'Manoel: O obstinado' - Por Laerte Cerqueira

Afora a obstinação, Manoel só tem certo, mesmo, o apoio do senador José Maranhão

conselho-de-etica-confirma-que-nao-recebeu-ligacoes-de-manoel-junior-como-noticiou-o-globo.jpg.280x200_q85_cropO deputado federal Manoel Júnior (PMDB) tem demonstrado cada vez mais obstinação por seu projeto: ser candidato a prefeito de João Pessoa. Não é teatro, jogo ou blefe. É vontade das grandes. E, no caso dele, nada, e nenhum episódio político adverso, parece desestimular ou arrebentar o seu foco. Manoel enfrenta a polarização antecipada da eleição entre PSD e PSB, as dúvidas do PSDB, as incertezas dos partidos que podem ser aliados, a imagem negativa que a relação íntima com presidente da Câmara, Eduardo Cunha, trouxe. Mas nada parece desestabilizar a crença de que seu nome é viável.

Afora a obstinação, Manoel só tem certo, mesmo, o apoio do senador José Maranhão (PMDB) e de colegas de partido (não são todos). Mas espera ir mais longe e ampliar o número de “crentes”. Primeiro, deve insistir com tucanos. Mostrar a necessidade de dar uma terceira opção ao eleitorado pessoense. Para isso, deve lembrar, em algum momento, ao principal líder do PSDB, senador Cássio Cunha Lima, que brigou com seu partido (o PMDB) em 2014, para apoiar o tucano na candidatura ao governo do Estado.
Duas grandes legendas juntas, com um nome competitivo, poderão atrair outros partidos menores, insatisfeitos com a gestão Cartaxo e com a possibilidade de dar mais força ao projeto político do PSB. Manoel já deve estar trabalhando para isso, tentando atrair partidos que podem fazer toda diferença na consolidação da chamada terceira via. Como o Pros, PP, PPS, PSC, PR e até o PTB, de Wilson Filho, que se intitulou pré-candidato a prefeito, mas ainda não se firmou.

O pré-candidato peemedebista ainda tem tempo de fazer muito barulho e é isso que deseja. Ele não abre mais “nem para um trem”. Já fez isso em outros momentos. Em 2004, virou vice de Ricardo Coutinho, depois que José Maranhão “entregou” o PMDB ao PSB. Também cedeu em 2012, quando Maranhão, vindo de uma derrota na disputa pelo governo, resolveu se aventurar num cenário nada confortável. Dessa vez, Jr. quer ir até o fim. Não tem o que perder. Maranhão tem uma dívida com ele.

Manoel não entra na disputa como favorito, nem como segunda força. Tem rejeição, principalmente daqueles que questionam sua atuação parlamentar (os últimos episódios contaram muito), mas demonstra uma coragem que pode convencer; perseverança que pode envolver um número de partidos para tornar o projeto viável. Nesse quadro de indefinição, Manoel ainda é peça viva, opção, pode surgir como refúgio. Não dá para subestimar um obstinado.

Anomalia

Avalizando projeto de Manoel, o senador José Maranhão voltou a dizer que candidatura dele é irrevogável. Dar marcha à ré seria uma “anomalia”, disse Maranhão.

Conjuntura

Mas vale lembrar que o próprio Maranhão, em outro momento, já disse que acordos e decisões na política mudam de acordo com os cenários, com conjuntura.

Luz vermelha

A informação de que o governo estadual pode deixar de pagar os servidores dentro do mês trabalhado, esticando até o quinto dia útil do mês posterior, acendeu a luz vermelha no funcionalismo. O cenário turvo já havia sido registrado há alguns dias pelo secretário Tárcio Pessoa (Orçamento e Gestão). Porém, há quem acredite que o governo está preparando o terreno, já justificando (alertando) o não cumprimento da data-base.

Difícil
A mensagem subliminar é: “não estamos pagando em dia, como vamos conseguir aumentar salários e criar despesas com reajustes?” De 2014 para cá, a queda no FPE foi de mais de 50%.

Rastro
Seguindo o rastro de outros prefeitos e do governador, Leto Viana, prefeito de Cabedelo, resolveu fechar a torneira do carnaval. Nada de festa com recursos públicos.

Justificativas
A alegação é a mesma: para manter o equilíbrio das contas, evitar atraso de salários e manutenção de serviços públicos essenciais.

Insustentável
O deputado federal Efraim Filho (DEM) se posicionou de maneira mais enfática contra Eduardo Cunha (PMDB). Para ele, a situação do presidente da CF é insustentável.

Satisfação
Apesar de ser governista, o deputado estadual Ricardo Barbosa (PSB) ficou satisfeito com a decisão da Justiça de “derrubar” (com liminar) a TAC das novas regras para Areia Vermelha.

A favor
A decisão de fazer as mudanças, com proibições no ponto turístico, é comandada pelo Estado, mas parece que RB e outros governistas não são a favor das medidas.

Quentura
O senador Maranhão coloca mais fogo na relação com PSB quando diz que seu candidato, Manoel Júnior (PDMB), é mais forte e tem mais potencial que João Azevedo.

Guardando
O senador fala a verdade, se levarmos em conta o cenário de hoje. Mas, como a contrariedade dói mais nos socialistas, nada será esquecido. E será relembrado no momento certo.

Jornal da Paraíba