NOVO NORMAL

Mercado de segunda mão cresce 24 vezes mais rápido que varejo e pandemia deve impulsionar consumo consciente

O ‘novo normal’ está modificando as formas de consumo em todo o mundo e a reconstrução de mercado passará a ter abordagens diferenciadas.  Comprar de forma consciência e apostar na sustentabilidade são hábitos que entraram na moda, pois a pandemia causada pelo coronavírus está forçando a sociedade a rever valores e mudar os hábitos. Pesquisa Ibope aponta que quase 70 milhões de brasileiros têm itens sem uso em casa e 84% deles querem vender esses objetos, o que representa um potencial de venda de R$ 262 bilhões só no Brasil. No Brasil, o mercado de segunda mão cresce 24 vezes mais rápido que o varejo, de acordo com levantamento do MMdaModa.

Com isso, a Frente Parlamentar de Empreendedorismo e Desenvolvimento Econômico da Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB), presidida pelo deputado Eduardo Carneiro (PRTB), tem discutido com o setor produtivo formas de comportamento de um novo mercado e oportunidades, uma delas são os negócios feitos pelos brechós que no Brasil, segundo o Sebrae, já são 14 mil empreendimentos. Durante a Semana do Empreendedorismo, realizada em novembro, a Frente Parlamentar discutiu a questão da economia criativa que vem ganhando força, estimulando a geração de renda, criação de empregos e produção de receitas.

Na Paraíba, algumas experiências podem ser destacadas como o ‘Brechó Jardim das Margaridas’ e o ‘Trocadin’, o primeiro clube de troca de roupas do Estado. Segundo Adriana Guimarães, empreendedora e idealizadora do projeto, a vida pós Covid 19 vai demandar adaptações e criatividade. Pensando nisso, foi que surgiu a ideia de desafiar a lógica do consumo com pioneirismo e inovação, apresentando uma nova maneira de usar e consumir roupas.

“Mais do que pensar na vida pós-quarentena, precisamos pensar quais mudanças precisam ser feitas hoje, e como podemos usar esse choque no sistema para refazer nosso mundo para melhor. Estudos e artigos vêm apontando alguns conceitos que passarão afazer parte da nossa vida, são eles: colaboração, simplicidade,  propósito, criatividade, consumo consciente, inovação. Esse cenário favoreceu a criação do TrocaDin”, destacou Adriana.

Ela explica que o ‘TrocaDin’ é um programa de troca de roupas para usuárias interessadas em renovar o armário através da troca de peças que serão divididas em dois grupos: o das Sementes e dos Grãos, sendo a contribuição simbólica para a manutenção do Serviço. “A proposta do TrocaDin é apresentar um serviço de maneira justa e acessível a todos. Queremos disseminar a prática do desapego de itens que estão parados no guarda-roupa, mas que podem ter utilidade e serventia para outras pessoas”, disse.

Já no ‘Brechó Jardim das Margaridas’, Adriana explica que o acervo conta, que com mais de 600 peças, está à disposição para cada usuária trocar entre 5 e 10 peças mensalmente. “Definimos essa quantidade pois partimos do princípio que ninguém precisa ter mais de 10 itens novos em seu guarda-roupa em um período um mês”, observou.

Outra experiência de sustentabilidade é a do Brechó Fábio Rodrigues, localizado também em João Pessoa. Segundo Fábio, a iniciativa partiu da sua mãe no ano de 2001 como forma de incrementar a renda familiar. Depois de observar o negócio, chegou a fazer um estudo de campo na área e decidiu aplicar o garimpo de peças vintages originais como ponto principal da loja. “Viajo a cada dois meses para fora do estado para buscar peças e catalogá-las”, destacou.

De acordo com Fábio Rodrigues, outro diferencial é que o brechó também trabalha com a customização de peças. “Muitas de nossas peças são customizadas por mim. Esse é um trabalho que tem nos garantido um bom retorno dos clientes”, afirmou, revelando que com a pandemia as vendas caíram com o fechamento da loja física, mas que o trabalho continua agora com vendas online e entrega em domicílio. “Estamos até nos organizando para vender para todo o Brasil”, comemorou.

Investimentos – Segundo relatório da GlobalData com a ThredUp, a previsão de crescimento nesse setor era de 24 bilhões de dólares em 2019, para 51 bilhões até 2024 – considerando um cenário pré-pandemia. O relatório chega a pontuar o segmento dos brechós como a verdadeira ameaça ao mercado de fast-fashion.

Uma série de fatores faz com que o mercado dos brechós se desenvolvam com a pandemia. Entre eles estão a desmistificação da roupa usada e abertura de mercado através de brechós de luxo, que deram entrada à remodulação de espaços para trabalharem com foco em curadoria de peças usadas, afastando o estigma comum de lojas amontoadas ou destinadas a produtos populares.

“Com o distanciamento social se destacam as empresas que já haviam migrado para abordagens digitais, mas mais ainda aquelas que possuem abordagens propositivas e não apenas pautadas na aspiração do ter – ainda mais em se tratando de produtos não essenciais como roupas. Os negócios deverão se reinventar sendo completamente transparente e sustentável, agregando valor social em seus produtos, e de preferência estar online”, disse Eduardo.

Segundo o presidente da Frente Parlamentar, o ‘novo normal’ traz novas formas de consumo com adaptações nas lojas físicas, atendimento unitário e com hora marcada, aluguel de roupas, aumento das vendas online, crescimento de brechós, guarda-roupa compartilhado ou troca de roupas entre amigos, maior reconhecimento de marcas nacionais, a alta procura por peças de qualidade e não mais por baixo preço, lojas sustentáveis, além da procura acentuada por venda de máscaras de proteção.

Fonte: Assessoria
Créditos: Polêmica Paraíba