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LEMBRA DELES? Saiba por onde andam os últimos 11 Presidentes da Câmara Federal

o Polêmica Paraíba apresenta uma matéria com os últimos 11 Presidentes da Câmara, suas eleições, mandatos e o que estão fazendo hoje em dia.

LEMBRA DELES? Saiba por onde andam os últimos 11 Presidentes da Câmara Federal

Assumir a Presidência de uma Casa Legislativa nos municípios e estados é motivo de orgulho para qualquer parlamentar, mas alcançar esses postos em Brasília é algo digno de poucos, principalmente pela dificuldade imposta para se chegar à esses cargos.

Com a eleição de Hugo Motta para a Presidência da Câmara, nós chegamos a 113 Presidentes da Câmara Federal, datados desde o Primeiro Reinado.

Cada mandato tem sua particularidade, história e desfecho, que podem impactar não só a vida desses políticos, como também os rumos da nação.

Pensando em relembrar esses grandes nomes da política nacional, o Polêmica Paraíba apresenta uma matéria com os últimos 11 Presidentes da Câmara, suas eleições, mandatos e o que estão fazendo hoje em dia.

Aécio Neves – 2001 / 2002

Neto do saudoso Tancredo Neves, Aécio começou sua vida pública como Secretário de Assuntos Especiais da Presidência da República, durante o curto período em que o avô permaneceu no cargo. Após a morte de Tancredo, foi indicado diretor de loterias da Caixa Econômica Federal.

Em 1986, foi eleito Deputado Federal com apenas 26 anos. Após mais três mandatos em Brasília, Aécio disputou a eleição de Presidente da Câmara de 2001, como candidato de Fernando Henrique Cardoso.

A eleição foi disputada por Inocêncio Oliveira (PFL-PE), Aloizio Mercadante (PT-SP), Valdemar Costa Neto (PL-SP) e Nelson Marquezelli (PTB-SP), que concorreu de forma avulsa. No primeiro turno, em 14 de fevereiro de 2001, logrou 283 votos, contra 117 de Inocêncio, 81 de Mercadante, 21 de Costa Neto e 3 de Marquezelli.

Aécio decidiu não disputar mais um mandato na Câmara, para pleitear a vaga de Governador de Minas Gerais nas eleições de 2002. Eleito ainda em primeiro turno, Neves renunciou ao cargo em dezembro do mesmo ano, dando espaço ao Vice, o paraibano Efraim Morais.

Aécio foi Governador entre 2003 e 2010, Senador entre 2011 e 2019 e atualmente é Deputado Federal no segundo mandato, tendo no meio do mandato de Senador, se candidatando a Presidente da República em 2014, perdendo para Dilma em um segundo turno acirrado.

João Paulo Cunha – 2003 / 2005

Ex-sindicalista, Vereador de Osasco e Deputado Estadual, João Paulo foi eleito Deputado Federal em 1994 pelo PT.

Em 2002 elegeu-se para o terceiro mandato, com quase duzentos mil votos em boa parte das cidades do estado de São Paulo. Sua popularidade, o levou à ser eleito Presidente da Câmara dos Deputados, cargo para o qual recebeu 434 votos.

Cunha estava na reta final de seu mandato como Presidente, quando o escândalo do mensalão tomou conta da política nacional. João foi acusado de participação ao se descobrir um saque em nome da sua esposa, Márcia Regina Milanésio Cunha, no valor de cinquenta mil reais no Banco Rural.

O petista foi absolvido por seus colegas na Câmara, que rejeitaram o pedido do processo de cassação do mandato. Cunha ainda teve mais dois mandatos na Câmara, mas acabou sendo condenado pelo Supremo Tribunal Federal por corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro.

Condenado a seis anos e quatro meses de prisão, ele cumpriu pena na penitenciária da Papuda, em Brasília, onde concluiu um curso de direito. O ex-Deputado nunca mais disputou um cargo público.

Severino Cavalcanti – 2005 / 2005

A carreira política de Cavalcanti começou em 1964, quando foi eleito Prefeito do município pernambucano de João Alfredo. Após o fim do mandato, se tornou Deputado Estadual em 67, ficando no cargo até 95, quando foi eleito Deputado Federal pela primeira vez.

Severino se colocava como um candidato independente na disputa pela Presidência da Câmara em 2005, sendo considerado carta fora do baralho, pois o candidato de Lula, Luiz Eduardo Greenhalgh, era considerado o favorito.

O problema para o PT, foi um racha dentro do partido que culminou na candidatura de Virgílio Guimarães, que não abriu mão de disputar o pleito, mesmo contrário a indicação de Lula.

