A possível candidatura do ex-ministro Sergio Moro (Podemos) à Presidência balançou a já tumultuada campanha de prévias do PSDB. A defesa por um representante da chamada “terceira via”, mesmo que fora do partido, cresceu após sua filiação partidária na última quarta (10).
Com discurso presidenciável e gritos de apoio, o ex-juiz quebrou a promessa de não se lançar no mundo político e tentou ao máximo se descolar do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), de quem foi ministro. Os tucanos devem eleger seu candidato no próximo dia 21.
No PSDB, a pré-candidatura é vista com atenção. Moro já era especulado como possível candidato há meses, mas, até pouco tempo, negava. Com tom eleitoreiro do evento do Podemos, tucanos que já apoiavam uma união entre partidos de centro-direita começaram a ensaiar um aceno a Moro.
O ex-juiz aparece em terceiro na pesquisa eleitoral divulgada pela Genial Investimentos e Quaest Consultoria na quarta (10), com 8% das intenções de voto, atrás apenas de Lula (PT), com 57%, e Bolsonaro, com 27%. Ele está tecnicamente empatado com Ciro Gomes (PDT), com 6%, que até então despontava sozinho na terceira colocação.
O ex-juiz está à frente dos dois principais presidenciáveis tucanos. Na simulação com o governador João Doria (PSDB-SP), o paulista aparece com 2%. Na lista com o governador Eduardo Leite (PSDB-RS), o gaúcho ostenta 1%.
Já a pesquisa da revista Exame e do instituto Idea, divulgada na sexta (12), revezou os nomes de Doria, Leite e Moro. Todos aparecem em quarto lugar, atrás de Lula, Bolsonaro e Ciro, respectivamente, mas Moro tem 9%; Leite, 6%; e Doria, 5%.
Os números chamaram atenção de muitos tucanos, em especial em Minas Gerais e no Sul, que veem uma chance de o partido conseguir compor uma chapa forte, sem ser o nome principal, reforçando a dita terceira via.
Para o deputado Pedro Cunha Lima (PSDB-PB), a avaliação de um candidato tucano concorrer ou não deve passar por uma “questão matemática”. Defensor de chapa única de terceira via, ele diz que Moro “aumenta a pressão” sobre o tema.
“Você via os candidatos [de centro-direita] cada um com 3% ou 4% e, quando coloca Sergio Moro, uma nova força eleitoral, você aumenta a pressão política sobre a viabilidade ou não de candidaturas separadas”, avalia.
Ele nega que haja qualquer movimento para dificultar a viabilidade das candidaturas tucanas, mas diz que é preciso “ter a responsabilidade de oferecer uma alternativa ao país contra a polarização de Lula e Bolsonaro”.
Esta ideia de unir possíveis candidatos de centro-direita em torno de apenas uma candidatura é considerada pelos outros presidenciáveis de fora do partido. Moro, Doria e o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (DEM) se reuniram em São Paulo no fim de setembro para debater um plano para viabilizar a terceira via.
Na proposta defendida pelos dois ex-ministros de Bolsonaro, os quase presidenciáveis de centro-direita se uniriam em torno de quem estiver melhor posicionado nas pesquisas em abril de 2022, os demais desistiriam de sua candidatura, declarando apoio. O plano foi rejeitado por Doria.
O governador paulista já foi próximo de Moro e chegou a sondá-lo para ir ao PSDB, mas tem se afastado. Ele programou ir a Brasília na filiação do ex-juiz, mas desistiu de última hora.
A avaliação de pessoas próximas é que Doria não deve se vincular à imagem de Moro e uma ida ao evento, que nada tem a ver com o PSDB, poderia ajudar a alimentar o discurso em prol da largada da candidatura.
Fonte: Lucas Borges Teixeira, do UOL
Créditos: Polêmica Paraíba