Enquanto a Câmara é vista como uma Casa menos polida, com mais confusões, o Senado é tido pelos políticos como sinônimo de experiência. Historicamente, a média de idade dos senadores é alta, muitos já com vasta experiência na política, como ex-governadores. Nos últimos anos, essa ideia tem mudado e o Senado vem deixando de ser um local para se aposentar na política. Mudança positiva, visto que é por lá que as decisões essenciais para os rumos do país passam antes de serem sancionadas pelo presidente.
Ser senador é um cargo importante, o nome impõe respeito e é o sonho de muitos políticos: ex-governadores, ex-presidentes, atuais deputados, quase todos querem chegar ao parlamento. Na Paraíba, algumas eleições para senador foram marcadas por disputas acirradas, com até 5 candidatos com chances reais e nomes pesados na disputa. No ano que vem, uma vaga vai estar em jogo e há carência de um nome de peso, mas os bastidores já começam a se movimentar.
Apesar de alguns evitarem antecipar os cenários devido a crise sanitária provocada pela pandemia do novo coronavírus, os bastidores já contam com articulações, seja no Executivo ou no Legislativo. Efraim Filho (DEM) já colocou seu nome na mesa, com o apoio inclusive do atual vice-presidente da Casa, Veneziano Vital.
Outro que se articula é Aguinaldo Ribeiro (PP), líder da maioria na Câmara, Aguinaldo quer se juntar a irmã no Senado e já se articula com prefeitos no interior. A dúvida é apenas quanto as alianças. Hoje aliado de João Azevêdo, a parceria se mantém até o ano que vem? Ou será que Daniela vai tentar o governo, numa chapa caseira?
Quem também deve se lançar a disputa é Bruno Roberto (PL), filho do deputado Wellington Roberto, visto como um articulador. Bruno foi candidato a vice-governador em 2018, na chapa com Zé Maranhão.
Ainda com a temperatura baixa, mas com cartas na mesa, é hora de relembrar as últimas eleições para senador do estado, de 2002 até 2018, com disputas acirradas. O levantamento leva em conta apenas os candidatos que tiveram mais, ou em torno, de 100 mil votos.
2002
Em 2002, a disputa foi acirrada entre nomes pesados da política do estado. Independente de lado político, cinco nomes disputaram com chances de eleição. Na chapa de Roberto Paulino, concorreram os emedebistas José Maranhão e Tarcísio Burity, ambos ex-governadores. Ao lado de Cássio, governador eleito, estiveram Efraim Moraes e Wilson Braga, ambos do então PFL, hoje DEM.
Houve ainda uma terceira chapa, de esquerda, encabeçada por Avenzoar Arruda, a época no PT. Para o Senado, tentou a vaga a hoje vice-governadora Lígia Feliciano, em 2002 no PSC.
Ao fim da apuração, José Maranhão e Efraim Moraes ficaram com as vagas. Wilson Braga e Tarcísio Burity vieram em sequência. Logo atrás, Lígia Feliciano.
José Maranhão (PMDB) – 831.083 votos
Efraim Moraes (PFL) – 594.191 votos
Wilson Braga – 591.390 votos
Tarcísio Burity – 510.734 votos
Lígia Feliciano – 169.895 votos
2006
Quatro anos depois, estava em jogo apenas uma vaga no Senado, portanto a disputa teve menos nomes e ficou concentrada em Cícero Lucena, a época no PSDB e Ney Suassuna, no PMDB, que tentava a reeleição. Suassuna era senador eleito em 1998 e estava na chapa com José Maranhão, que tentava o governo. Cícero, que já havia sido governador do estado, assumindo após Ronaldo Cunha Lima e prefeito de João Pessoa, estava com Cássio Cunha Lima, governador reeleito e que teve o mandato cassado.
Cícero derrotou Suassuna com uma diferença de mais de 75 mil votos. Em terceiro lugar ficou o cantor e compositor Vital Farias (PSOL).
Cícero Lucena (PSDB) – 803.600 votos
Ney Suassuna (PMDB) – 725.502 votos
Vital Farias (PSOL) – 99.966 votos
2010
Novamente com duas vagas em disputa, a eleição em 2010 voltou a ter vastidão de nomes. Dessa vez, foram 4 candidatos com chances reais de eleição. Nesse ano, houve mudança no governo do estado, Cássio Cunha Lima havia sido cassado, mas não perdeu os direitos políticos e tentou a vaga ao Senado. O detalhe é que, em 2010, houve uma das alianças mais controversas da política paraibana, entre Cássio e Ricardo Coutinho, governador eleito naquele ano. Junto aos dois na chapa, estava Efraim Moraes, eleito em 2002, tentava renovar seu mandato para o Senado.
Do outro lado, José Maranhão, então governador, tentava a eleição, numa chapa que tinha o atual ministro do TCU (Tribunal de Contas da União), Vital do Rêgo Filho, e Wilson Santiago, a época também no PMDB.
Ao fim das contas, foram eleitos um de cada lado: Cássio Cunha Lima, com mais de 1 milhão de votos, votação recorde para o Senado na Paraíba, e Vitalzinho.
Cássio Cunha Lima (PSDB) – 1.004.183 votos
Vital do Rêgo Filho (PMDB) – 869.501 votos
Wilson Santiago (PMDB) – 820.653 votos
Efraim Moraes (DEM) – 692.451 votos
2014
Em 2014, Cássio e Ricardo estavam em lados opostos e rivalizaram na disputa pelo governo do estado. Para o Senado, Cássio escolheu Wilson Santiago, agora no PTB, que esteve com Maranhão em 2010. Já com Ricardo, estava Lucélio Cartaxo, a época no PT, irmão do então prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo. Houve ainda uma terceira via na disputa, o senador Vital do Rêgo Filho tentou o governo e José Maranhão tentava voltar ao Senado e acabou eleito.
Com 647.271 votos, Maranhão desbancou os candidatos dos dois governadores que foram ao segundo turno.
José Maranhão (PMDB) – 647.271 votos
Lucélio Cartaxo (PT) – 521.938 votos
Wilson Santiago (PTB) – 506.093 votos
2018
Duas vagas em jogo e 2018 remeteu a 2002, novamente cinco nomes na disputa, entre eles dois ex-governadores. O cenário se desenhou com João Azevêdo, a época no PSB e apoiado pelo então governador Ricardo Coutinho, lançando Veneziano, também no PSB e Luiz Couto (PT) ao senado. Lucélio Cartaxo, que esteve com Ricardo em 2014, mudou de lado e tentou o governo. Com ele, Daniela Ribeiro (PP) e Cássio Cunha Lima (PSDB) tentaram as vagas. Por fim, José Maranhão se candidatou ao governo e lançou apenas Roberto Paulino, ex-governador, a disputa.
Nas pesquisas, Cássio Cunha Lima liderava, mas ao fim da apuração todas erraram. Senador eleito em 2010 com votação recorde, não foi perdoado pelo processo do impeachment que o desgastou em 2014 e ficou apenas com a quarta colocação. Os eleitos: Veneziano Vital e a surpreendente Daniella Ribeiro. Luiz Couto ficou próximo, em terceiro.
Veneziano Vital do Rêgo (PSB) – 844.786 votos
Daniela Ribeiro (PP) – 831.701 votos
Luiz Couto (PT) – 792.420 votos
Cássio Cunha Lima (PSDB) – 601.343 votos
Roberto Paulino (PMDB) – 262.998 votos
Fonte: Samuel de Brito
Créditos: Samuel de Brito/Polêmica Paraíba