Esse racha abriu espaço para Severino, que não venceu o primeiro turno, ao ficar atrá de Greenhalgh que teve 207 votos; Cavalcanti somou 124 votos; Virgilio Guimarães (PT-MG) teve 117 votos; José Carlos Aleluia (PFL-BA) contou com 53 votos e Jair Bolsonaro (PFL-RJ), com 2 votos.

Aqueles que votaram em Virgílio e nos outros candidatos decidiram não seguir com a indicação de Lula, dando a Presidência para o até então desconhecido Severino, que foi eleito ao atingir 300 votos, contra 195 de Greenhalgh.

O mandato do pernambucano foi envolto em polêmicas após a denúncia de que Severino fazia parte de um esquema conhecido como Mensalinho. A pressão foi tão grande que culminou na renúncia de seu mandato de Deputado Federal.

Com a sua renúncia, a presidência da Câmara foi assumida provisoriamente pelo então vice-presidente, José Thomaz Nonô. 

Em 2006, tentou eleger-se novamente deputado federal por Pernambuco, mas não obteve os votos necessários. Dois anos depois se tornou Prefeito de João Alfredo, não conseguindo disputar a reeleição em 2012, por ter sua candidatura impugnada.

Severino morreu em 15 de julho de 2020, aos 89 anos.

Aldo Rebelo – 2005 / 2007

Líder estudantil nos anos 70 e 80, Rebelo venceu sua primeira eleição em 1988 quando foi eleito Vereador de São Paulo pelo PCdoB. Dois anos depois se tornou Deputado Federal naquele que foi o primeiro de seis mandatos.

Após a renúncia de Severino Cavalcanti em setembro de 2005, novas eleições decidiriam quem assumiria a Presidência até 2007. O então Presidente interino, José Thomaz Nonô se colocou como candidato, ao lado de Aldo, Ciro Nogueira, Luiz Antônio Fleury, Alceu Collares e Jair Bolsonaro.

Em uma das disputas mais acirradas da história da Câmara dos Deputados, Rebele e Nonô empataram no primeiro turno ao atingirem 182 votos. No segundo, o candidato de Lula saiu vitorioso com uma vantagem de 15 votos, 258 contra 243 de Nonô.

Tentou ser Vice-Prefeito na chapa encabeçada por Marta Suplicy em São Paulo nas eleições de 2008, passando por um período quando ainda era Deputado, como Ministro dos Esportes, Ciência e Tecnologia e Defesa no Governo Dilma.

Sua última eleição foi em 2022, quando disputou o cargo de Senador de São Paulo pelo PDT em 2022, atingindo pouco mais de 1% dos votos.

Arlindo Chinaglia – 2007 / 2009

Ex-Presidente da CUT e do Sindicato dos Médicos, Chinaglia foi um dos fundadores do PT. Após um mandato como Deputado Estadual, Arlindo foi eleito para a Câmara Federal pela primeira vez em 1994, naquele que foi o primeiro de oito mandatos consecutivos.

A disputa pela Presidência da Câmara em 2007, evidenciou um racha na base de Lula, pois o Presidente Aldo Rebelo buscava à reeleição, enquanto Chinaglia se colocava como um candidato do PT, que não tinha a Presidência desde a saída de João Paulo Cunha.

A disputa foi muito apertada assim como a de 2005. No primeiro turno Chinaglia liderou a apuração com 236 votos (para vencer em primeiro turno, eram necessários 257) contra 175 de Aldo. Gustavo Fruet (PSDB-PR) somou 98. 

Na segunda votação, Rebelo somou apoios da oposição, mas não conseguiu bater o candidato oficial de Lula, que venceu ao receber 261 votos contra 243 de Aldo. 

Após o mandato de Presidente, Arlindo se mantém até hoje na Câmara, tendo sido reeleito para o seu oitavo mandato, nas eleições de 2022.

Michel Temer – 2009 / 2010

Nome famoso no meio jurídico, Temer começou sua carreira política ao ser alçado a Procurador do estado de São Paulo em 1983. Logo após se tornou Secretário de Segurança, cargo que ocupou em três momentos distintos.

A sua primeira eleição foi no pleito de 1986, quando ficou na suplência na disputa para a Câmara Federal. Seu primeiro mandato como titular foi após a eleição de 1994.

Sempre um articulador nato, Temer conseguiu ser eleito Presidente da Câmara em seu primeiro mandato, no biênio 97-99.

Em 2009. conseguiu o apoio de um grande bloco de partidos, incluindo o PT, o qual deram ao paulista uma vitória tranquila ao atingir 304 votos, contra 129 de Ciro Nogueira e 76 de Aldo Rebelo.

