A logo, a marca de um globo com o lema “Ordem e Progresso – Brasil – Governo Federal”, é uma criação do marqueteiro Elsinho Mouco para o novo governo temer, após o afastamento de Dilma Rousseff
O logo é uma criação do marqueteiro Elsinho Mouco para o presidente interino Michel Temer
A marca do governo do presidente interino Michel Temer, sintetizada no slogan “Ordem e Progresso”, foi feita por uma agência e um marqueteiro que não têm contrato com a administração federal, sem nenhuma das formalidades que cercam os negócios públicos, como licitação ou tomada de preços.
A peça, um globo com o lema “Ordem e Progresso – Brasil – Governo Federal”, é uma criação do marqueteiro Elsinho Mouco, que trabalha para o PMDB e para o próprio Michel Temer.
Ele disse à Folha que vai doar oficialmente a peça para a Secretaria de Comunicação da Presidência. Se não houver a doação, a marca não poderá ser usada pelo governo em campanhas, ainda de acordo com o marqueteiro.
Mouco estima que a peça custaria por volta de R$ 100 mil se fosse produzida por uma agência de publicidade. A Presidência da República tem contratos com três agências que poderiam ter feito a nova marca: Leo Burnett, Nova/SB e Propeg.
As três gerenciam verba anual de R$ 150 milhões para a publicidade oficial da Presidência. Quando a conta inclui os ministérios, os gastos anuais com publicidade sobem para cerca de R$ 1 bilhão.
‘NÃO ACHO RUIM’
Mouco afirma não ver problemas no fato de a nova marca ter sido criada informalmente, sem qualquer contrato. “Não acho ruim porque estou há 15 anos com ele”, diz, referindo-se a Temer. “Estou tão emocionado. É uma batalha. Não cheguei ontem.”
Uma alternativa à doação, segundo Mouco, seria ser contratado por uma das três agências que atendem à Presidência. “Qualquer uma delas pode me contratar.”
A informalidade com que Mouco criou o slogan de Temer é similar à do marqueteiro João Santana, que atuou no governo de Dilma Rousseff (PT), afastada pelo Senado por até seis meses, período que pode durar o julgamento do impeachment.
Santana foi o autor do lema “Pátria Educadora”, também feito sem contrato e posteriormente doado à União.
Os investigadores da Operação Lava Jato suspeitam que empreiteiras pagaram, por meio de caixa dois, pelos trabalhos que Santana diz ter doado ao governo petista – o que a defesa do marqueteiro nega enfaticamente. Santana está preso desde fevereiro, sob acusação de corrupção e lavagem de dinheiro, o que a sua defesa também refuta.
Mouco é um especialista em PMDB. Já atuou nas campanhas de Gabriel Chalita para a Prefeitura de São Paulo, em 2012, e na de Edison Lobão Filho para o governo do Maranhão, em 2014. Perdeu nesses dois casos.
O marqueteiro está em negociações para cuidar da campanha da senadora Marta Suplicy (PMDB-SP) para a prefeitura paulistana.
Apesar da forte vinculação com o PMDB, Mouco venceu uma campanha, a de Jackson Lago (PDT) para o governo do Maranhão, em 2006.
OUTRO LADO
Procurada pela reportagem, a assessoria do presidente interino Michel Temer não quis comentar nesta sexta (13) o modo como foi criado o novo slogan do governo.
Fonte: Folha de S. Paulo