A deputada e outros sete pedetistas contrariaram a orientação partidária e votaram “sim” à reforma. Chamados de “traidores”, tiveram as atividades partidárias suspensas em meio a um processo interno que pode culminar em expulsão do PDT. Tabata foi o principal alvo de críticas de líderes partidários, como o vice-presidente da legenda, Ciro Gomes, que a acusou de fazer “dupla militância” e a incentivou a deixar o partido. No texto, Tabata lembrou que a sigla assumiu um compromisso com o movimento de renovação política Acredito, do qual é cofundadora e que defendeu “práticas partidárias mais democráticas”.
“Não me infiltrei no PDT, como dizem. Fui acolhida junto com minhas convicções. A carta assinada entre o Acredito e o PDT-SP destacava o compromisso de dar voz ao voto dos integrantes filiados e respeitar a identidade do movimento. Sei que tal documento não se sobrepõe às normas partidárias e não é disso que estou tratando, mas sim do absurdo de carimbar minha expressão como ato de rebeldia, quando exerci o direito de manifestação da minha consciência”, destacou a deputada, no artigo.
Em artigo anterior na “Folha”, ela já havia apelado por maior democracia interna nas legendas e se colocado como vítima de uma “perseguição política” . Desta vez, Tabata reforçou o compromisso assumido pelo PDT com o Acredito.
Tabata nega deslealdade
Depois da votação, o presidente do PDT, Carlos Lupi, destacou que o Conselho de Ética teria o desafio de garantir a unidade da bancada pedetista na Câmara, mas evitar a perda de cadeiras no Congresso. Caso expulse os “infiéis”, o partido não pode reivindicar os mandatos. Tabata negou que tenha traído a sua trajetória de defesa da população.
“Na leitura deles, neguei minha trajetória de comprometimento com os mais pobres, pus o establishment trabalhista abaixo e deveria ter a dignidade de me retirar do partido. Acolho essa parcela de ‘dor’ a que estou sendo submetida. Mas contraponho a narrativa das minhas supostas deslealdades e incoerência com a verdade da minha trajetória, publicamente esquadrinhada desde que anunciei a candidatura. Não fui eu quem traiu”, ressaltou a parlamentar.
“Fui chamada de traidora, por ousar, como parlamentar mulher e jovem, dizer sim a uma reforma da Previdência que havia mudado completamente desde sua apresentação. A proposta do governo foi a única a ser debatida no PDT, ainda em março, mas, mesmo assim, entenderam que, com meu voto, desafiei o partido e suas lideranças”, escreveu Tabata no artigo, em referência à votação de emendas, que alteraram o projeto original.
A deputada reforçou que o seu “sim” à reforma do governo seguiu a “crença” de poder beneficiar os mais pobres. Sem o rombo nas contas, haveria espaço para “investimentos urgentes” em áreas como educação e segurança, na visão dela. Tabata ainda argumentou que, nas eleições de 2018, o então candidato à Presidência Ciro Gomes defendeu diretrizes para a Previdência “que se aproximam muito do texto final” votado em primeiro turno na Câmara. Ela apontou que a proposta aprovada converge em dois terços com a do PDT, considerados destaques e emendas.