Política

GREVE DOS BANCÁRIOS CONTINUA NA PRÓXIMA SEMANA

Bancários vão avaliar nova proposta da Federação Nacional dos Bancos de reajuste salarial de 8,5%

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A greve dos bancários vai continuar na próxima semana. Ontem à noite, o presidente do sindicato da categoria na Paraíba, Marcus Henriques, participou de uma nova rodada de negociações com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), em São Paulo. Na reunião, foi apresentada uma proposta de reajuste salarial de 8,5% – frente aos 7,5% oferecidos anteriormente e 12,5% solicitados pela categoria – e um aumento do piso salarial em 9%. Para o ticket-refeição, a proposta foi de alta de 12,16%.

De acordo com Marcus Henriques, o comando nacional de greve da categoria ainda vai avaliar a proposta e orientar os sindicatos estaduais para a realização de assembleias locais. Até o fechamento desta edição, a reunião entre bancários e Fenaban ainda estava ocorrendo. Ainda seriam apresentadas questões referentes à Caixa Econômica Federal e ao Banco do Brasil. Marcus Henriques ainda não tinha definido uma data para a realização da assembleia na Paraíba.

“Avançamos um pouco nas negociações, mas nossa pauta de reivindicações é extensa. Vamos nos reunir com o Banco do Brasil para discutir contratações, plano de cargo, carreira e remunerações, e substituição de trabalhadores. Já com a Caixa, vamos tratar da isonomia salarial, dos planos de saúde e também de novas contratações. Outro ponto importante é o assédio moral, presente em todos os bancos”, afirmou o presidente do Sindicato dos Bancários na Paraíba.

Cresce movimentação nas lotéricas

Nos quatro primeiros dias úteis da semana, em face da greve da maioria dos mais de 3 mil bancários na Paraíba, o movimento nas casas lotéricas subiu entre 25% e 30%, sendo o destaque para o crescimento da quantidade de depósitos e saques dos clientes da Caixa Econômica Federal.

“Todo ano, nessa época, os companheiros das 315 lotéricas espalhadas por todos os municípios do Estado se animam, pois ocorre um aumento na nossa remuneração, em decorrência do crescimento do movimento que, este ano, estimamos entre 25% e 30%, em relação a um final e início de mês normal”, disse a presidente do Sindicato das Lotéricas do Estado da Paraíba, Marlene Falcão.

Ela destacou que “o nosso faturamento cresce em face do aumento da quantidade de autenticações que realizamos e não devido a aumento nas comissões pagas pelas empresas credoras, que permanecem nos mesmos patamares já há algum tempo”.

Os usuários das lotéricas veem estes correspondentes bancários como uma “boa alternativa” aos bancos, mas reclamam dos limites impostos tanto para pagamento de boletos, como para saques. No caso dos boletos, sendo da Caixa, o limite é de R$ 2 mil. Quanto aos demais bancos, o valor é de R$ 700.

Com relação aos saques e depósitos, os limites são de R$ 1.500 para o correntista da Caixa e de R$ 500 para o do Banco do Brasil. As lotéricas não realizam depósitos para clientes do BB.

Os usuários reclamam dos limites. “Eu estou fazendo dois depósitos aqui nessa lotérica (no Ponto de Cem Réis), mas vou ter de procurar outro correspondente para depositar mais, porque há limites para os depósitos. Isso não deveria ocorrer porque aí as lotéricas seriam nota 10 nos tempos de greve dos bancários”, disse Fábio Fernandes, comerciante ambulante.

Já o estudante Derlany Alves acha que “as lotéricas são a nossa salvação nestes tempos de greve nos bancos, porque a gente pode pagar contas, fazer depósitos e saques, mesmo com limitações. Pior seria se a gente não tivesse essa saída”.

MP vai apurar abusos ao consumidor

O Ministério Público aguarda o término das eleições para instaurar inquérito que deve investigar os desdobramentos da greve dos bancários em Campina Grande, que já dura cinco dias. Um relatório está sendo formulado pelo Procon municipal e deverá ser entregue na próxima semana à curadoria do Consumidor.

O Ministério Público quer saber, principalmente, se as agências que aderiram ao movimento grevista estão disponibilizando um número mínimo de funcionários para realizarem os abastecimentos e se durante a greve estão ocorrendo abusos contra o consumidor. No período de greve, o Procon realizou, por dia, uma média de três autuações por irregularidades como falta de abastecimento nos caixas eletrônicos de dinheiro e envelopes para depósitos.

De acordo com o promotor Leonardo Pinto, passado o pleito, a questão deverá será provocada pelo órgão. “Não foi instaurado ainda, mas será a partir de segunda-feira. Vamos ver os desdobramentos dessa greve e observar como os funcionários se comportam. Se na segunda-feira não tivermos nenhuma indicação do fim da greve, vamos instaurar um inquérito. Receberemos relatórios do Procon, principalmente para analisar se as greves não estão atingindo o mínimo de atendimento mínimo”, explicou o promotor.

Segundo o coordenador do Procon municipal, Paulo Porto, em média são realizadas três autuações por dia nas agências bancárias da cidade. “Não ficou pronta ainda a nossa avaliação, mas posso adiantar que foram muitas autuações, referentes, principalmente, em relação ao desabastecimento de dinheiro e envelopes nos terminais eletrônicos. Os bancos sempre dizem que vão cumprir, mas isso não é verdade. São poucos os envelopes e a demanda é muito grande”, apontou.

Os bancos onde foram encontradas mais irregularidades foram os públicos, segundo avaliou parcialmente o Procon. “Por incrível que pareça o Bradesco, Itaú e Santander, foram pouco autuados em relação à falta de envelopes. O relatório será finalizado na semana que vem”, disse Paulo Porto.
Correio da Paraíba