Opinião

Governador cansou de Vené. Agora, é João, Romero e Aguinaldo - Por Gildo Araújo

A cidade de Campina Grande tem se tornado o centro das atenções políticas, já que foi na “Rainha da Borborema” que tivemos mais um episódio marcante na política paraibana.  Na última sexta-feira (08), a comitiva do governador João Azevedo esteve presente na Sede da CAGEPA, em comemoração aos 157 anos de sua Emancipação Política, quando anunciou várias obras do Governo do Estado para o Município. Todavia, a Secretária de Estado, Ana Cláudia Vital do Rêgo, esposa do senador Veneziano Vital do Rêgo, não foi convidada para compor a Mesa.

De forma inesperada, a Secretária se retirou do local, o que gerou um verdadeiro burburinho político, inclusive, com uma reação do Senador Veneziano à imprensa, dizendo que foi “um gesto desrespeitoso” por parte do cerimonial, já que Ana Cláudia estava ali representando não só ele (Veneziano), mas sobretudo milhares de campinenses que lhe confiaram o voto na última eleição.

Esse episódio nos remete de forma resumida à canção do grande Agnaldo Timóteo quando diz: “Chega… não há mais sentimentos de amor. Chega… não suporto mais nada de ti, acabou-se a ilusão para nós. ”

A verdade é que o ocorrido, tendo sido mera coincidência ou não, teve seu limite, pois esse “rame-rame” provocado por Veneziano Vital vem desde o início do ano, quando o Senador deu uma entrevista ao jornalista Luís Torres, no Programa “Frente a Frente” na TV Arapuan. Na ocasião, Veneziano deixou bem claro que o seu novo partido (MDB) iria lutar por uma vaga na chapa do governador João Azevedo, pregando lealdade em eleições anteriores, onde o nome mais cotado seria o de sua esposa, a secretária Ana Cláudia.

Porém, depois da vitória de Cícero Lucena em João Pessoa, vendo que poderia haver uma aproximação do governador João Azevedo com Aguinaldo Ribeiro, um dos seus maiores rivais políticos em Campina Grande, Vené passou a se articular com diversas lideranças políticas, inclusive, fora do arco de alianças do governador, e sempre negando.

Vené conversou com o ex-senador Cássio Cunha Lima, mas em seguida negou; esteve com o ex-presidente Lula, mas disse que não tratou de política da Paraíba. Provocou um lançamento da candidatura ao senado de Efraim Morais, numa tentativa de “barrar” a aproximação de Aguinaldo Ribeiro com João Azevedo; e agora, no momento em que o Governo do Estado iria anunciar várias obras em Campina Grande, seu berço eleitoral, lugar onde foi prefeito por dois mandatos, prefere se ausentar e se justifica dizendo que estaria em uma missão na cidade de Imperatriz, já que está momentaneamente assumindo o cargo de presidente do Senado Federal.

Será que não teria sido mais importante para o senador Veneziano Vital tivesse agendado de vir para a sua cidade na condição de presidente do Senado, ao invés de ir para Imperatriz? Essa sua ausência dá margem para especulação a ponto de ter reações como a do deputado Tião Gomes que declarou à imprensa que “a retirada da secretária Ana Cláudia da cerimônia foi ensaiada por Veneziano” para causar uma cizânia e provocar um pretexto para rompimento político.

A verdade é que depois de todo esse comportamento dúbio, Veneziano não só tem trazido insegurança política à base do governo, mas também desconfiança por parte dos assessores de João Azevedo, e isso tem levado ao governador a fazer reflexões sobre abrir seu leque de conversas, inclusive antigos adversários, como é o caso do resignado ex-prefeito campinense Romero Rodrigues que, por sinal, carrega consigo um espólio político invejável no quesito aceitação popular em Campina Grande.

Diante de todos esses fatos, não restam dúvidas de que de agora em diante a tendência do governador é estreitar seus laços com Romero Rodrigues e, por conseguinte, um distanciamento com senador Veneziano, que aliás, perdeu muita musculatura política na Paraíba, e, diga-se de passagem, foi eleito senador da República graças ao prestígio do ex-governador Ricardo Coutinho em 2018, quando este abdicou da disputa para eleger Vené.

Por sinal, todas as movimentações realizadas pelo senador Veneziano foram repletas de tergiversações, sempre tentando subestimar a inteligência do cidadão paraibano, que muitas vezes sente dificuldade em interpretar suas falas recheadas de arrodeio.

Por fim, vemos cada vez mais nitidamente que a vaga para o senado na chapa de João Azevedo será mesmo de Aguinaldo Ribeiro que tem como padrinho nada mais, nada menos, que o prefeito pessoense Cícero Lucena, e se tiver Romero Rodrigues como vice, João Azevedo tem tudo para renovar seu mandato de governador; e, no primeiro turno.

Seria uma chapa muito forte. João Pessoa e Campina Grande unidas darão a vitória a João Azevedo novamente. Só nos resta esperar quando se dará o encontro do governador João Azevedo com o ex-prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues, isto de forma transparente, onde o paraibano sinta e analise a verdade do diálogo entre dois importantes homens públicos da Paraíba. As eleições de 2022 promete. Quem viver verá.

Fonte: Gildo Araújo
Créditos: Gildo Araújo