O Gal. Villas Boas, no domingo, 11, admitiu à ‘Folha de São Paulo’ ter havido um momento em que quase perdeu o controle da situação no ambiente militar, com possível quebra da hierarquia de comando, e insurreição militar, às vésperas do julgamento do Habeas Corpus impetrado a favor de Lula, junto ao STF, em abril deste ano.
Disse Villas Boas: “Eu reconheço que houve um episódio em que nós estivemos realmente no limite, que foi aquele tuíte da véspera da votação no Supremo da questão do Lula. Ali, nós conscientemente trabalhamos sabendo que estávamos no limite. Mas sentimos que a coisa poderia fugir ao nosso controle se eu não me expressasse. Porque outras pessoas, militares da reserva e civis identificados conosco, estavam se pronunciando de maneira mais enfática (…)”.
O que Villas Boas não disse foi que este episódio, de quase não controlar mais a situação à frente do comando militar, foi que, de fato, de novo, tudo quase saiu do limite e do controle na madrugada de 06 para 07 de setembro deste ano.
Naquela madrugada alguns oficiais de alta patente, reunidos emergencialmente com o Gal. Villas Boas no Alto Comando das Forças Armadas, já haviam mobilizado e organizado as tropas para saírem e tomarem Brasília no dia da Independência, pois que o copo havia transbordado com o atentado a Bolsonaro, limitando-se eles a comunicarem a decisão ao Comandante Geral.
Este episódio, jamais desmentido, foi analisado por mim, neste espaço, no artigo: “O atentado e a baioneta”, de 04 de outubro.
Segui fonte militar respeitável à ocasião para escrever o que escrevi no início de outubro de 2018, a qual me relatou o áspero e acalorado diálogo, se é que se pode assim chamar a altercação que se desenrolou na reunião de altos oficiais da ativa presentes na sala de comando.
À ocasião ponderava-se que, independentemente do fato de Bolsonaro sobreviver ou não, em curso estava uma ampla manobra, dentro do STF para libertar Lula, e com isso, interferir no resultado eleitoral, ofuscando assim as atenções quanto ao atentado mal sucedido, escancarando as portas para o PT de Haddad ganhar as eleições, com Bolsonaro fora de combate.
Apoiado por oficiais moderados, o Gal. Villas Boas, para conter os ânimos acirradíssimos, não somente do pessoal da ativa, mas sobretudo do pessoal do Clube Militar, ou seja, do oficialato da reserva, que formou várias turmas acadêmicas militares, e que, por isso, tem eles grande ascensão sobre a tropa, encontrou a solução de colocar um general da reserva moderado, interlocutor, de grande prestígio entre os da ativa e da reserva, dia seguinte, no colo do então empossado presidente do STF, Dias Toffoli.
Toffoli, àquela altura, estava plenamente ciente que, caso houvesse resistência, ou até mesmo acusações públicas de ingerência militar no STF, ele e os colegas sairiam de seus cargos, e de lá, quiçá para onde, dia seguinte…
Dias Toffoli, cujo saber jurídico é inversamente proporcional à sua esperteza política, acolheu e nomeou de “bom grado” o Gal. Fernando Azevedo e Silva como seu “assessor especial”, e de quebra, ainda disse à imprensa e mídia que o 31 de março de 1964 havia sido tão somente um “movimento militar”, baixando bem o tom do petismo revanchista.
Um dos generais que seguraram no peito, com respeito, evidente, e muita lábia, os colegas já dispostos a subirem nos tanques à frente das tropas, foi o Gal. Heleno, que não somente apoiou a nomeação do Gal. Azevedo e Silva para “assessorar” o STF para os ministros e ministras não fazerem bobagens, precipitando assim a Intervenção Militar, bem como, uma vez ciente da possibilidade de Bolsonaro sair vivo e bem do atentado engendrado e executado pelas esquerdas, sobretudo de parte do PSOL de Boulos, ajudar a coordenar a campanha de Bolsonaro que, uma vez vitoriosa, propiciaria o rearranjo das nomeações militares para cargos estratégicos do novo Brasil, nos ministérios.
Assim, de não se surpreender que o moderado Gal. Augusto Heleno Ribeiro Pereira tenha preferido assumir o cargo de ministro da Segurança Nacional abrindo, de forma grata, a pasta da Defesa para o “assessor especial de Toffoli” no STF, Gal. Fernando Azevedo e Silva, o qual, ao que tudo indica, tem perfil semelhante, enquanto inteligência superior, a um Golbery do Couto e Silva, general, especialista em geopolítica e um dos principais teóricos da doutrina de segurança nacional na Escola Superior de Guerra, sendo ele um dos criadores do Serviço Nacional de Informações (SNI).
De fato, o Gal. Heleno viu longe, e enquanto ele abria caminho, de forma diplomática, à candidatura Bolsonaro, tanto fora (mídia), como dentro das Forças Armadas, costurando alianças sólidas com os oficiais, seus amigos de longa data, o Gal. Fernando Azevedo e Silva segurou o golpe urdido nos corredores e bastidores do STF, sempre determinado a manter a barafunda do “status quo ante”, pois que, pelo visto, se preparava para soltar Lula.
O que se avizinha para o STF, nestes dias, não é nada digno, pois que, após incitar o Senado Federal a votar o aumento dos 16% nos salários dos ministros, ora encontra resistência dos juízes em abrirem mão dos penduricalhos que agregam valores aos seus salários, praticamente dobrando-os, chagando ao Toffoli o recado que os juízes preferem ficar sem os 16%, a terem de abrir mão dos tantos “auxílios”, para não perderem dinheiro…
De fato, acredito que Toffoli não homologará a decisão do Senado quanto ao aumento dos vencimentos, por esta razão, e Temer, de certo, deverá bem pesar para não vetar totalmente a aprovação do aumento, até porque, pelo art. 21 da Lei de Responsabilidade Fiscal, não se pode majorar despesas para a União quando restarem 180 dias para a instalação de um novo governo
Como o aumento foi votado após este prazo, como tentativa dos senadores, especialmente do presidente do Senado, em agradar aos ministros, a mó de receberem tratamento diferenciado quando tiverem, por exemplo, de homologar as suas eventuais delações premiadas, ao que parece, também esta manobra, como gato na água, há de miar…
Fonte: Facebook
Créditos: Paulo Emendabili Souza Barros de Carvalhosa