Depois da confirmação de quem disputaria o segundo turno na capital e com 15 dias restantes para a votação no segundo turno, que acontece neste domingo, 29 de novembro, os candidatos precisaram se mobilizar para conquistar o eleitor que deixou de ir às urnas, ou foi e não escolheu nenhum candidato.
Eles podem ser decisivos caso decidam optar por um dos dois no segundo turno. Mas qual foi a estratégia adotada para isso? Primeiro, é preciso entender que alguns motivos explicam o recorde de abstenções na capital e observar a expressividade dos números.
As abstenções nas eleições municipais em João Pessoa apresentaram um número maior do que os votos válidos alcançados por Cícero Lucena (Progressistas), que venceu no primeiro turno, realizado no domingo (15).
Cícero recebeu 75.610 votos válidos, equivalente a 20,72% da votação total.
Mas o que assusta são os 111.120 eleitores que deixaram de votar, número que corresponde a 21,28% do total.
A diferença para a votação de Cícero foi de 35.510 votos. No segundo turno com Cícero está Nilvan Ferreira (MDB), que teve 60.615 votos, o que vale a 16,61% dos votos válidos.
O primeiro turno registrou ainda 16.109 (3,92%) eleitores que votaram em branco e 30.189 (7,37%) que anularam o voto. Os dados foram divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), logo após o fim da apuração.
(Des) motivação do eleitor
Descontentamento com a política e a pandemia. São os dois principais motivos que fizeram o eleitor não depositar sua confiança em alguém através do voto. A pandemia por motivos óbvios: o medo da contaminação pelo vírus, devido as aglomerações, desrespeito do isolamento e distanciamento social.
Em 2016, 55.579 (11,37%) eleitores não votaram. A pandemia então pode ser atribuída como fator decisivo para quase o dobro de pessoas que votaram em 2016 não se dirigirem às urnas em 2020.
O descontentamento político também levou muita gente a preferir pagar R$3.51 de multa a sair de casa para exercer à cidadania. Descontentamento motivados pelas mais diversas razões, mas principalmente, a corrupção que levou à descrença.
Muitas opções e pouca qualidade? Alguns eleitores afirmaram ainda que nenhum dos 14 candidatos conseguiram gerar identificação.
Há ainda quem deixou de votar por estar fora do domicilio eleitoral.
E as estratégias?
No segundo turno, Cícero Lucena buscou alianças e conseguiu muitos apoios. Conquistou 21 dos 27 vereadores eleitos, contra apenas 4 que apoiaram Nilvan Ferreira. O ex-prefeito teve ainda o apoio de dois candidatos do primeiro turno (João Almeida e Carlos Monteiro) e outro partido que lançou candidatura própria (DEM). Além de vários representantes da atual prefeitura, mesmo com Luciano Cartaxo e o PV anunciando neutralidade.
Cícero foi moderado, adotou o discurso da experiência de quem já foi prefeito, governador, senador e ministro. Ele aproveitou o momento pandêmico para tentar passar segurança ao eleitor na gestão da crise pós-pandemia.
O progressista só atacou quando foi atacado e batia na tecla de colocar o oponente como “falsificador”, fazendo menção as investigações e a postura de Nilvan como radialista.
Nilvan fez alianças, teve o apoio do PSDB, mas não de Ruy. Seguiu o discurso do primeiro turno, não foi combativo como costumava ser nos programas de rádio e TV, foi moderado, mas sentiu que precisava apontar as investigações nas quais Cícero enfrentou, referentes a Operação Confraria.
Insistiu em apontar aquilo que vê como defeitos do adversário nos debates. Quanto a experiência, Nilvan rebatia e afirmava que “a experiência de gestor de Cícero não serve” e que “João Pessoa quer o novo”.
No geral, nada de muito inovador foi apresentado pelos dois candidatos a quem não quis sair de casa no dia 15. Pelo contrário, os casos de Covid-19 aumentaram e podem afastar ainda mais eleitores. Também não houve tentativa de desconstruir a insatisfação com a política.
Qual estratégia funcionou ainda é cedo para afirmar, a certeza mesmo só virá próximo às 19 horas do domingo (29), quando o TSE promete divulgar quem vai administrar João Pessoa pelos próximos quatro anos.
Fonte: Samuel de Brito
Créditos: Samuel de Brito/Polêmica Paraíba