eleições 2022

Lula recupera maioria das cidades que deixaram PT em 2018

Além da retomada de redutos tradicionais, Lula venceu em 30 das 459 cidades onde o PT não ganhou em nenhum primeiro turno de eleições presidenciais desde 2002

Para garantir a vantagem no primeiro turno das eleições, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contou com a retomada de 226 redutos eleitorais petistas que haviam debandado para outros partidos em 2018.

Com 99,9% das urnas apuradas até a conclusão desta reportagem, Lula tinha 48,4% dos votos válidos neste domingo (2) e vai para o segundo turno contra Jair Bolsonaro, que tinha 43,2%.

Levantamento da Folha de S.Paulo avaliou as 357 cidades que votaram majoritariamente nos candidatos do PT no primeiro turno entre 2002 e 2014, mas optaram por Jair Bolsonaro (PL, então no PSL) ou por Ciro Gomes (PDT) em 2018. A análise leva em consideração os dados totalizados até as 23h.

Houve um empate em Coronel Sapucaia (MS) entre os dois candidatos que vão para o segundo turno, que terminaram com 4.254 votos. A disputa já havia sido apertada em 2018: 40% a 38,6% para Bolsonaro.

No grupo de municípios retomados, Lula obteve 48,3% dos votos válidos neste primeiro turno. Recebeu mais da metade dos tentos em 156 desses lugares.

Em Ananindeua (PA), a diferença foi a mais apertada: 45,3% dos votos válidos ao petista, ante 43,6% do atual presidente. Em 2018, o capitão reformado obteve o mesmo percentual de votos, superando os 24,8% de Fernando Haddad (PT). Na ocasião, o agora candidato ao governo de São Paulo foi o substituto de Lula, que teve sua candidatura barrada pela Justiça.

Por outro lado, a vitória mais expressiva foi em Várzea Alegre (CE), onde Lula ficou com 80% dos votos –Bolsonaro teve 14,5%. Por ali, a vitória em 2018 foi de Ciro Gomes, com 46,3% dos votos (ficou com 4,3% neste pleito).

No primeiro turno de 2018, sete capitais onde o PT reinava preteriram o partido. Elas se concentraram principalmente na região Norte. Jair Bolsonaro levou Manaus, Belém, João Pessoa, Natal, Macapá e Porto Velho. Além delas, Fortaleza migrou para Ciro Gomes.

Agora, quatro dessas voltaram para o PT: Belém, João Pessoa, Natal e Fortaleza.

Em Manaus, Jair Bolsonaro teve um percentual menor dos votos do que em 2018, mas ainda ficou acima dos 50%. Os 57,3% do primeiro turno da eleição anterior viraram 53,6% agora, ante 37% de Lula.

Foi na capital amazonense que o atual governo viveu um de seus momentos mais críticos durante a pandemia do coronavírus. Em janeiro de 2021, a falta de oxigênio em hospitais provocou caos no sistema de saúde local.

O colapso na região foi um dos principais pontos explorados pela CPI da Covid, que sugeriu indiciamento de Bolsonaro e de outros membros de seu governo. A comissão foi presidida pelo senador Omar Aziz (PSD), reeleito no estado após disputa acirrada com Coronel Menezes (PL), do mesmo partido do presidente.

O governador do estado e candidato a reeleição, Wilson Lima (União Brasil), dividiu palanque com o presidente, mas chegou a ser vaiado. Além da crise com a Covid, sua gestão foi marcada por crises ambientais e de segurança, bem como suspeitas de corrupção.

No estado de São Paulo, onde os candidatos focaram suas campanhas, o PT conseguiu retomar 20 dos 27 redutos eleitorais que havia perdido para Bolsonaro em 2018. Mesmo assim, a vantagem nos votos recebidos no estado foi de Bolsonaro.

Francisco Morato, na região metropolitana da capital, ilustra bem a retomada petista. Por lá, a situação foi a mais apertada entre os redutos eleitorais do PT com mais de 10 mil habitantes convertidos na eleição passada -37,4% a 32,6% para Bolsonaro ante Haddad. Agora, Lula conquistou 57,9% dos votos e o atual presidente, 33,5%.

Na outra ponta da lista está Sumaré, na região de Campinas. Por ali, também reduto petista, Bolsonaro ganhou com folga em 2018: 57,2% a 20,6%, uma diferença de 36,6 pontos percentuais. Apesar de ter visitado pessoalmente a região, Lula não conseguiu reverter a situação por ali: teve 40,1% dos votos, ante 51%.

Junto de Guilherme Boulos (PSOL) e Fernando Haddad, Lula visitou uma ocupação do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) na região em maio deste ano. Na ocasião, ele prometeu transformar a área em um bairro.

 

Fonte: IG
Créditos: IG