Temer renunciou ao cargo no final de 2010, para assumir a Vice-Presidência da República na chapa encabeçada por Dilma Rousseff. Reeleitos em 2014, Temer assumiu o cargo de Presidente em 31 de agosto de 2016, após o impeachment de Dilma.

Após a Presidência chegou a ser preso em 2019, em decorrência do seu suposto envolvimento na Lava Jato, mas as denúncias contra Temer não andaram nos últimos anos.

Marco Maia – 2010/2013

Ex-sindicalista, Marco foi secretário estadual da Administração e Recursos Humanos do Rio Grande do Sul e presidente da Trensurb em Porto Alegre.

Deputado Federal pela primeira vez em 2006, Marco era um dos grandes nomes do PT na época, sendo eleito 1* Vice-Presidente da Câmara na gestão de Michel Temer, sendo alçado ao posto de Presidente em dezembro de 2010, após a renúncia de Temer, que foi eleito Vice-Presidente na chapa de Dilma Rousseff.

Maia buscou a reeleição, sendo eleito em 2 de fevereiro de 2011 com 375 votos. vencendo Sandro Mabel que teve 106 votos, Chico Alencar com 16 votos, e Jair Bolsonaro que teve 9 votos.

Após o mandato concluso em 2013, Maia foi reeleito para um terceiro mandato de Deputado em 2014, naquela que foi sua última passagem como titular pela Câmara.

Maia foi citado na Lava Jato, se tornando réu em 2019. Mas uma decisão do STF de 2021, arquivou as ações contra o ex-Deputado, por entenderem que as denúncias se basearam apenas em delações premiadas, sem provas que corroborassem as irregularidades.

Henrique Eduardo Alves – 2013/2015

Filho do ex-Governador potiguar Aluízio Alves, Henrique decidiu ingressar na política com apenas 22 anos, sendo eleito Deputado Federal, no primeiro de incríveis 11 mandatos.

Como líder do MDB desde 2007, Alves se colocava como um nome forte na aliança PT-MDB. Essa parceria deu ao potiguar uma vitória relativamente tranquila no segundo turno contra Júlio Delgado, ao atingir 271 contra 165 votos. Após a Presidência, foi Ministro do Turismo do Governo Dilma.

Em 6 de junho de 2017, foi preventivamente preso pela Polícia Federal por suposta fraude na construção do estádio Arena das Dunas, tendo em 8 de maio de 2018 ido para prisão domiciliar, e posteriormente, em 13 de julho foi determinado pela justiça para responder o processo em liberdade.

Nas eleições de 2022, voltou a ser candidato a Deputado Federal, desta vez, filiado ao PSB. No entanto, recebeu menos de 12 mil votos e não conseguiu ser eleito.

Eduardo Cunha – 2015 / 2016

Enquanto filiado ao Partido da Reconstrução Nacional (PRN), foi presidente da Telecomunicações do Rio de Janeiro (TELERJ) durante o Governo Collor e enquanto filiado ao Partido Progressista Brasileiro (PPB), comandou a Companhia Estadual de Habitação no mandato do governador Anthony Garotinho.

Candidatou-se pela primeira vez a um cargo eletivo em 1998, tendo ficado como suplente de deputado estadual do Rio de Janeiro e assumido uma vaga na Assembleia Legislativa do Estado em 2001.

Elegeu-se deputado federal pela primeira vez em 2002, ainda no PPB, sendo reeleito pelo PMDB nas eleições de 2006, 2010 e 2014.

Já com as tensões do segundo mandato de Dilma no máximo, Cunha se colocou como candidato à Presidência apoiado por um grande bloco de partidos da oposição, sendo eleito com 267 votos, contra o ex-Presidente Arlindo Chinaglia.

Cunha ficou marcado por ser a pessoa a aceitar o processo de impeachment de Dilma, horas depois do PT retirar o apoio a Cunha no Conselho de Ética, devido ao pedido de cassação do mandato de Cunha em decorrência de um escândalo de contas na Suíça.

Em 3 de março de 2016, Cunha tornou-se réu na Lava Jato pela primeira vez. Nesse dia, o STF aceitou por unanimidade, por dez votos a zero, a primeira denúncia de Rodrigo Janot contra Eduardo Cunha por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

No dia 17 de abril de 2016, mesmo sob investigação e com um processo correndo na justiça, Cunha conduziu a votação do impeachment de Dilma na Câmara dos Deputados. Durante a sessão, que durou dez horas, recebeu elogios de apoiadores, bem como ofensas de opositores, que o chamavam de corrupto.

No dia 5 de maio de 2016, apenas um mês após a votação do impeachment, o ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato, acolheu o pedido da Procuradoria-Geral da República, afastando Eduardo Cunha de seu mandato de deputado federal e, consequentemente, presidente da Câmara dos Deputados.

