Gervásio toma coragem de deixar o PMDB? - Por Laerte Cerqueira

Era um casamento que estava vivo apenas nas aparências. Era levado como um fardo necessário, até que se tornou insustentável. Amanhã, o deputado estadual Gervásio Maia, futuro presidente da Assembleia Legislativa, anuncia a sua saída do PMDB e adesão ao campo girassol. Pelo menos é o que se prevê. Não iria convocar uma coletiva de imprensa para dizer apenas que “fica”.

O plano de Gervásio se chocou com o interesse do principal líder do PMDB, o senador José Maranhão. E, enquanto vivo estiver, manda e “quem não aguentar que corra”. Esse parece ser o recado. Por isso, Gervasinho arruma as malas para se integrar de vez ao projeto do governador Ricardo Coutinho. E, por sua vez, refazer suas bases.

Tem bons motivos para isso. Primeiro, foi desmoralizado quando todos os seus colegas admitiram um acordo para que ele assumisse a presidência municipal e, mesmo assim, a palavra foi quebrada. O projeto do partido estava em rota de colisão com os objetivos de Maia. À época gritou, esperneou, ameaçou, mas não passou de “fogo de palha”. Em seguida, cambaleante do tombo, viu suas bases políticas sendo retaliadas. Voltou a “gritar”, mas não passou disso.

Gervasinho permaneceu para cumprir um objetivo: aproximar o PMDB do PSB. Acreditou nisso. Um pacote que incluía JP, CG e outras grandes cidades do Estado. Se sair, admite que fracassou no objetivo e que o PSB se arma para, realmente, enfrentar o PMDB. É um sinal de que os socialistas também não acreditam no recuo do senador José Maranhão, quando afirma, repetidamente, que Manoel Júnior será o candidato do PMDB nas eleições de JP. É sinal do rompimento da aliança. Aliás, Ricardo Coutinho só engole a “ousadia” do PMDB, se perceber que vai precisar dele no segundo turno.

A mudança de Gervasinho, aparentemente, é ótima para o governo. Vai ganhar mais um fiel presidente da Assembleia Legislativa até 2018. Ele também demonstra com a filiação que é de confiança e que está disposto a se entregar de cabeça ao projeto de Coutinho. Agora, resta saber: quem vai com ele? Há quem aposte no deputado estadual licenciado, Trócolli Júnior, secretário de Articulação Política. Talvez demore mais um pouco, mas pode ir próximo ao fim do prazo da janela da infidelidade, se tiver algumas garantias. Avalia o custo-benefício.

Maranhão já não demonstra “vontade” de ter Gervasinho no seu grupo. Já admitiu isso nos bastidores e, publicamente, já disse que não vai procurar o filiado para convencê-lo a mudar de ideia. E ao permitir esse afastamento natural, o senador também aponta para o caminho, o de independência do PSB. Afinal, Gervasinho era um elo forte entre as duas legendas.

A ponte

O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Adriano Galdino (PSB), está tentando ser a ponte entre os servidores estaduais, que acamparam na AL, e o governo Estado. Garantiu que vai conseguir marcar uma reunião para que seja discutida a MP242. A preocupação de Galdino era que AL parasse por causa da ocupação no plenário. Galdino só não vai conseguir ajudar os servidores no principal: a MP, que suspende reajuste de salários, gratificações e promoções, não será derrubada. Quando chegar ao plenário, passa.

Defesa
O deputado federal Manoel Jr. voltou a atuar na defesa do presidente da CF, Eduardo Cunha, no Conselho de Ética. Num bate-boca, chegou a chamar um colega petista de cínico.