Já era esperada a queda do ex-ministro Ricardo Vélez Rodriguez. O colombiano naturalizado brasileiro,
escolhido a dedo pelo guru e mentor de expressivos segmentos do governo de Jair Bolsonaro, Olavo de Carvalho,
se mostrou fraco e incompetente para gerir um dos maiores orçamentos da Esplanada dos Ministérios. Em pouco
mais de três meses no cargo, Vélez demonstrou absoluto despreparo nos temas afins à sua atribuição,
escancarando o seu desconhecimento sobre as políticas educacionais necessárias ao país. Sua participação na
audiência pública da Comissão de Educação da Câmara Federal, no último dia 27 de março, foi a pá de cal sobre
sua breve e patética gestão, que se esforçou o quanto pôde somente em executar a política de militarização das
escolas, sua verdadeira obsessão enquanto foi ministro.
O novo ministro, também indicado por Olavo de Carvalho, é um homem advindo do mercado financeiro.
Abrahan Weintraub também não conhece os temas da educação, mas ao contrário de Vélez, se coloca como um
agente mais apto para dar consecução às políticas de mercantilização e privatização da educação brasileira,
fazendo jus à sua trajetória profissional de economista, marcada por passagens por bancos e corretoras.
Talvez o que mais possa parecer com o seu antecessor, como de resto é a marca mesmo de grande parte dos novos
ocupantes desse governo, é o tom xucro e vulgar desses que ora ocupam a Esplanada dos Ministérios em Brasília.
Exatamente à imagem e semelhança do atual presidente da República, o atual ministro também assume como
predileção em sua oratória falas de conteúdo agressivo com seus interlocutores, além de propagar as sandices que
já viraram marca desse governo, em especial quando se mostra obcecado em combater o suposto “marxismo
cultural” que, segundo o próprio, tomou conta do ambiente educacional.
Por mais de uma vez, o gestor que hoje ocupa o cargo de Ministro da Educação desqualificou pensamentos
políticos diferentes dos seus, incitando em palestra gravada e amplamente divulgada nas redes sociais que, ao se
deparar com alguém de esquerda (comunista ou socialista, em suas palavras), faça xingamentos contra essa
pessoa. Em outra oportunidade, ele defendeu que universidades de alguns lugares não podem oferecer cursos de
sociologia ou filosofia. É esse o nível do atual ministro da Educação do Brasil. Indigência política e moral, além
de incontinência verbal, são marcas cada vez mais comuns dos atuais gestores federais no Brasil, sob a égide
desse governo Bolsonaro.
Mas tudo isso fica pequeno diante do projeto privatista e mercantil que o atual ministro incorpora e
defende para educação. Como homem de mercado que é, esse ministro revela a opção política desse governo para
a educação brasileira. O objetivo, agora, mais do que nunca, é a mercantilização e privatização da educação,
fomentando o ralo do orçamento público para mãos privadas. O atual mandatário do MEC, além de manter as
políticas de militarização e de combate ideológico à esquerda, será fiador das políticas que irão repassar o dinheiro
público da educação para grupos nacionais e internacionais do “mercado educação”. E contra isso centraremos
nossas forças para permanentemente denunciar e barrar esse processo que, não nos iludamos, não será nada
parecido como a privatização de uma empresa pública em um leilão ou pregão da Bolsa de Valores.
A privatização da educação, como bem já denunciamos em várias oportunidades, quase sempre é precedida de
processos de mercantilização, lentos e graduais, que muitas vezes se passam de forma despercebida para a maioria
das pessoas. Assim se fará com nossa educação pública. Mas isso não se dará sem muita luta e resistência de
todos/as os/as trabalhadores/as em educação deste país. Barraremos esse projeto privatista e entreguista do
governo Bolsonaro!
Brasília, 09 de abril de 2019
Direção Executiva da CNTE
Fonte: Confederação Nacional dos Trabalhadores na Educação
Créditos: CNTE