Com seu afastamento provisório, Waldir Maranhão assumiu interinamente a presidência da Câmara dos Deputados.

Após cerca de oito meses de tramitação no Conselho de Ética, o pedido de cassação do mandato de Cunha, que foi considerado o mais longo da história do Conselho, foi aprovado em 14 de junho de 2016. No dia 12 de setembro de 2016, o plenário da Câmara dos Deputados cassou o mandato parlamentar de Eduardo Cunha, por 450 votos a favor, 10 contrários e 9 abstenções, em virtude de quebra de decoro parlamentar.

Em 19 de outubro de 2016 foi preso preventivamente pela Polícia Federal na Lava Jato, e em março de 2017 foi condenado a 15 anos e quatro meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Ao final de março de 2020, teve a prisão preventiva substituída pela prisão domiciliar em razão da pandemia de COVID-19, por estar no grupo de risco da doença COVID-19.

Em setembro de 2022, o TRE-SP considerou que Cunha podia concorrer ao pleito na tentativa de retorno a Câmara. Recebeu pelo PTB 5.044 votos, não sendo eleito pelo estado de São Paulo.

Em 29 de maio de 2023, o STF decidiu anular a condenação de Cunha. Os ministros aceitaram o argumento da defesa de que o processo deveria ter sido conduzido pela Justiça Eleitoral, e não pela Justiça Federal em Curitiba.

Rodrigo Maia – 2016 / 2021

Após a renúncia de Cunha da Presidência da Câmara, houve uma eleição especial para escolher o novo presidente da casa. Rodrigo Maia foi eleito com 285 votos, tendo ficado em primeiro lugar nos dois turnos. O deputado Rogério Rosso ficou em segundo lugar nos dois turnos, totalizando 170 votos no segundo. 

Em 1.º de fevereiro de 2017, Maia foi reeleito com 293 votos, mesmo com o Regimento Interno da Câmara dos Deputados vedando a possibilidade de recondução consecutiva ao cargo, porém Maia pôde fazê-lo tende em vista que seu primeiro mandato foi ”tampão”.

Com o início da 56.ª legislatura, em 1.º de fevereiro de 2019, Rodrigo Maia disputou seu terceiro mandato consecutivo como presidente da Câmara e foi reconduzido ao cargo com 334 votos. 

Novamente a reeleição foi permitida, ainda que sob os protestos de elementos opositores a Maia. Contudo, neste caso, o STF avaliou a questão em favor do Presidente da Câmara, isso porque embora o RICD proíba a reeleição na mesma legislatura, omite-se quanto à possibilidade de reeleição em legislaturas subsequentes – sendo esse o caso de Rodrigo Maia.

Em 2022, não se candidatou à reeleição para Deputado Federal. Após o término do mandato, Rodrigo retornou à iniciativa privada e assumiu a presidência da Confederação Nacional das Instituições Financeiras (CNF).

Arthur Lira – 2021 / 2025

Lira começou sua carreira política como Vereador de Maceió em 1992, reelegendo-se em 1996. Em 1998 foi eleito deputado estadual, reeleito em 2002 e 2006.

Nas eleições de 2010, se tornou Deputado Federal. O nome do alagoano começou a ficar mais conhecido por ser um dos principais aliados de Eduardo Cunha na Câmara, tendo sido inclusive indicado por ele, em fevereiro de 2015, para presidir a Comissão de Constituição e Justiça, uma das mais importantes do parlamento brasileiro.

Mesmo após ser afastado do mandato de deputado, Cunha indicou Lira para presidir a Comissão de Orçamento em 2016.

Para a eleição da Presidência da Câmara de 2021, o candidato do então Presidente Rodrigo Maia, era Baleia Rossi do MDB, enquanto Lira encontrou apoio do Centrão e de Bolsonaro que se via envolto em vários processos de impeachment, decorrentes da suas ações na Pandemia.

Amparado por todo o Governo, Lira venceu um pleito com quase 10 candidaturas ao atingir 302 votos. Durante o seu mandato, Lira recebeu mais de 140 pedidos de impeachment do presidente Jair Bolsonaro, mas decidiu não levar nenhum deles a votação.

Em 2023, Lira retornou à presidência da Casa, contando com o apoio tanto do governo Lula, em troca de sua ajuda na aprovação da PEC da Transição, quanto da oposição liderada pelo PL.

Com quase 20 partidos ao seu lado, Lira alcançou 464 votos. A articulação do alagoano foi primordial para eleger o seu sucessor, o paraibano Hugo Motta, nas eleições deste ano.

Fonte: Vitor Azevêdo
Créditos: Polêmica Paraíba