Na movimentada entrevista que concedeu, ontem, em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentou as eleições para presidente da Câmara Federal e do Senado previstas para amanhã e assegurou que vai respeitar as escolhas de nomes para as Mesas feitas pelos parlamentares, sem que haja qualquer interferência sua.
“O meu presidente do Senado é aquele que ganhar e o da Câmara é aquele que ganhar. Vou respeitar e estabelecer uma nova relação”, sublinhou. Conforme ele, “é uma questão dos partidos políticos e dos deputados e senadores. O presidente da República não se mete nisso”.
Segundo o petista, se os favoritos, o deputado federal paraibano Hugo Motta, Republicanos, e o senador Davi Alcolumbre, do União Brasil-AP, forem eleitos, “é com eles que faremos as tratativas”.
No processo inicial de lançamento da candidatura de Hugo Motta ao comando da Câmara, com o apoio do atual presidente Arthur Lira, Lula chegou a receber o deputado paraibano em audiência e se disse impressionado por ele ser “muito jovem”. Voltou a se encontrar com Motta em outra oportunidade.
O Partido dos Trabalhadores declarou apoio à candidatura do representante do Republicanos, o que foi reafirmado ainda agora pela presidente nacional Gleisi Hoffmann, tendo pautado algumas reivindicações, entre elas a nomeação de um petista para o Tribunal de Contas da União.
Hugo Motta é o favorito no páreo na Câmara depois que o atual presidente Arthur Lira articulou para lançar um nome com apoio dos partidos antagônicos PT e PL. O Psol e o Novo são os únicos partidos que não apoiam Motta. As siglas lançaram, respectivamente, as candidaturas dos deputados Pastor Henrique Vieira (Psol-RJ) e Marcel Van Hattem (Novo-RS).
Na nota em que oficializou a indicação do paraibano para o posto, o Republicanos afirmou: “O deputado Hugo Motta representa hoje o nome capaz de agregar todas as forças políticas da Câmara dos Deputados para fortalecer a agenda legislativa e enfrentar os desafios que o Brasil tem pela frente”. Os 44 deputados do Republicanos estarão ao lado de Motta nessa jornada, conforme expressou a nota.
Já o presidente Arthur Lira, ao manifestar seu apoio ao parlamentar do Republicanos, justificou:
“É preciso construir convergências políticas para garantir a governabilidade do país. Depois de muito conversar e, sobretudo, de ouvir, estou convicto de que o candidato com maiores condições políticas de construir convergências no Parlamento é o deputado Hugo Motta, nome que demonstrou capacidade de aliar polos aparentemente antagônicos com diálogo, leveza e altivez”.
O líder do PT, deputado Odair Cunha (MG), salientou:
“Nós concluímos um processo em que tivemos oportunidade de ouvir todos os candidatos à presidência da Casa, mas nossa compreensão é de que no processo de construção institucional para garantir o funcionamento adequado dos partidos na Câmara o bloco em torno da candidatura do deputado Hugo Motta é o que nós decidimos apoiar”.
Hugo Motta foi eleito deputado federal pela primeira vez em outubro de 2010. Ele é titular da Comissão de Finanças e Tributação da Casa. Em 2015, foi presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito que investigou denúncias de corrupção na Petrobras e em 2023 foi relator da PEC dos Precatórios, que limitou o valor de despesas anuais com precatórios.
É autor de 32 projetos de lei e de 18 propostas de emenda à Constituição. Nesta semana, o deputado paraibano reuniu-se com lideranças políticas em São Paulo e no Rio de Janeiro, atraindo governadores, prefeitos de capitais e deputados federais, além de líderes partidários, quando houve reiteração do apoio à sua candidatura.
O Palácio do Planalto informou que na agenda do presidente Lula, nas vésperas das eleições, não consta qualquer audiência com os candidatos ao Senado e à Câmara que têm a simpatia oficial – Hugo Motta e Davi Alcolumbre.
Fonte: Nonato Guedes
Créditos: Polêmica Paraíba