Durante o mês de julho, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai percorrer o seu principal reduto eleitoral. No Nordeste, Lula vai promover encontros com dirigentes do Centrão, bloco partidário que compõe a base aliada de Jair Bolsonaro (sem partido) no Congresso Nacional. A ideia é conquistar apoios regionais para sua candidatura e evidenciar publicamente que a coalizão partidária não é unânime no respaldo à atual gestão federal ou em uma eventual reeleição do atual presidente, principalmente por deputados e senadores do Nordeste.
Na Bahia, por exemplo, primeiro destino da caravana que deve ser iniciada no final de julho, Lula programa um encontro com o vice-governador, João Leão, do PP. A ideia é que participem da reunião integrantes da bancada federal da sigla na Bahia. No Piauí, a ideia é que o ex-presidente petista se encontre com lideranças do PSD, partido que, no estado, integra a base de apoio do governador Wellington Dias, do PT.
A defesa de dirigentes petistas é de que Lula aproveite a passagem pelo Piauí para se reunir com o senador Ciro Nogueira, presidente nacional do PP, e um dos líderes do Centrão mais afinados ao governo federal.
Já na Paraíba, o ex-presidente se encontra com o governador João Azevêdo, do Cidadania. A intenção é de que ele se reúna também com o deputado federal Aguinaldo Ribeiro, do PP, e com o ex-prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, do PV.
Para as viagens pelo Nordeste, Lula planeja fazer um discurso em defesa da vacinação contra o coronavírus e na adoção de políticas sociais para o combate à pobreza, na tentativa de fazer um contraponto a Bolsonaro. Para evitar aglomerações, a agenda de encontros do petista não será divulgada. A ideia é de que ele participe de reuniões pequenas e fechadas, respeitando as orientações de distanciamento social da OMS (Organização Mundial de Saúde).
Nos últimos meses, Bolsonaro tem intensificado viagens oficiais à Região Nordeste, justamente na tentativa de avançar sobre um eleitorado que apresenta maior rejeição ao atual governo na comparação a outras regiões do país.
Análise, por Samuel de Brito
O movimento do ex-presidente Lula remete a uma das principais características do petista: a capacidade de articulação. Ao mirar em integrantes do Centrão, Lula não quer fidelidade, quer alianças. Ele sabe o que partidos como o PP não podem prometer. No entanto, podem ser úteis e fundamentais em uma eleição. Ao perceber que integrantes do partido não estão satisfeitos com a gestão federal, Lula entende que, principalmente no Nordeste, seguir com Bolsonaro é minar seu próprio campo.
Deputados do PP na região dificilmente estarão com o atual presidente. “Bolsonar custa caro” por essas terras. O próprio Ciro Nogueira, presidente nacional do partido, sabe disso. Em 2018, foi eleito com o slogan “Ciro é Lula” e campanhas ferrenhas na defesa do ex-presidente. Ciro é do Piauí, estado nordestino que sabe o que Lula fez pela sua população. Bastou ser eleito para Ciro não ser mais Lula. Ele vai com quem tiver no poder, ele e o PP. Não é de se estranhar que Ciro volte a ser Lula em 2022, já que popularidade de Bolsonaro já é quase inexistente no Nordeste.
E nessa lógica, deputados e senadores do PP na região também sabem o lado que acarreta votos: o de Lula. O ex-presidente já percebeu esse movimento e mira encontros com tais políticos porque sabe que o terreno é fértil.
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Fonte: CNN
Créditos: Polêmica Paraíba