O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) minimizou nesta quinta-feira (19) a operação realizada um dia antes pelo Ministério Público do Rio de Janeiro com foco em seu filho mais velho, o senador Flávio (sem partido-RJ). E disse não ter nada a ver com as suspeitas contra o filho e seus ex-assessores.
A Promotoria aponta suspeitas sobre um policial militar, uma loja de chocolate e imóveis de Flávio Bolsonaro como meios para lavagem de dinheiro da suposta “rachadinha” no gabinete dele na Assembleia Legislativa de 2007 a 2018. A prática da “rachadinha” consiste em coagir servidores a devolver parte do salário para os deputados.
Nesta quinta-feira, na entrada do Palácio do Alvorada, onde parou para cumprimentar simpatizantes, o presidente inicialmente se negou a comentar a investigação. Depois, disse que o Brasil “é muito maior do que pequenos problemas”.
“O Brasil é muito maior do que pequenos problemas. Eu falo por mim. Problemas meus podem perguntar que eu respondo. Dos outros, não tenho nada a ver com isso”, disse, ao recomendar que a imprensa procure o advogado do filho.
Diante da insistência dos jornalistas, o presidente citou investigações e apurações contra ele que, na opinião dele, foram injustas. Ele lembrou, por exemplo, quando foi acusado de racismo, inquérito que acabou arquivado pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
Bolsonaro também ressaltou depoimento citando seu nome que fazia parte do inquérito da Polícia Civil do Rio de Janeiro sobre a morte da vereadora Marielle Franco (PSOL). O porteiro do condomínio do presidente, que havia feito referência a seu nome, depois corrigiu o depoimento.
O presidente foi, então, questionado se insinuava que o Ministério Público estava perseguindo Flávio.
Como resposta, citou o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, seu adversário político. Segundo ele, uma gravação, identificada pela inteligência do governo, tentou relacioná-lo a atividades de milícias. Bolsonaro não explicou, no entanto, sobre que áudio fazia referência.
“Vocês sabem o caso Witzel, que foi amplamente divulgado. A inteligência levantou. Já foram gravadas conversas de dois marginais usando meu nome para dizer que sou miliciano”, disse.
O policial militar aposentado Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador, foi alvo na manhã de quarta-feira (18) de operação comandada pelo Ministério Público. Queiroz é pivô de uma investigação que tem como alvo o senador e outras 101 pessoas físicas e jurídicas, que tiveram os sigilos bancário e fiscal quebrados.
A Promotoria suspeita de um esquema conhecido como “rachadinha” no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro no período em que foi deputado estadual e manteve Queiroz como seu empregado (2007-2018).
A prática consiste em coagir servidores a devolver parte do salário para os deputados. Estão sendo investigados crimes de peculato, lavagem de dinheiro, ocultação de patrimônio e organização criminosa.
Nas últimas semanas, deputados e senadores que conversaram com o presidente relataram à Folha que ele demonstrava sinais de abatimento com o receio de que a investigação contra o seu filho mais velho tivesse novas reviravoltas.
O assunto, segundo eles, era o que mais incomodava Bolsonaro neste final de ano. Nas palavras de um aliado do presidente, desde o final de novembro, Bolsonaro temia uma possibilidade de prisão e “de cada dez assuntos que discutia, dois se referiam à situação do filho”.
Fonte: Folha
Créditos: Folha