LIDERANÇAS SOBEM O TOM: Discurso de Bolsonaro impulsiona adesões à tese de impeachment

A participação do presidente Jair Bolsonaro nos atos antidemocráticos deste 7 de setembro, com ataques ao Supremo Tribunal Federal e novas menções à possibilidade de ruptura institucional, aumentou a pressão por impeachment com a adesão de lideranças políticas que até então adotavam comedimento em relação a essa saída .

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB) , afirmou que o pronunciamento do presidente em Brasília “claramente afronta a Constituição”. “Eu nunca havia feito uma manifestação pró impeachment, me mantinha na neutralidade, entendendo que as fatos foram obtidos e julgados pelo Congresso Nacional, mas depois do que assisti e o que ouvi em Brasília, antes mesmo de ouvir o que ele pronunciará aqui [em São Paulo], ele claramente afronta a Constituição, desafia a democracia e empareda a Suprema Corte brasileira ”, afirmou.

A declaração dele veio pouco tempo depois do presidente nacional do PSDB , Bruno Araújo, que anunciou a convocação emergencial da Executiva Nacional do partido para esta quarta-feira, 8, com o objetivo de “discutir a posição do partido sobre abertura de impeachment e medidas legais ”.

O Presidente do PSDB, Bruno Araújo, convoca a reunião Extraordinária da Executiva para esta quarta-feira, para diante das posições gravíssimas declarações do presidente da República no dia de hoje, discutir a partido sobre a abertura de impeachment e medidas legais.

– PSDB 🇧🇷 (@PSDBoficial) 7 de setembro de 2021
Outro tucano e também pré-candidato à Presidência da República como Doria, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite , subiu da mesma forma o tom. “Foi um erro colocar Bolsonaro no poder. Está cada vez mais claro que é um erro particular-lo lá ”, afirmou.

Foi um erro colocar Bolsonaro no poder. Está cada vez mais claro que é um erro particular-lo lá.

– Eduardo Leite (@EduardoLeite_) 7 de setembro de 2021
O presidente nacional do MDB, deputado Baleia Rossi (SP) , não foi tão claro, mas apontou na mesma direção. “São inaceitáveis ​​os ataques a qualquer um dos poderes constituídos. Sempre defendo a harmonia e o diálogo. Contudo, não podemos fechar os olhos para quem afronta a Constituição. E ela própria tem os remédios contra tais ”, postou.

São inaceitáveis ​​os ataques a qualquer um dos poderes constituídos. Sempre defendo a harmonia e o diálogo. Contudo, não podemos fechar os olhos para quem quem afronta a Constituição. E ela própria tem os remédios contra tais.

– Baleia Rossi (@Baleia_Rossi) 7 de setembro de 2021
Há duas semanas, o presidente do PSD, o ex-ministro Gilberto Kassab , já havia admitido, pela primeira vez, em entrevista às Páginas Amarelas de VEJA , que o seu partido também pode aderir ao impeachment em razão do comportamento adotado pelo presidente nos dias que antecederam os atos de hoje. “Se em algum momento as opiniões virarem ações, o Congresso precisa ser célere e defender a ideia de que meu partido apoie o impeachment. O partido nunca fechou questão, mas, quando Bolsonaro ultrapassar essa linha, dentro do partido vou defender o afastamento ”, devido.

O deputado Rodrigo Maia (RJ) , que quando era presidente da Câmara se recusou a dar andamento a qualquer pedido de impeachment de Bolsonaro, agora mudou o tom. No Twitter, escreveu que “está na hora de o comando do Congresso enquadrar o Bolsonaro”.

Twitter / Reprodução
A sinalização dos três partidos, que juntos têm 101 deputados, é um problema para Bolsonaro porque as três legendas de centro não carregadas até agora apoiado nenhum dos mais de 120 pedidos de impeachment enviado à Câmara. O presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL) , que não se manifestou nem foi a qualquer ato do Dia da Independência, continua disposto, no entanto, a não dar encaminhamento a nenhum pedido de afastamento do presidente.