“O País acima de tudo e Deus acima de Todos”! Esse foi o lema de campanha que levou mais que metade do eleitorado brasileiro a escolher o governo que ai está – cheio de tropeços, equívocos grosseiros e desentendimentos entre o capitão do navio e sua tripulação atabalhoada!
São tantos os escândalos que a essa altura a imprensa ávida por notícias acaba tendo que optar entre um e outro, escolhendo o mais recente! Só para ilustrar, parece que já esqueceram o envolvimento de Flávio Bolsonaro no escândalo em que o ex-motorista Fabrício Queiroz, apontado como laranja da família, movimentou mais do que o R$ 1,2 milhão até agora revelado. Segundo o jornalista Lauro Jardim, dados do Coaf mostraram uma movimentação muito maior, de R$ 7 milhões em três anos. A possibilidade do envolvimento da família com milicianos, dentre outras denúncia, estão também no pacote.
O rolo mais recente vem de arrasto no pomar mal cuidado em que o ex-coordenador de campanha, amigo e aliado, presidente do PSL e até a poucas horas atrás, ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gustavo Bebianno. Após ser desmentido em público, através das redes sociais pelo filho do presidente, Carlos Bolsonaro e reforçado pelo pai pelas mesmas redes, o ministro foi desmoralizado, apesar de manter-se firme em suas declarações. Mas essas informações todos já sabem e não cabe a mim repeti-las. Bebiano foi exonerado do cargo na noite desta sexta-feira, 15, mas pode tudo mudar na próxima segunda!
O que está em jogo aqui dentro desse enorme lamaçal não é demissão de ministro, apoio de parlamentares etc. O que causa espanto por parte da população brasileira – apoiadores ou não – é o fato do envolvimento administrativo de toda a família Bolsonaro em um governo onde deveria existir apenas um mandatário! Não se concebe os filhos do presidente da república se sentirem donos da cadeira maior e saírem por ai determinado o que fazer e não fazer minando todo um projeto – Bom ou danoso para o povo – numa situação jamais vista na história desse país!
Esse último episódio que derrubou o ministro Bebianno, escancara de vez o verdadeiro propósito da nova equipe: deixar o caminho livre para que os verdadeiros defensores da moral e dos bons costumes possam devorar nossa altivez, nossa vergonha, nossas conquistas, nossa soberania! Mas a incompetência administrativa fala mais alto.
Quando falo de incompetência me atenho principalmente as péssimas escolhas de membros da equipe de assessores do chamado primeiro escalão! Gostaria que fosse diferente, mas já podemos nominar aqui algumas figurinhas carimbadas que – de tanta sandice declarada – só tem rebaixado o Brasil aos olhos da comunidade internacional!
A começar pelo próprio ministro Bebianno que nos brinda com um laranjal escandaloso, onde segundo denúncias, dinheiro de verba pública acabou sendo usado pelo partido do presidente, o PSL, em nome de candidatos a deputados pelo Brasil – os chamados laranjas – quando o presidente do PSL era o próprio Bebianno. Com os escândalos e o dedo da família regendo tudo, a barragem de rejeitos começa a rachar em toda a sua estrutura para arrastar a todos e ao próprio governo!
Outra escolha desastrosa é a da ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, que nos ofende a cada declaração estapafúrdia (a última onde aconselha aos pais de meninas a fugirem do Brasil por conta da violência)!
Um ministro da Educação, importado da Colômbia, Ricardo Vélez Rodríguez, que em entrevista afirmou que o brasileiro é ladrão e se transforma em um “canibal” ao viajar e “rouba coisas dos hotéis, rouba o assento salva-vidas do avião; e acha que sai de casa e pode carregar tudo”.
Para nos envergonhar ainda mais, vem o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Sales, que desconhece totalmente quem é Chico Mendes e a sua importância em defesa da Amazônia e o Meio Ambiente! Segundo palavras do próprio ministro “que relevância tem Chico Mendes? ”. Eu cito aqui três dos nomes, mas outros ministros engrossam esse cordão que puxa cada vez mais para baixo o “Governo da Família”! Verdadeiras raposas vigiando o galinheiro!
Por fim, é esse governo que esperneia para aprovar projetos que poderão transformar definitivamente a vida dos cidadãos (lamentavelmente para pior) como a Reforma da Previdência e o da Segurança Pública – esse último que apresenta um sistema de segurança seletivo, arma o cidadão de melhor poder aquisitivo, que pode comprar uma arma e se preparar para atirar bem e cumpre outra promessa de campanha que é o de dar o aval para que policiais possam matar ou morrer sem precisar temer punição por parte do Estado! Nem bem foi apresentado o novo projeto do ex-juiz Moro – atendendo a uma determinação do seu chefe maior – e a matança já campeia. Claro que já se matava, mas agora pode tornar-se legal!
Moradores de uma comunidade pobre do Rio de Janeiro denunciam que um tiro saído de uma arma da polícia matou a menina Jeniffer, de 11 anos e um segurança de uma grande loja se sentiu no direito de dar uma gravata e matar um jovem de 25 anos, apesar do lamento e pedidos por parte de populares que, felizmente, filmaram a cena grotesca! Para provar que está liberado, o matador na alegação de legítima defesa, pagou fiança e responderá por crime culposo – quando não há intenção de matar – em liberdade! Ainda ontem, o cidadão armado se irritou com o trânsito engarrafado em João Pessoa, discutiu e acabou matando a tiros um taxista!
Algo parecido ocorreu em Campina Grande, quando após discussão por uma coleira para um cachorro, um homem assassinou a facadas o concorrente! Mas disse depois que estava arrependido! Basta pedir perdão, não é mesmo?
A verdade é que, a continuar assim, esse governo não irá muito longe sem piores desdobramentos. Ou o papai começa a colocar a sua prole para fora do palácio e passa a tomar suas próprias decisões – Rodrigo Maia, presidente da Câmara Federal chegou a desconfiar que o presidente poderia estar usando o próprio filho (Carlo Bolsonaro) para poder demitir o ministro – ou então os próprios aliados ditarão o que deve ser feito a partir daí!
Fonte: Francisco Airton
Créditos: Francisco Airton