Filho de um dos principais personagens do golpe militar de 1964, o presidente deposto João Goulart, João Vicente Goulart falou à TV 247 na noite deste domingo, 31 de março, sobre os 55 anos do golpe. João Vicente afirmou que, apesar dos malefícios advindos do regime militar, a ditadura defendeu mais a soberania do país do que o governo do presidente Jair Bolsonaro.
“Eu acho hoje essa posição do Bolsonaro muito pior, a ditadura de 1964 foi mais nacionalista em certas defesas de nossas estatais e da nossa soberania. Será que não tem ninguém que se diz patriota, defensor da pátria, que vista os uniformes militares e que tenha a dignidade de dizer ‘esse país é nosso?'”, indagou.
João Vicente, que foi candidato à presidência da República em 2018, criticou o vídeo em apoio à ditadura militar de 1964 divulgado neste domingo (31) por canais oficiais do governo. “Este vídeo divulgado é inconstitucional, até quando ele [Bolsonaro] vai continuar praticando essas inconstitucionalidades no Brasil? Até quando ele vai querer continuar acirrando o ódio e não pacificar a sociedade brasileira?”.
Para ele, o governo tem cometido ações que podem desencadear em um processo de impeachment do atual presidente da República. “Eu acho que o governo Bolsonaro não tem muito tempo para ter que responder também um processo de impeachment que pode nos levar à outra crise política, social e econômica”.
O filho de Jango lembrou ainda dos atos contra a ditadura que ocorreram em diversas cidades do país neste domingo 31. “Eu acho que eles (governo) demonstraram politicamente a sua incompetência porque os atos que ocorreram em São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro e Belo Horizonte e outras cidades estão mostrando que essa incompetência está levando o Brasil a uma situação de ódio”.
Ele também refutou as repetidas afirmações de Bolsonaro de que a ditadura não partiu de um golpe militar e fez uma retomada histórica. “Como não foi um golpe? O Bolsonaro tem a mania de dizer, não sei se por burrice histórica e por não ler um livro de história, que foi o Congresso que retirou o Jango do poder. Retirou sim, mas não foi o Congresso que demitiu. O Congresso ilegalmente convocado às pressas na madrugada do dia 2 de abril pelo seu presidente declara vaga a presidência da República com o presidente dentro do país. Veja só a ilegalidade que se cometeu nesse Congresso”.
João Vicente recordou ainda e defendeu a decisão tomada mais recentemente pelo Congresso Nacional, em 2014, que anulou aquela sessão de 1964, que depôs Jango. Para ele, a decisão, mesmo que simbólica, foi extremamente importante.
O ex-presidenciável também disse que defende uma revisão da Lei da Anistia e das investigações aplicadas contra os agentes da ditadura. “Nós temos que rever essas investigações e rever a Lei da Anistia para passar o país a limpo. Enquanto nós não passarmos o país a limpo vamos ter a continuidade das Forças Armadas ou do ‘capitão’ Bolsonaro querendo reconstruir a história do golpe. Nós temos que ter essa condição de não só contestar essa tentativa de revisionismo como temos que ter a dureza de exigir que nosso sistema jurídico, inclusive a Lei da Anistia, seja revisto para passar nosso país a limpo
Fonte: Brasil 247
Créditos: Brasil 247