Coronavírus

Governadores do Nordeste se dizem indignados e criticam campanha de Bolsonaro: ‘atentado à vida’; confira

Os governadores do Nordeste divulgaram mais uma carta com críticas ao presidente Jair Bolsonaro diante da pandemia do coronavírus. No documento assinado nesta sexta (27),  eles manifestam “profunda indignação” com a postura do Governo Federal diante das ações para conter o Covid-19 e resolveram adotar uma política de combate ao vírus coordenada entre os estados.

Os governadores do Nordeste divulgaram mais uma carta com críticas ao presidente Jair Bolsonaro diante da pandemia do coronavírus. No documento assinado nesta sexta (27),  eles manifestam “profunda indignação” com a postura do Governo Federal diante das ações para conter o Covid-19 e resolveram adotar uma política de combate ao vírus coordenada entre os estados.

A carta foi redigida depois de mais uma reunião por vídeo conferência. Os governadores exigiram “respeito por parte da Presidência da República”, e pediram que “cessem, imediatamente, as agressões contra os governadores, assumindo-se um posicionamento institucional, com seriedade, sobre medidas preventivas”.

Para os governadores a “omissão em padronizar normas nacionais e a insistência em provocar conflitos impedem a unidade em favor da saúde pública”. Para eles, assim, “expõe-se a vida da população, além de assumir graves riscos no tocante à responsabilidade política, administrativa e jurídica.”

Na ocasião, o chefe do Executivo da Paraíba, João Azevêdo, detalhou todos os decretos que já foram expedidos pela gestão estadual, visando o isolamento social, conforme orientações da OMS e de autoridades sanitárias.  O gestor também destacou as ações desenvolvidas na Paraíba, como a produção de máscaras cirúrgicas pelas reeducandas da Penitenciária Feminina Maria Júlia Maranhão, que estão sendo destinadas às policiais penais e equipes de saúde em todo o Sistema Penitenciário, bem como a profissionais da Secretaria de Estado da Saúde.

João Azevêdo ainda afirmou que tem buscado parcerias com as indústrias da Paraíba, visando possíveis redirecionamentos de linhas de produção para a fabricação de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) voltados para as áreas da Saúde e Segurança Pública.

Leia a carta na íntegra:

Nós, governadores do Nordeste, em videoconferência realizada neste dia 27 de março, assim nos manifestamos:

1) Com bom senso e equilíbrio, vamos continuar orientados pela ciência e pela experiência mundial, para nortear todas as medidas, diariamente avaliadas, nesta guerra travada contra o Coronavírus. Reiteramos que parâmetros científicos indicam as ações preventivas e protetivas, de intensidade gradual e estágios progressivos ou regressivos, adequando-as sempre à realidade de cada região de nossos Estados;

2) Na ausência de efetiva coordenação nacional, que deveria ser assumida pelo Governo Federal, em articulação com os demais entes federativos, buscaremos avançar na integração regional e com as demais regiões, mobilizados pelo objetivo de salvar vidas e amenizar os impactos negativos sobre a economia dos estados. Acreditamos também que o Congresso Nacional tem papel decisivo no atual momento da vida brasileira;

3) Dispostos a fortalecer o embasamento de cada uma das nossas medidas, já construídas sobre as bases apresentadas pela OMS, solicitaremos um pronunciamento oficial do Conselho Federal de Medicina, do Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Saúde e da Sociedade Brasileira de Infectologia, além do acompanhamento e orientação do Ministério Público Federal e do Ministério Público dos Estados;

4) Manifestamos nossa profunda indignação com a postura do Governo Federal, que contraria a orientação de entidades de reconhecida respeitabilidade, como a OMS – que indicam o isolamento social como melhor forma de conter o avanço do Coronavírus -, e promove campanha de comunicação no sentido contrário, estimulando, inclusive, carreatas por todo o país contra a quarentena. Este tipo de iniciativa representa um verdadeiro atentado à vida;

5) De nossa parte, exigimos respeito por parte da Presidência da República, esperando que cessem, imediatamente, as agressões contra os governadores, assumindo-se um posicionamento institucional, com seriedade, sobre medidas preventivas. A omissão em padronizar normas nacionais e a insistência em provocar conflitos impedem a unidade em favor da saúde pública. Assim agindo, expõe-se a vida da população, além de assumir graves riscos no tocante à responsabilidade política, administrativa e jurídica;

6) Enfatizamos que sempre estaremos abertos ao diálogo, neste esforço que precisa ser coletivo, tendo como meta a superação da ameaça representada por esta doença, que continua matando milhares de pessoas. Temos absoluta convicção de que o diálogo, o equilíbrio e a união serão sempre o melhor caminho para revertermos este quadro crítico. Seguimos firmes e vigilantes em defesa da vida das pessoas, inclusive na luta para impedir atos que possam significar riscos à saúde pública,

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba