Um laudo realizado pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) aponta que a conta do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), “filho 02” do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), recebeu, de 2005 e 2021, R$ 129,5 mil em depósitos em espécie — sendo R$ 91,4 mil sem origem identificada.
Os dados constam no laudo realizado pelo Laboratório de Tecnologia de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro do Ministério Público que investiga a “rachadinha” no gabinete de Carlos na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.
Segundo informações divulgadas pelo jornal Folha de S.Paulo, no laudo, um dos depósitos sem identificação, de R$ 10 mil, foi feito uma semana antes de Carlos assinar, em 2009, a escritura da compra de um imóvel estimado em R$ 70 mil na avenida Princesa Isabel, em Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro.
A investigação do MP-RJ sobre a prática de rachadinha foi iniciada com base em reportagem publicada pela revista Época, em junho de 2019, revelando que sete parentes de Ana Cristina Valle, ex-mulher do ex-presidente Bolsonaro e madrasta do vereador, foram empregados no gabinete de Carlos, mas não compareciam ao trabalho.
Em maio de 2021, a Justiça autorizou a quebra de sigilo bancário de 25 servidores ou ex-servidores da Câmara Municipal, além de cinco empresas, para investigar a prática de rachadinha. Ainda de acordo com o documento, o 02 recebeu em sua conta bancária oito depósitos em espécie ao longo dos 16 anos sob investigação da promotoria.
Depósitos sem origem
Entre 2005 e 2021, o laudo mostra que a conta bancária do vereador Carlos Bolsonaro recebeu créditos sem identificação de origem nas seguintes datas:
- Março de 2008: primeira movimentação com dinheiro em espécie sem identificação de R$ 30 mil;
- 12 de março de 2009: movimentação com dinheiro em espécie sem identificação de R$ 10 mil;
- 12 de março de 2009: outras quatro entradas em espécie sem identificação de R$ 1,6 mil;
- Janeiro de 2010: a maior quantia em dinheiro vivo sem identificação do depositante foi de R$ 45 mil.
Na quinta-feira, (4), foi revelado que o chefe de gabinete de Carlos Bolsonaro desde 2018, Jorge Luiz Fernandes, recebeu R$ 2,014 milhões em créditos provenientes das contas de outros seis servidores nomeados pelo vereador.
Movimentação financeira
O laudo constatou ainda que, entre 2009 e 2018, o chefe de gabinete de Carlos Bolsonaro recebeu créditos dos seguintes funcionários:
- Juciara da Conceição Raimundo (R$ 647 mil, em 219 lançamentos);
- Andrea Cristina da Cruz Martins (R$ 101 mil, em 11 lançamentos);
- Regina Célia Sobral Fernandes (R$ 814 mil, 304 lançamentos);
- Alexander Florindo Batista Júnior (R$ 212 mil, em 53 lançamentos);
- Thiago Medeiros da Silva (R$ 52 mil, em 18 lançamentos);
- Norma Rosa Fernandes Freitas (R$ 185 mil, em 83 lançamentos).
Fernandes é casado com uma das depositantes, Regina Célia, e é cunhado de Carlos Alberto Sobral Franco, que foi lotado no gabinete de Jair Bolsonaro quando o ex-presidente era deputado federal.
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Metrópoles