O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que vem mantendo discrição sobre o projeto de lei que quer obrigar as empresas bilionárias a emprestarem dinheiro para ajudar o governo a combater o coronavírus, disse nesta terça-feira (21) que é contra a ideia. Na opinião de Maia, o empréstimo compulsório seria uma sinalização ruim. “Gera uma preocupação para as empresas. Muitas delas têm segurado os empregos e a nossa prioridade é garantir as vagas”, afirmou ele.
À coluna, Maia afirmou também que está conversando com os deputados para tentar convencê-los. O presidente da Câmara tem um bom trânsito com o empresariado, que tem pavor da ideia de um empréstimo compulsório. Maia, porém, sofreu pressão do Centrão.
Pelo projeto, do deputado Wellington Roberto (PL-PB), seria estabelecido um empréstimo compulsório que autorizaria o governo a cobrar até 10% do lucro líquido de 2019 para empresas com patrimônio líquido de ao menos R$ 1 bilhão. A votação para o projeto tramitar em regime de urgência está na pauta da Câmara nesta quarta (22).
Em uma ação conjunta, entidades representantes de diversas indústrias estão gravando vídeos para enviar aos parlamentares pedindo que não avancem com a proposta.
Os vídeos foram feitos por presidentes da Abimaq (de máquinas e equipamentos), Aço Brasil (produtores de aço), CervBrasil (cerveja), Abia (alimentos), Interfarma (farmacêuticas), Abit (têxteis), ABCP (cimento), Anfavea (automóveis), Abrinq (brinquedos), Abipla (higiene e limpeza) e outras.
Em comum, eles dizem que as empresas estão enfrentando problemas de caixa e dificuldade de acesso a crédito e defendem que o empréstimo compulsório agravaria a situação. Quem coordena o movimento é a CNI.
Marco Polo, presidente-executivo do Instituto Aço Brasil, diz que a indústria ajuda a enfrentar a pandemia oferecendo ventiladores, respiradores, máscaras e construindo hospitais de campanha. Segundo Luiz Carlos Moraes, da Anfavea, o projeto ameaça a manutenção de empregos.
Fonte: Folha de São Paulo
Créditos: Folha de São Paulo