A noite de domingo, 26, foi uma agitada na casa do presidente eleito Jair Bolsonaro. Amigos, aliados próximos – e outros nem tanto – lotaram os espaços da casa dentro de um condomínio na Barra da Tijuca, no Rio. Na parte de fora, apoiadores do então candidato preparavam uma festa na rua.

Antes da apuração dos votos, aliados como Alexandre Frota (PSL-SP), eleito deputado federal, gravavam vídeos transmitidos ao vivo mostrando os bastidores da espera.

Na sala em frente à televisão, o deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS) foi o primeiro a comemorar o anúncio de que o capitão reformado tinha sido oficialmente eleito presidente. “Acabou!”, gritou, segundos antes de todos pularem, baterem palmas e abraçarem Bolsonaro.

O candidato do PSL, agora presidente eleito, discursou primeiro pelo Facebook, ao lado da mulher e de uma intérprete de libras (língua brasileira de sinais), e depois para as câmeras de TV em frente à sua casa.

Durante a oração e seu discurso para a TV, aliados disputavam seu lugar no espaço mais concorrido daquela noite, entrando e saindo de cena com um leve empurra-empurra e muitos pescoços esticados.

Mas, afinal, quem eram essas pessoas ao redor de Bolsonaro?

Bolsonaro rezando ao lado de aliados na noite de domingo, 28© BBC Bolsonaro rezando ao lado de aliados na noite de domingo, 28
Marcação sobre foto de Bolsonaro com aliados© BBC Marcação sobre foto de Bolsonaro com aliados

1) Jair Bolsonaro (PSL), presidente eleito da República

2) Michelle Bolsonaro, mulher do presidente eleito

Terceira esposa de Bolsonaro, a futura primeira-dama dá aula de libras (língua brasileira de sinais) e é evangélica, frequentadora assídua da congregação Batista Atitude.

O presidente eleito casou-se com Michelle em 2007 e juntos tiveram a quinta filha dele, Laura. Moram na casa da Barra da Tijuca onde ocorreu a celebração da vitória. Amigos a descrevem como uma pessoa de origem humilde, simples e discreta, que não gosta de roupas curtas nem de muita maquiagem.

Em entrevista ao programa Domingo Espetacular, da Record, exibida neste domingo, ela rebateu acusações de que Bolsonaro é homofóbico. “Ele é tachado como fascista, homofóbico, e nós temos amigos gays. Eu tenho um primo gay”, afirmou.

3) Elizângela Castelo Branco, intérprete de Libras

Uma boa parte dos vídeos de Bolsonaro têm algum intérprete de Libras a seu lado – influência da esposa, Michelle.

A intérprete que acompanhou Bolsonaro no discurso da vitória foi Elizângela Castelo Branco, que também é pedagoga.

Em entrevista para a TV Brasil, em 2015, ela disse ter começado na carreira “de maneira despretensiosa, em um contexto religioso”. Depois, acabou fazendo curso da língua e hoje, afirmou, “já sonho e converso com Deus em Libras”.

“O intérprete é importante para que surdos possam ser incluídos na sociedade, no contexto educacional, no trabalho”, afirmou. “Precisamos de imediato suprir essas necessidades de acessabilidade.”

No Facebook, ela curte as páginas “BolsoSurdos” (surdos que apoiam Bolsonaro) e as de Flávio e Eduardo Bolsonaro.

4) Magno Malta

“Os tentáculos da esquerda jamais seriam arrancados sem a mão de Deus. Começamos orando e mais que justo que agora oremos para agradecer a Deus.” Foi assim que Magno Malta, pastor evangélico do PR que não conseguiu se reeleger senador pelo Espírito Santo nessas eleições, começou a oração com Bolsonaro e aliados no dia da vitória. Especula-se que ele deve integrar o governo Bolsonaro.

Como senador, Malta é autor de projetos de lei pleiteados pela bancada evangélica: a proposta que cria o programa Escola Sem Partido, que proíbe professores de expressar, em sala, opiniões sobre questões políticas, ideológicas ou de gênero, a proposta que acaba com a maioridade penal e o texto de emenda constitucional que isenta nacionalmente igrejas de pagamento de IPTU.

Enquanto conduzia a oração em rede nacional, usuários do Twitter resgatavam fotos de Malta com outros presidentes, como Temer, Dilma e Lula, ironizando o que seriam repetidas tentativas suas de se aproximar de políticos no poder.

5) Deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS)

Lorenzoni foi reeleito para a Câmara, mas deve ocupar o cargo de ministro-chefe da Casa Civil no novo governo Bolsonaro. O parlamentar gaúcho de 64 anos é articulador da campanha do presidente eleito desde 2017.

Médico veterinário, começou a vida política como dirigente de entidades da categoria no Rio Grande do Sul.

Ele foi citado na delação premiada da JBS como receptor de R$ 200 mil para caixa dois eleitoral. Lorenzoni preferiu admitir que havia recebido recursos não declarados para cobrir gastos de campanha, segundo ele em valor menor, de cerca de R$ 100 mil, mas afirmou que não houve contrapartida a essa doação, nem dinheiro público envolvido.

6) Deputado federal eleito Hélio Bolsonaro (PSL-RJ)

Subtenente do Exército, Hélio Fernando Barbosa Lopes, o homem que ficou o tempo inteiro atrás de Bolsonaro, foi o deputado federal mais votado no Estado Rio. Conhecido como Hélio Negão, candidatou-se com o nome de Bolsonaro acoplado ao seu. Foi eleito por 345 mil pessoas.