Todas as pesquisas eleitorais divulgadas na primeira semana de julho, com aferições sobre o pleito eleitoral de 2022, mostram pelo menos uma tendência: a de que o ex-presidente Lula da Silva (PT) venceria a disputa, se as eleições fossem hoje, contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), e contra qualquer outro candidato.
De acordo com os números, Lula estaria recuperando popularidade entre os eleitores, depois de ter suas condenações por corrupção e lavagem de dinheiro anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Na outra ponta, Jair Bolsonaro enfrenta o período mais difícil de seu governo, sobretudo com a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga supostas irregularidades no combate à pandemia da Covid-19 no Brasil.
Enquanto que para oposicionistas os números são verdadeiros e retratam a suposta falta de condições do presidente Jair Bolsonaro de governar, pressionado por mais de cem pedidos de impeachment, governistas argumentam que Bolsonaro mantém sua base, com pelo menos 30% do eleitorado, tendo ainda votos dos eleitores ‘em silêncio’, em meio ao noticiário negativo.
Confira, a seguir, os números
PoderData
Uma pesquisa PoderData realizada nesta semana mostra que Lula da Silva abriu sua maior vantagem contra o presidente Jair Bolsonaro em uma possível disputa nas eleições de 2022. O petista concentra agora 43% das intenções de voto, contra 29% do atual comandante do Planalto. No levantamento realizado 1 mês antes, os 2 políticos estavam empatados dentro da margem de erro, que é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos. Tinham 31% e 33% dos votos, respectivamente.
Ipespe
Uma nova pesquisa XP Ipespe, também desta semana, mostra que Lula mantém trajetória de crescimento nas intenções de voto para a eleição de 2022 e abre vantagem em relação ao presidente Jair Bolsonaro. Lula foi de 32% em junho para 38% neste mês, enquanto Bolsonaro oscilou de 28% para 26%. A vantagem do petista subiu de quatro para 12 pontos percentuais.
Quaest Consultoria
O ex-presidente Lula venceria o primeiro turno da disputa ao Planalto com 43% das intenções de voto, contra 28% do presidente Jair Bolsonaro e 10% do ex-ministro Ciro Gomes (PDT) em pesquisa Quaest Consultoria e do banco Genial Investimentos.
Ipsos
Luiz Inácio também venceria Jair Bolsonaro no 2º turno das eleições de 2022 com 58% dos votos válidos, contra 25% do atual presidente. Brancos e nulos somam 13%, enquanto 4% dos entrevistados não responderam. Os dados são de pesquisa do instituto Ipsos, encomendada pelo DEM (Democratas).
CNT/MDA
Pesquisa CNT/MDA também indicou favorecimento de Lula. No primeiro turno, em uma pesquisa estimulada, Lula (PT) tem 41,3% das intenções de voto, Bolsonaro (sem partido) aparece com 26,6%, Ciro Gomes (PDT) e o ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro (sem partido) somam 5,9% cada um, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), fica com 2,1%, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM) registra 1,8%, votos brancos e nulos somam 8,6% e indecisos 7,8%.
Datafolha
Já a pesquisa Datafolha mostra mostra que, no levantamento espontâneo, Lula passou de 21% para 26%, enquanto Bolsonaro foi de 17% para 19%. No segundo turno, o ex-presidente tem 58% contra 31% de Bolsonaro. Na pesquisa anterior, tinha 55% contra 32%.
Análises
Apesar de os números mostrarem ampla vantagem de Lula sobre Bolsonaro, as pesquisas não são unanimidade. Para o advogado eleitoralista Ricardo Sérvulo, “a questão das pesquisas eleitorais no Brasil é muito complexa, tanto do ponto de vista da credibilidade dos números, quanto do momento de sua divulgação”, avaliou.
Ele lembrou que “uma pesquisa eleitoral é como uma fotografia, retrata a cena e as circunstâncias momentâneas de seu registro”, mas observou que “O grande gargalo das pesquisas são os interesses que estão por trás da divulgação de seus resultados”, disse.
O advogado propõe um modelo em que a divulgação de pesquisas fique limitada ao período eleitoral. “Sou favorável que as pesquisas eleitorais no atual momento brasileiro ficassem limitadas as suas divulgações no máximo, até 20 dias antes do pleito, para que fosse evitado o chamado efeito do “voto útil”, aquele em que o eleitor vota no candidato que está na liderança das pesquisas, apenas para “não perder o voto”, opinou.
Para o cientista político e professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Pedro Sabino, os números traduzem um fato: enquanto o presidente Jair Bolsonaro foi eleito sem uma base sólida de sustentação no meio social, o PT tem uma base eleitoral mais cristalina, apesar dos desgastes envolvendo os escândalos de corrupção.
“Esse é um fato extremamente marcante. Bolsonaro não tem um partido de sustentação, e Lula tem um partido de muitos anos de existência, de massa, que é o PT”, disse.
O professor acrescentou que um fato relevante é o presidente Jair Bolsonaro continuar sem filiação partidária, o que poderia ajudar no engajamento de sua base. “Além disso, houve o desgaste que ele teve em seu governo”, lembrou.
Em relação aos casos de corrupção envolvendo o PT, segundo o professor, eles tendem a perder espaço nas pesquisas. “Falta uma consciência ética”, disse. “O simpatizante é sempre simpatizante, agora o eleitor contrário, mais ou menos [nem sempre se posiciona]”, reafirmou.
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba