleito desde 2017.
Médico veterinário, começou a vida política como dirigente de entidades da categoria no Rio Grande do Sul.
Ele foi citado na delação premiada da JBS como receptor de R$ 200 mil para caixa dois eleitoral. Lorenzoni preferiu admitir que havia recebido recursos não declarados para cobrir gastos de campanha, segundo ele em valor menor, de cerca de R$ 100 mil, mas afirmou que não houve contrapartida a essa doação, nem dinheiro público envolvido.
6) Deputado federal eleito Hélio Bolsonaro (PSL-RJ)
Subtenente do Exército, Hélio Fernando Barbosa Lopes, o homem que ficou o tempo inteiro atrás de Bolsonaro, foi o deputado federal mais votado no Estado Rio. Conhecido como Hélio Negão, candidatou-se com o nome de Bolsonaro acoplado ao seu. Foi eleito por 345 mil pessoas.
Hélio teve participação ativa na campanha do padrinho político. Acompanhou Bolsonaro em viagens e, depois do atentado em que foi esfaqueado, visitou-o no hospital. Nas redes sociais, publicava mensagens combatendo a associação da imagem do presidenciável a racismo: “Alô PTralhas, Comunas, essa imagem diz muita coisa! Quem é mesmo racista? Quem é machista?”, questionou nas redes sociais, quando publicou uma foto sua e de Alana Passos, sargento do Exército que foi a terceira deputada estadual mais votada no Rio, ao lado de Bolsonaro.
7) Senador eleito Luiz Carlos Heinze (PP-RS)
O gaúcho Luiz Carlos Heinze foi eleito senador pelo PP – partido que havia feito um acordo nacional com o PSDB para apoiar a candidatura de Geraldo Alckmin à Presidência, com Ana Amélia Lemos, também do Rio Grande do Sul, como sua vice.
Heinze, atualmente deputado federal, é ligado à área do agronegócio, e seu nome está sendo ventilado para assumir o comando da pasta da Agricultura (outro nome aventado: Luiz Antonio Nabhan Garcia, presidente da UDR – União Democrática Ruralista). Em entrevista à Reuters, no domingo antes de sair o resultado das eleições, Heinze disse que organismos internacionais na área ambiental criam barreiras para a presença de produtos agrícolas brasileiros no mundo.
Também é conhecido por falas controversas. Em um evento com agricultores no Rio Grande do Sul em 2013, disse que “quilombolas, índios, gays, lésbicas” eram “tudo o que não presta”. Em 2014, disse ao G1 não ser homofóbico e negou “explorar o voto conservador”.
“Não sou homofóbico. Na minha casa tem gays e lésbicas. Eu convivo com eles e não tenho preconceito. É diferente do que o Bolsonaro diz. Conheço as posições dele e não tenho nada a ver com isso. Botaram na minha boca palavras que eu não queria. Há uma questão politica, é um ano de eleições.” Também disse que criticava apenas “o comando” dos indígenas e quilombolas.
8) Gustavo Bebianno
Fiel escudeiro de Bolsonaro, o advogado carioca era presidente do PSL até a eleição de Bolsonaro. Deixou a presidência horas depois de o partido ter alçado o candidato à Presidência. O fundador da legenda, Luciano Bivar, reassumiu o cargo.
Bebianno exerceu papel central na campanha de Bolsonaro, servindo como um de seus interlocutores. Assessorou Bolsonaro juridicamente de forma voluntária em 2017 depois de procurá-lo com insistência desde 2015.
A expectativa é de que Bebianno exerça algum cargo de importância no governo – seu nome tem sido aventado para o Ministério da Justiça.
9) Julian Lemos (PSL-PB), eleito deputado federal
Paraibano, Julian Lemos foi o homem do PSL no Nordeste – “nosso homem forte”, disse Bolsonaro em uma entrevista à Rádio 98 Correio FM, do Estado. Em um vídeo deste ano, Bolsonaro aparece dizendo que o conhece “há quatro anos” e que ele é um “amigo de primeira hora”. Lemos foi eleito deputado federal pela Paraíba e disse em um vídeo publicado neste ano ter entre suas prioridades “falar a verdade”, “proteger crianças” e defender os direitos da polícia militar.
Segundo a Folha de S. Paulo, Lemos foi três vezes acusado sob a Lei Maria da Penha, de agressão pela irmã e pela ex-mulher. Ao jornal, ele negou todas as acusações – disse que as representações foram motivadas por momentos de “fragilidade emocional” das familiares.
10) Alexandre Frota (PSL-SP), eleito deputado federal
Ex-ator de filmes pornográficos, Alexandre Frota foi eleito deputado federal por São Paulo com 152 mil votos. O ex-ator vem ganhando proeminência política desde os movimentos pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT) – principalmente nas redes sociais.
Foi por meio delas que ele reproduziu diversos vídeos gravados na noite da apuração de votos. Frota aparece chegando à casa de Bolsonaro, tirando fotos com correligionários, conversando com outras pessoas presentes na casa do então candidato naquela noite (selfies com Julian Lemos, gravações com o lutador de UFC Paulo Borrachinha, gravações que flagram Bolsonaro falando com Doria ao telefone etc). Tudo isso ao vivo. Na hora do discurso de Bolsonaro, Frota aparece ao fundo, o tempo todo gravando com o celular.
Em um programa de TV em 2015, Frota narrou e teatralizou um estupro. Foi acusado de fazer apologia ao crime de estupro – processo que foi arquivado pelo Ministério Público. Em outro programa de entrevista, em 2017, disse que tinha feito uma “brincadeira infeliz”.
Aos 44 anos, o tenente-coronel foi o candidato mais bem-votado do Rio Grande do Sul (quase 167 mil votos). Novato na política, defende as mesmas pautas de Bolsonaro no Estado, como a ampliação do número de escolas militares, por exemplo.
Em fevereiro, o vice de Bolsonaro, Hamilton Mourão, gravou vídeo em apoio a Zucco, um “quadro jovem do nosso Exército que encarna valores que aprendemos na Academia Militar com perfeição”. “Esse aqui é o Zucco, podem contar com ele”.
Formado em Direito e eleito deputado estadual do Rio Grande do Sul pela primeira vez aos 36 anos, é dono da página “Armas S.A” no Facebook “pelo direito do cidadão à defesa, todos juntos pela aprovação do PL 3722”. O projeto de lei, de 2012, flexibiliza aquisição, posse e porte de armas. Seu movimento também é ativo no Instagram, onde tem 186 mil seguidores e publica fotos de armas e outras como as do dia da vitória, na casa de Bolsonaro.
Ele e Eduardo Bolsonaro, filho de Jair Bolsonaro e eleito deputado federal, são amigos.