Cartaxo, Cássio e Maranhão: destinos políticos cruzados
Por Flávio Lúcio Vieira
A proposta do presidente do PSDB paraibano, o ex-deputado federal Ruy Carneiro, de unir Luciano Cartaxo, José Maranhão e Cássio Cunha Lima em um único palanque, e já no primeiro turno da eleição de 2016 em João Pessoa, tem muitos significados, mas o principal deles é obedecer a uma estratégia comum que articulará 2016 a 2018. E por mais que Luciano Cartaxo resista, ela atende aos interesses dos três, e, principalmente, o do prefeito pessoense.
Cartaxo resiste porque sonha em repetir a mesma estratégia que levou Ricardo Coutinho ao Palácio da Redenção, em 2010. Na disputa de reeleição para a PMJP, em 2008, todos lembram, RC bancou uma chapa puro-sangue com ele e Luciano Agra, então no PSB, mesmo contando com o apoio de partidos que tinham amplas chances de compor a chapa de vice, como o PT e o PMDB.
RC foi de Agra e PMDB e PT tiveram que engolir a seco essa decisão. Os dois partidos fizeram isso porque não tinham opção, e nem candidatos para enfrentar o então prefeito com chances de vitória. Ficava ali irremediavelmente clara a intenção Coutinho de concorrer ao governo dali a dois anos. E assim ele fez.
Cartaxo pretende, como eu disse, repetir essa estratégia. Mas, Cartaxo não é Ricardo e os tempos são outros, bem como são outros os humores do eleitorado em relação ao atual prefeito. Nada indica que ele seja imbatível como era RC em 2008.
E por isso terá de negociar a vaga de vice. E a entregará ao PMDB.
Maranhão
Depois que foi derrotado em 2010, a obsessão que persegue José Maranhão é retornar ao governo da Paraíba. Reanimado pela vitória para o Senado, em 2014, Maranhão pode arriscar-se numa disputa nem correr riscos, a não ser de mais uma derrota para o governo.
E para esse projeto de viabilizar, Maranhão depende em grande medida da neutralização da candidatura de Luciano Cartaxo ao governo em 2018. Por isso, indicar o candidato a vice na chapa do atual prefeito de João Pessoa é fundamental, já que dificilmente Cartaxo se aventurará a deixar a prefeitura, caso se reeleja, nas mãos de um maranhista para lançar-se na disputa para o governo do estado.
Nesse caso, Lucélio voltaria a ser o nome a compor uma chapa para o Senado, ao lado provavelmente de Cássio.
Cássio
Diferente de Cássio Cunha Lima, cujo mandato de Senador termina em 2018. Cássio já não tem mais a “unanimidade” que dispunha antes como nome da oposição a agregar em torno de si as lamúrias de oposicionistas. Em 2014, ele resolveu ceder e deu no que deu.
Cássio está no fio da navalha. Uma derrota em 2018 na Paraíba o afastará dos holofotes da mídia nacional e abrirá caminho para uma contestação definitiva de sua liderança no estado, acelerando um decadência que parece cada vez mais visível.
Por sorte (de Cássio), Veneziano não conseguiu reunir a oposição em torno de sua candidatura e Adriano Galdino, um “forasteiro”, não parece reunir condições de competitividade para derrotar o esquema cassista na Rainha da Borborema. Mas, uma vitória por lá apenas dará sobrevida ao cassismo, não representando mais do que isso, que é a manutenção da influência da família Cunha Lima no segundo maior colégio eleitoral da Paraíba.
Por isso, nada indica – hoje − que Cássio pretenda se arriscar numa disputa ao governo em 2018. O que ele faz – e a proposta de Ruy Carneiro indica isso − é agrupar as peças no centro do tabuleiro.
Assim como aconteceu em 2010, quando, para sobreviver, abdicou da candidatura de Cícero Lucena para se concentrar em dois objetivos: eleger-se Senador e derrotar José Maranhão, contando que RC seria incapaz de enfrenta-lo dali a quatro anos.
Cartaxo
É claro que para o projeto de Luciano Cartaxo de chegar ao governo do estado se viabilizar ele precisa primeiro se reeleger, se possível com um vice de sua estrita confiança (Zennedy Bezerra). Só que a conjuntura não tem ajudado muito.
A crise política detonada logo após a reeleição de Dilma Rousseff e que colocou o PT no centro dos ataques da justiça, MPF e PF, com ampla cobertura da mídia, acabou consolidando a ideia de que, para Cartaxo, a melhor saída era desfiliar-se do PT, fazendo um movimento à direita.
É bom lembrar que esse movimento, apesar de inesperado, não foi abrupto, porque Cartaxo contava com o apoio do PSDB. Além disso, a crise política acabou por ter rebatimentos na economia o que afetou a arrecadação de todas as esferas de governo.
Radicalização política que obriga qualquer político a tomar posição – e desagradar um dos lados desse embate − e dificuldades financeiras – que dificultam a conclusão de obras e obrigam o administrador a cortar gastos em ano de eleição, − não compõem um quadro político dos sonhos de quem almeja reeleger-se.
É por isso que eu acredito que não restará outra alternativa a Luciano Cartaxo a não ser a aliança proposta por Ruy Carneiro que, caso se efetive, produzirá um fato político de grande relevância e gerará expectativas de vitória em um momento decisivo da disputa.
A aproximar todos a conjuntura estabelecida depois da ascensão de Michel Temer à Presidência, onde todos estão no mesmo barco
É esperar pra ver.
Fonte: https://eleicoes2016pb.wordpress.com/
Créditos: https://eleicoes2016pb.wordpress.com/