Montando estratégias:
Quem será o grande eleitor de 2020?
Por Francisco Airton
Em entrevista concedida ao programa Correio Debate, da FM 98.3, o ex-governador Ricardo Coutinho comentou sua posse à frente da Fundação João Mangabeira, órgão formulador de políticas públicas do PSB. A função dá a Ricardo, além do título de ex-governador a posição de figura estratégica na vida política do partido; tendo voz ativa no âmbito nacional, mas, essencialmente, na seara local, como não poderia deixar de ser. Ricardo deixou o governo da Paraíba ostentando bons resultados, elegendo seu sucessor e praticamente tendo nomeado todo seu staff do primeiro escalão.
O plano é simples, como presidente da Fundação do PSB, RC atuará como principal proponente de debates e ações de campo nacional a serem adotadas pelo partido.
O ex-governador é hoje um dos mais conceituados políticos no cenário nacional e na condição de ex-governador, atuará nos bastidores (ou não) para mover as pedras que surgirem no caminho para seu objetivo maior (apesar de garantir que esse debate não existe dentro do partido): voltar ao comando da Prefeitura Municipal de João Pessoa.
Na entrevista de quarta-feira, 16, isso ficou bem claro.
Perguntado sobre a acirrada disputa para o segundo biênio da mesa diretora da Assembleia, o ex-governador respondeu da maneira que mais lhe convém, dando recado: “Não quero uma base grande que não respeite o governo. Um projeto que elegeu 22 deputados não precisa de divisão. Precisa de respeito mútuo. Não tenho nenhum candidato. O que tenho é o desejo de ajudar João a unir a base e quem não quiser ficar, adeus”.
Mesmo tendo tido o cuidado de mencionar o atual governador, João Azevedo, Ricardo falou com a autoridade de quem continua no comando, deixando claro como as coisas ocorrerão daqui em diante. Uma posição que pode estar credenciada pelo índice de aprovação com que deixou o governo, fruto das ações que foram adotadas meticulosamente ao longo das últimas administrações (prefeito de João Pessoa por duas vezes e governador do estado, também, por duas vezes), dando-lhe, assim, fôlego para mexer as pedras certas no tabuleiro político!
Em outro ponto da entrevista partiu pra cima do prefeito Luciano Cartaxo, a quem acusou estar desmotivado a frente da gestão. Disse que a prefeitura perdeu a capacidade de investimentos com recursos próprios. Ignorando o fato de que em diversas áreas a gestão de Cartaxo ultrapassa a sua, sobretudo em número de creches, escolas e habitações populares. Mas ao que parece só isso não será o bastante nessa queda de braço, afinal esse tem sido o jeito RC de enfrentar seus oponentes políticos, (como uma máquina, um trator)!
Na última quarta, Coutinho deu o comando para os seus liderados partirem ao ataque da atual gestão municipal. E a ordem não demorou a ser atendida. Na noite da última quinta-feira, entidades ligadas ao governo estadual lançaram nota convocando mobilizações contra o aumento nas passagens de transportes coletivos. O argumento de que o aumento gerará impacto na vida do trabalhador, ao que parece, não alcança o absurdo aumento na conta de água. [sic] A lógica é essa: esqueçam os problemas da administração estadual e foquem na administração municipal. Ponto.
O fato é que a linha será daí para pior. Cabe agora saber quais serão as respostas que o prefeito Luciano Cartaxo dará ao volume de acusações que sua administração passará a sofrer de agora em diante.
Cartaxo, aliás, deveria aproveitar esse início de ano para promover mais mudanças no seu secretariado. Em muitas pastas é possível identificar resultados expressivos e de melhoria na vida da população, mas existem setores que, em muito, deixam a desejar.
Quem vê de fora fica com a sensação de que o prefeito anda num ritmo acelerado, mas parte dos seus auxiliares não, uma letargia que afeta inclusive o efeito que as boas ações trazem na vida das pessoas.
É como se as obras que são entregues pela prefeitura não tivessem o acompanhamento posterior junto aos beneficiários.
O que é ótimo para a oposição que acaba invadindo as bases e capitalizando com as ações que tanto critica. O resultado das urnas em 2018 é um traço disso. Ou o prefeito acorda do aparente marasmo administrativo e põe o seu trator para contra-atacar pondo em ação toda a sua pirotecnia, ou, do contrário perderá cada vez mais fôlego num jogo que não perdoa e não se admite erros!
Em síntese é isso. Se acertar, Luciano Cartaxo será o grande eleitor de 2020. Se errar, entregará essa posição de mão beijada para Ricardo Coutinho.
AUTOR:
Francisco Airton é radialista e escritor autônomo. Foi secretário municipal de educação de Bayeux durante a gestão do prefeito Jota Júnior.
Fonte: polemica paraíba
Créditos: polemica paraíba