O nosso país se tornou um grande laboratório de experimentos jurídicos.
Só aqui o combate à corrupção se faz por meio do ataque e do aniquilamento dos capitalistas nacionais.
Aqui, uma simbiose perfeita entre acusador e magistrado afasta, sob aplausos, a necessária equidistância entre as partes do processo.
Lugar ideal para toda a sorte de exotismos, o Brasil de hoje está para o “novo direito”, assim como a África está para os novos medicamentos. Nele, sigilo é igual a vazamento, dignidade significa escárnio, prisão traz convencimento, mentira leva à liberdade e cidadania é crime.
O “novo Direito” promete transformar a nação na Casa (aquela da música de Vinícius de Moraes), à mercê do capitalismo internacional, que não é mais nobre do que o nosso, mas que é, no fim do dia e nas últimas instâncias, inatingível ao espetacular aparato de combate à corrupção que construímos para nós. Será que as nossas forças-tarefas acham que vão cumprir mandados de prisão em Wall Street, Frankfurt, Paris e Pequim?
Arriscamos os mais relevantes interesses brasileiros, o controle sobre as nossas riquezas naturais, a vida, a saúde e a felicidade de milhões de brasileiras e de brasileiros, a pujança de nossas empresas, a sua capacidade de financiamento e a sua autonomia, em prol de um combate inconsequente à corrupção. Ou seja, um combate à corrupção que, a despeito de necessário, não mede meios e consequências, não provê soluções de continuidade, não se ocupa dos efeitos colaterais adversos decorrentes de sua própria atuação. Não precisa ser assim! E não vale dizer que quem prende e acusa não tem que preservar. Os agentes de Estado são distintos, mas o Estado é o mesmo. Essa crise de múltiplas personalidades estatais arrisca arruinar o país.
Diante desse desastre, uma voz se ouve, em meio à intelligentsia amedrontada e os tarados do cadafalso, um discurso de autoridade se expressa para impedir uma goleada histórica contra os mais relevantes interesses brasileiros. É Gilmar!
Não se confundam. Não me refiro a Gylmar dos Santos Neves, o goleiro bicampeão mundial pela seleção canarinho, mas (ao aprender que é perigoso cuspir pra cima) à Sua Excelência, o ministro Gilmar Mendes.
Gilmar é um dos poucos que, por conta e risco (que não é pequeno), insurge-se contra o absurdo; sereno, legalista, corajoso. Trabalha, conservador como são os juristas, pela conservação do país, pela legalidade, pela reaproximação cidadã entre a classe política e a sociedade civil, pela estabilidade política e também pelo combate à corrupção.
É por isso que Gilmar, o famigerado Rasputin do golpe (como propuseram alguns), hoje, na falta de melhor guarda-meta, é o goleiro do Brasil.
Fonte: Brasil 247