O preço das carnes aperta no bolso dos brasileiros e desde 2019 a população não consegue mais encher o carrinho de compras. Alguns supermercados estão buscando alternativas para atrair os clientes, enquanto milhões de pessoas buscam alimentos no lixo e perambulam famintas pelas ruas do Brasil.
Brasil de miseráveis
Na semana passada, um grupo de pessoas procurou alimentos dentro de um caminhão de lixo que estava estacionado na porta de um supermercado na cidade de Fortaleza. A imagem foi compartilhada nas redes sociais.
Para a professora aposentada Germana Dias, 62 anos, o desespero das pessoas por comida é resultado da má gestão federal. “É muito triste vê uma semana como essa. É bem impactante. Essa situação é culpa do Bolsonaro que sempre mostrou que não estava preparado para ser líder de uma nação, não condiz com o cargo que ocupa, infelizmente, e quem sofre são os mais necessitados”, disse Germana.
Atualmente, o problema da fome afeta 19 milhões de brasileiros que acordam sem a certeza de que terão ao menos uma refeição para o dia. Dois anos atrás, eram 10 milhões. Com o crescimento da fome no país, houve registro de cenas como a ocorrida em Fortaleza. Segundo o Ministério da Cidadania, no Ceará, cerca de 1 milhão de pessoas vive na extrema pobreza, com renda mensal de até R$89.
Supermercados “buscam saídas”
Em Cuiabá, a distribuição de pedaços de ossos com retalhos de carne tem formado filas. O açougue, que distribui os ossos há dez anos, disse que isso acontecia antes apenas uma vez por semana e, agora, são três. A crise no Governo Bolsonaro se agravou com a pandemia e só fez a fila crescer. Pés de galinha também passaram a ser vendidos nos supermercados com preços que variam de R$ 6 a R$ 9,90, e muita gente está sendo obrigada a mudar seus hábitos por conta da crise.
A cozinheira Irene Costa, 46 anos, afirmou que aderiu de vez ao pé de frango, mas reclamou que está caro e pôs a culpa no governo federal. “Sempre gostei, mas agora virou a mistura possível, pois é o que dá para comprar. A carne bovina perdeu vez em casa. Primeiro é o frango, depois o porco. Dizem que pé de frango faz bem para os ossos, mas eu digo que faz bem para o bolso. Agora estão vendendo em embalagens de isopor e, quando você vai fazer a conta, o quilo sai a mais de R$10. É um retrato dessa gestão bolsonarista que não tem preparo para administrar, acaba sobrando para nós”, ressaltou a consumidora.
De acordo com o dono de um mercadinho de João Pessoa, Plínio Eustáquio, o consumo dos cortes mais baratos é um reflexo da crise econômica. “De uns tempos para cá, o consumidor passou a buscar mais o frango. Aquele que comprava carne bovina de primeira está levando o filé de peito, mas a maioria vai de pé de frango ou moela, que são carnes mais baratas”, explicou.
De volta aos anos 90
O texto do jornalista Alan Alex (Revista Painel Político) explica o cenário de crise atual. “Os brasileiros se veem obrigados a mudarem seus hábitos alimentares, retornando aos magros anos 90. No governo de Fernando Henrique Cardoso ele se gabava do fato da população estar ‘comendo frango’. Com a chegada de Lula ao poder, a mesa ficou farta. A carne vermelha passou a integrar o cardápio, assim como legumes e outros produtos que na era FHC apenas a classe média alta tinha acesso. Desde 2015, com a saída de Dilma Rousseff da presidência após o golpe aplicado por Eduardo Cunha e Michel Temer, as coisas foram só piorando, e agora, em pleno 2021, o novo cardápio é ainda mais magro”.
E continua, “o atual governo não tem um projeto econômico definido, índices de desemprego recorde, debatendo privatizações e dolarizou o preço dos combustíveis para atender o mercado. Se na década em que o país era administrado por Lula e Dilma a indústria automotiva quebrava recordes de produção e vendas, atualmente a procura por motonetas e motocicletas de baixo custo disparou, com gasolina sendo vendida até a R$ 6 o litro”, destacou.
Governo Bolsonaro
O presidente do Brasil voltou a jogar a culpa da crise econômica nas medidas restritivas adotadas por governadores e prefeitos para conter a pandemia de coronavírus. Ele negou novamente que tenha culpa pela crise do país. “Vou cumprir meu mandato sem problema nenhum, fazer o que é possível. Muitos de vocês apoiaram ficar em casa, agora a conta chegou. E não chegou toda a conta, ainda, vai chegar mais. Combustível, energia elétrica, alimentação. Agora, a pior coisa que tem é desesperar, é achar uma pessoa responsável por seu insucesso. Responsável é quem adotou essa política”, disse.
A declaração sobre a economia brasileira vem em um momento de alta no preço dos combustíveis, da energia e dos alimentos. Como líder do Brasil, Bolsonaro rejeita a responsabilidade pelos problemas que assolam o país e voltou a comparar a situação brasileira à de outras nações. “Eu sei que vocês moram no Brasil, mas analisem o que está acontecendo nos Estados Unidos, na Europa, no mundo todo”, afirmou.
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba